Lição 9 - 28/02/10

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EM BREVE DIAS ESTAREMOS DISPONIBILIZANDO UMA
EXAUSTIVA BIOGRAFIA DO APÓSTOLO PAULO 


O PRINCÍPIO BÍBLICO DA GENEROSIDADE
Lição – 09 (CPAD)
28 de fevereiro de 2010
1° trimestre



Caro professor de EBD.
Se sua Igreja adota as revistas da CPAD, desejamos que o conteúdo disponibilizado neste blog, possa auxiliá-lo no preparo de sua aula.
É um blog recém-criado, e que gradativamente, seu conteúdo será enriquecido, para que possa tornar-se uma ferramenta poderosa de auxílio aos professores de Escolas Bíblias Dominicais ou Sabatinais.
Em mais de trinta anos participando ativamente em todas as esferas da EBD, pude observar que noventa e cinco por cento dos professores tinham dificuldades no preparo de suas aulas por não disporem de conteúdos paralelos de pesquisa, tais como: Dicionários, Enciclopédias, Bíblias Comentadas, livros de Comentários Bíblicos, livros de Teologia Sistemática ou mesmo livros que comentam o texto bíblico com base nos princípios hermenêuticos e exegéticos.
O professor de EBD deve, em uma atitude ativa, dinâmica e progressiva, desenvolver o hábito de leitura. E isso não restringe somente a leitura da Bíblia. Um bom professor de EBD deve, gradativamente, ir compondo sua biblioteca com os tipos de livros citados acima, bem como, livros nas áreas de: liderança, comportamento, relacionamentos, literatura romanesca (nacionais e estrangeiras), psicologia, ciência, história e geografia.
Nenhum professor deve exigir, de si mesmo, o domínio total nessas áreas do conhecimento. Basta tão somente conhecê-las, e isso, só se consegue por meio de leitura. Pois quando somadas ao conhecimento provindo do estuda da Bíblia, o Espírito Santo, proporcionará aos seus alunos uma aula enriquecedora, que irá ajudá-los nas transformações do cotidiano de suas vidas.
Nossa intenção não é preparar um modelo ou modelos de aula para serem usados, nem tão pouco, produzir o desenvolvimento do conteúdo da lição tópico por tópico, como são apresentados em todos os blogs e sites que intencionam ajudar o professor de EBD.
Nosso propósito maior é disponibilizar partes de textos, devidamente identificada sua autoria, para que o professor, com base nesses conteúdos, que talvez não tenha acesso por não possuir tais livros, possa, ele mesmo, preparar sua aula. Nosso blog se tornará a maior biblioteca virtual de pesquisa para lições da EBD. Com essa iniciativa estamos dando início a um trabalho pioneiro nessa área.
O professor verá, que ao final de um ano, após ter adotado a EBD WEB MASTER como ferramenta principal de auxílio no preparo de suas aulas, o quanto foi útil no crescimento pessoal, de sua classe, e por extensão, também de sua Igreja.
Esse blog crescerá de forma contínua, porém gradativa. Nosso objetivo maior é poder, o mais que possível, disponibilizar artigos que sirvam de auxílio ao professor.
Escreva para nós. Envie sugestões, comentários e críticas. Estamos aberto ao diálogo.

Ore e divulgue essa iniciativa.

KEMUEL CARVALHO
Professor de EBD



SEÇÃO I

Nessa Seção, para uma melhor compreensão do texto bíblico, e para elucidação de possíveis dificuldades, que por ventura, o professor venha a encontrar no campo semântico ou lingüístico do texto bíblico encontrado na LEITURA BÍBLICA, apresentaremos o mesmo texto, nas quatro versões mais usadas no meio cristão, que são: Versão Revista e Corrigida (RC), Versão Revista e Atualizada (RA), Versão Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH) e a Nova Versão Internacional (NVI).
O professor verá o quanto a leitura paralela desses textos irá proporcionar uma melhor compreensão do que esta sendo comentado nos tópicos da lição.



LEITURA BÍBLICA
2ª Co 8.1-5; 9.6,7,10,11


Versão Revista e Corrigida – RC
(Capítulo 8)
1.    Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
2.    como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade.
3.    Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente,
4.    pedindo-nos com muitos rogos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos.
5.    E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus;
(Capítulo 9)
6.    E digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará.
7.    Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
10. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia e pão para comer também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça;
11. para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus.


Versão Revista e Atualizada – RA
(Capítulo 8)
1.    Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia;
2.    porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.
3.    Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários,
4.    pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos.
5.    E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus;
(Capítulo 9)
6.    E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
7.    Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.
10.  Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça,
11.  enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus.


Nova Versão Internacional – NVI
(Capítulo 8)
1.    Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia.
2.    No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade.
3.    Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria
4.    eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos.
5.    E não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus.
(Capítulo 9)
6.    Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente.
7.    Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.
10.  Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come, também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça.
11.  Vocês serão enriquecidos de todas as formas, para que possam ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a sua generosidade resulte em ação de graças a Deus.


Versão Linguagem de Hoje – BLH
(Capítulo 8)
1.    Irmãos e irmãs, queremos que vocês saibam o que a graça de Deus tem feito nas igrejas da província da Macedônia.
2.    Os irmãos dali têm sido muito provados pelas aflições por que têm passado. Mas a alegria deles foi tanta, que, embora sendo muito pobres, eles deram ofertas com grande generosidade.
3.    Afirmo a vocês que eles fizeram tudo o que podiam e mais ainda. E, com toda a boa vontade,
4.    pediram com insistência que os deixássemos participar da ajuda para o povo de Deus da Judéia e eles insistiram nisso.
5.    E fizeram muito mais do que esperávamos. Primeiro, eles deram a si mesmos ao Senhor e depois, pela vontade de Deus, eles se deram a nós também.
 (Capítulo 9)
6.    Lembrem disto: Quem planta pouco colhe pouco; quem planta muito colhe muito.
7.    Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.
10.  E Deus, que dá a semente para semear e o pão para comer, também dará a vocês todas as sementes que vocês precisam. Ele as fará crescer e dar uma grande colheita, como resultado da generosidade de vocês.
11.  Ele fará com que vocês sejam sempre ricos para que possam dar com generosidade. E assim muitos agradecerão a Deus a oferta que vocês estão mandando por meio de nós.



SEÇÃO II

Nessa Seção, apresentamos alguns comentários extraídos de Bíblias Comentadas. Muitas vezes, os comentários podem não seguirem a mesma linha de raciocínio, isso porque, dentro da visão geral teológica da interpretação aceitável para o texto, estão as marcas dogmáticas e religiosas seguidas por cada comentarista.
E isso é bom para o professor de EBD, pois ele passar a tomar conhecimento de possíveis interpretações dadas para um mesmo texto. Cabe ao professor, apresentá-las, se necessário, porém, posicionando-se por aquela que ele considera mais próxima da linha dogmática seguida por sua Igreja.



COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL

8.1-9.15 ÀS IGREJAS DA MACEDÔNIA
Estes dois capítulos contêm instruções sobre a oferta para os crentes pobres de Jerusalém. As palavras de Paulo abar­cam o ensino mais completo do NT sobre a contribui­ção financeira cristã. Os princípios, aqui, definidos são ensinos para os crentes e para as igrejas de todos os tem­pos.  
8.2 RIQUEZAS DA SUA GENEROSIDADE
Os princípios e as promessas da contribuição cristã conti­dos nesses dois capítulos são os seguintes:
(1) Pertencemos a Deus; aquilo que possuímos está confiado às nossas mãos pelo Senhor (v. 5).
(2) Devemos tomar a decisão firme, em nosso coração, de que serviremos a Deus, e não ao dinheiro (v.5; Mt 6.24).
(3) A contribuição é feita para ajudar os necessitados (v. 14; 9.12; Pv 19.17; Gl 2.10; ver abaixo o estudo O CUIDADO DOS POBRES E NECESSITADOS, para promover o reino de Deus (1 Co 9.14; Fp 4.15-18), para acumular tesouros no céu (Mt 6.20; Lc 6.32­-35) e para aprendermos a temer ao Senhor (Dt 14.22,23).
(4) A contribuição deve ser em proporção ao que ga­nhamos (vv. 3,12; 1 Co 16.2).
(5) A contribuição é considerada uma prova do nosso amor cristão (v.24) e deve ser realizada de modo sacrificial (v.3) e voluntária (9.7).
(6) Ao contribuirmos com nossas ofertas para Deus, semeamos não somente dinheiro, mas também fé, tem­po, serviço, e, assim, colhemos mais fé e outras bên­çãos (v.5; 9.6, 10-12).
(7) Quando Deus nos dá em abundância, é para que multipliquemos as nossas boas obras (9.8; Ef 4.28).
(8) Quando contribuímos, isso aumenta a nossa dedi­cação a Deus (Mt 6.21) e propicia suas bênçãos sobre nossos assuntos financeiros (Lc 6.38). Para mais explo­ração sobre contribuição financeira, ver abaixo o estudo DIZIMOS E OFERTAS.
8.9 JESUS CRISTO... SE FEZ POBRE
Dar, de modo sacrificial, fez parte essencial da natureza e do caráter de Jesus Cristo aqui no mundo. Porque Ele se fez pobre, nós, agora, participamos das suas riquezas eternas. Deus quer uma atitude idêntica entre os cren­tes, como evidência da sua graça operando em nosso ser. Todos os dons da graça e da salvação, o reino do céu e, até mesmo, o vitupério por causa de Cristo são as riquezas eternas que recebemos em lugar dos trapos da nossa iniqüidade (Lc 12.15; Ef 1.3; Fp 4.11-13,18,19; Hb 11.26; Ap 3.17).
9.6 POUCO... CEIFARÁ
O cristão pode contribuir generosamente, ou com avareza. Deus o recompensará de acordo com o que ele lhe dá (Mt 7.1,2). Para Paulo, a contribuição não é uma perda, mas uma forma de eco­nomizar; ela trará benefícios substanciais para quem contribui (ver 8.2). Paulo não fala pri­meiramente da quantidade ofertada, mas da qualidade dos desejos e dos motivos do nosso coração ao ofertarmos. A viúva pobre deu urna oferta pequena, mas Deus a considerou urna quantia grande por causa da proporção da dádiva e pela dedicação total que ela re­velou ter (ver Lc 21.1-4; cf. Pv 11.24,25; 19.17; Mt 10.41,42; Lc 6.38).
9.8 ABUNDAR EM VÓS TODA GRAÇA
O crente que contribui com o que pode, para ajudar os necessita­dos, verá que a graça de Deus suprirá o suficiente para suas próprias necessidades, e até mais, a fim de que possa ser fecundo em toda boa obra (cf. Ef 4.28).
9.11 EM TUDO ENRIQUEÇAIS
Para que a genero­sidade seja manifesta exteriormente, o coração deve an­tes estar enriquecido de amor e compaixão sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos e daquilo que te­mos, resulta em: (1) suprir as necessidades dos nossos irmãos mais pobres; (2) louvor e ações de graças a Deus (v.12) e (3) amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda (v. 14).


Abaixo encontra-se a transcrição, na íntegra, dos estudos citados acima, apresentados na Bíblia de Estudo Pentecostal.


O CUIDADO DOS POBRES E NECESSITADOS

"Porque sei que são muitas as vossas trans­gressões e enormes os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta. Por­tanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tem­po, porque o tempo será mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis." (Am 5.12-14)

Neste mundo, onde há tanto ricos quanto pobres, freqüentemente os que têm abastança material tiram proveito dos que nada têm, explorando-os para que os seus lucros aumentem continuamente (ver Sl 10.2,9, 10; ls 3.14,15; Jr 2.34; Am 2.6,7; 5.12,13; Tg 2.6). A Bíblia tem muito a dizer a respeito de como os crentes devem tratar os pobres e necessitados.

O ZELO DE DEUS PELOS POBRES E NECESSITADOS
Deus tem expressado de várias maneiras seu grande zelo pelos pobres, necessitados e oprimidos.
(1) O Senhor Deus é o seu defensor. Ele mesmo revela ser deles o refúgio (Sl 14.6; Is 25.4), o socorro (Sl 40.17; 70.5; ls 41.14), o libertador (1 Sm 2.8; SI 12.5; 34.6; 113.7; 35.10; cf. Lc 1.52,53) e provedor (cf. Sl 10.14; 68.10; 132.15).
(2) Ao revelar a sua Lei aos israelitas, mostrou-lhes também várias maneiras de se eliminar a pobreza do meio do povo (ver Dt 15.7-11). Declarou-lhes, em seguida, o seu alvo global: "Somente para que entre ti não haja pobre; pois o SENHOR abundantemente te abençoará na terra que o SENHOR, teu Deus, te dará por herança, para a possuíres" (Dt 15.4).
Por isso Deus, na sua Lei, proíbe a cobrança de juros nos empréstimos aos pobres (Êx 22.25; Lv 25.35,36). Se o pobre entregasse algo como "penhor", ou garantia pelo empréstimo, o credor era obrigado a devolver-lhe o penhor (uma capa ou algo assim) antes do pôr-do-sol. Se o pobre era contratado a prestar serviços ao rico, este era obrigado a pagar-lhe diariamente, para que ele pudesse comprar alimentos a si mesmo e à sua família (Dt 24.14,15). Durante a estação da colheita, os grãos que caíssem deviam ser deixados no chão para que os pobres os recolhessem (Lv 19.10; Dt 24.19-21); e mais: os cantos das searas de trigo, especificamente, deviam ser deixados aos pobres (Lv 19.9).
Notável era o mandamento divino de se cancelar, a cada sete anos, todas as dívidas dos pobres (Dt 15.1-6). Além disso, o homem de posses não podia recusar-se a emprestar algo ao necessitado, simplesmente por estar próximo o sétimo ano (Dt 15.7-11). Deus, além de prover o ano para o cancelamento das dívidas, proveu ainda o ano para a devolução de propriedades - o Ano do Jubileu, que ocorria a cada cinqüenta anos. Todas as terras que tivessem mudado de dono desde o Ano do Jubileu anterior teriam de ser devolvidas à família originária (ver Lv 25.8-55). E, mais importante de tudo: a justiça haveria de ser imparcial. Nem os ricos nem os pobres poderiam receber qualquer favoritismo (Êx 23.2,3,6; Dt 1.17; cf. Pv 31.9). Desta maneira, Deus impedia que os pobres fossem explorados pelos ricos, e garantia um tratamento justo aos necessitados (ver Dt 24.14).
(3) Infelizmente, os israelitas nem sempre observavam tais leis. Muitos ricos tiravam vantagens dos pobres, aumentando-lhes a desgraça. Em conseqüência de tais ações, o Senhor proferiu, através dos profetas, palavras severas de juízo contra os ricos (ver Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14).

A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NEOTESTAMENTÁRIO DIANTE DOS POBRES E NECESSITADOS
No NT, Deus também ordena a seu povo que evidencie profunda solicitude pelos pobres e necessitados, especialmente pelos domésticos na fé.
(1) Boa parte do ministério de Jesus foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas, ninguém mais se importava a não ser Jesus (cf. Lc 4.18,19; 21.1-4; Lc 17.11-19; Jo 4.1-42; Mt 8.2-4; Lc 17.11­19; Lc 7.11-15; 20.45-47). Ele condenava duramente os que se apegavam às possessões terrenas, e desconsideravam os pobres (Mc 10.17-25; Lc 6.24,25; 12.16-20; 16.13-15,19-31.
(2) Jesus espera que seu povo contribua generosamente com os necessitados (ver Mt 6.1-4). Ele próprio praticava o que ensinava, pois levava uma bolsa da qual tirava dinheiro para dar aos pobres (ver Jo 12.5,6; 13.29). Em mais de uma ocasião, ensinou aos que o queriam seguir a se importarem com os marginalizados econômica e socialmente (Mt 19.21; Lc 12.33; 14.12­14,16-24; 18.22). As contribuições não eram consideradas opcionais. Uma das exigências de Cristo para se entrar no seu reino eterno é mostrar-se generoso para com os irmãos e irmãs que passam fome e sede, e acham-se nus (Mt 25.31-46).
(3) O apóstolo Paulo e a igreja primitiva demonstravam igualmente profunda solicitude pelos necessitados. Bem cedo, Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judéia (At 11.28-30). Quando o concílio reuniu-se em Jerusalém, os anciãos recusaram-se a declarar a circuncisão como necessária à salvação, mas sugeriram a Paulo e aos seus companheiros "que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência" (Gl 2.10). Um dos alvos de sua terceira viagem missionária foi coletar dinheiro "para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém" (Rm 15.26). Ensinava as igrejas na Galácia e em Corinto a contribuir para esta causa (1 Co 16.1-4). Como a igreja em Corinto não contribuísse conforme se esperava, o apóstolo exortou demoradamente aos seus membros a respeito da ajuda aos pobres e necessitados (2 Co 8;9). Elogiou as igrejas na Macedônia por lhe terem rogado urgentemente que lhes deixasse participar da coleta (2 Co 8.1-4; 9.2). Paulo tinha em grande estima o ato de contribuir. Na epístola aos Romanos, ele arrola, como dom do Espírito Santo, a capacidade de se contribuir com generosidade às necessidades da obra de Deus e de seu povo (ver Rm 12.8; ver 1 Tm 6.17-19).
(4) Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo. Jesus equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40,45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). Quando o crescimento da igreja tornou impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do Espírito Santo, para executar a tarefa (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente qual deve ser o princípio da comunidade cristã: "Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" (Gl 6.10). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2 Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14).
Resumindo, a Bíblia não nos oferece outra alternativa senão tomarmos consciência das necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmãos em Cristo.


DÍZIMOS E OFERTAS

"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois faze i prova de mim, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança." (Mt 3.10)

DEFINIÇÃO DE DÍZIMOS E OFERTAS
A palavra hebraica para "dízimo" (ma'aser) significa literalmente "a décima parte".
(1) Na Lei de Deus, os israelitas tinham a obrigação de entregar a décima parte das crias dos animais domésticos, dos produtos da terra e de outras rendas como reconhecimento e gratidão pelas bênçãos divinas (ver Lv 27.30-32; Nm 18.21,26; Dt 14.22-29; ver Lv 27.30). O dízimo era usado primariamente para cobrir as despesas do culto e o sustento dos sacerdotes. Deus considerava o seu povo responsável pelo manejo dos recursos que Ele lhes dera na terra prometida (cf. Mt 25.15; Lc 19.13).
(2) No âmago do dízimo, achava-se a idéia de que Deus é o dono de tudo (Ex 19.5; Sl 24.1; 50.10-12; Ag 2.8). Os seres humanos foram criados por Ele, e a Ele devem o fôlego de vida (Gn 1.26,27; At 17.28). Sendo assim, ninguém possui nada que não haja recebido originalmente do Senhor (Jó 1.21; Jo 3.27; 1 Co 4.7). Nas leis sobre o dízimo, Deus estava simplesmente ordenando que os seus lhe devolvessem parte daquilo que Ele já lhes tinha dado.
(3) Além dos dízimos, os israelitas eram instruídos a trazer numerosas oferendas ao Senhor, principalmente na forma de sacrifícios. Levítico descreve várias oferendas rituais: o holocausto (Lv 1; 6.8-13), a oferta de manjares (Lv 2; 6.14-23), a oferta pacífica (Lv 3; 7.11-21), a oferta pelo pecado (Lv 4.1-5.13; 6.24-30), e a oferta pela culpa (Lv 5.14-6.7; 7.1-10).
(4) Além das ofertas prescritas, os israelitas podiam apresentar outras ofertas voluntárias ao Senhor. Algumas destas eram repetidas em tempos determinados (ver Lv 22.18-23; Nm 15.3; Dt 12.6,17), ao passo que outras eram ocasionais. Quando, por exemplo, os israelitas empreenderam a construção do Tabernáculo no monte Sinai, trouxeram liberalmente suas oferendas para a fabricação da tenda e de seus móveis (ver Êx 35.20-29). Ficaram tão entusiasmados com o empreendimento, que Moisés teve de ordenar-lhes que cessassem as oferendas (Êx 36.3-7). Nos tempos de Joás, o sumo sacerdote Joiada fez um cofre para os israelitas lançarem as ofertas voluntárias a fim de custear os consertos do templo, e todos contribuíram com generosidade (2 Rs 12.9,10). Semelhantemente, nos tempos de Ezequias, o povo contribuiu generosamente às obras da reconstrução do templo (2 Cr 31.5-19).
(5) Houve ocasiões na história do AT em que o povo de Deus reteve egoisticamente o dinheiro, não repassando os dízimos e ofertas regulares ao Senhor. Durante a reconstrução do segundo templo, os judeus pareciam mais interessados na construção de suas propriedades, por causa dos lucros imediatos que lhes trariam, do que nos reparos da Casa de Deus que se achava em ruínas. Por causa disto, alertou-lhes Ageu, muitos deles estavam sofrendo reveses financeiros (Ag 1.3-6). Coisa semelhante acontecia nos tempos do profeta Malaquias e, mais uma vez, Deus castigou seu povo por se recusar a trazer-lhe o dízimo (Ml 3.9-12).

A ADMINISTRAÇÃO DO NOSSO DINHEIRO
Os exemplos dos dízimos e ofertas no AT contêm princípios importantes a respeito da mordomia do dinheiro, que são válidos para os crentes do NT.
(1) Devemos lembrar-nos que tudo quanto possuímos pertence a Deus, de modo que aquilo que temos não é nosso: é algo que nos confiou aos cuidados. Não temos nenhum domínio sobre as nossas posses.
(2) Devemos decidir, pois, de todo o coração, servir a Deus, e não ao dinheiro (Mt 6.19-24; 2 Co 8.5). A Bíblia deixa claro que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5).
(3) Nossas contribuições devem ser para a promoção do reino de Deus, especialmente para a obra da igreja local e a disseminação do evangelho pelo mundo (1 Co 9.4-14; Fp 4.15-18; 1 Tm 5.17,18), para ajudar aos necessitados (Pv 19.17; Gl 2.10; 2 Co 8.14; 9.2), para acumular tesouros no céu (Mt 6.20; Lc 6.32-35) e para aprender a temer ao Senhor (Dt 14.22,23).
(4) Nossas contribuições devem ser proporcionais à nossa renda. No AT, o dízimo era calculado em uma décima parte. Dar menos que isto era desobediência a Deus. Aliás, equivalia a roubá-lo (Ml 3.8-10). Semelhantemente, o NT requer que as nossas contribuições sejam proporcionais àquilo que Deus nos tem dado (1 Co 16.2; 2 Co 8.3,12; ver 2 Co 8.2).
(5) Nossas contribuições devem ser voluntárias e generosas, pois assim é ensinado tanto no AT (ver Êx 25.1,2; 2 Cr 24.8-11) quanto no NT (ver 2 Co 8.1-5,11,12). Não devemos hesitar em contribuir de modo sacrificial (2 Co 8:3), pois foi com tal espírito que o Senhor Jesus entregou-se por nós (ver 2 Co 8.9). Para Deus, o sacrifício envolvido é muito mais importante do que o valor monetário da dádiva (ver Lc 21.1-4).
(6) Nossas contribuições devem ser dadas com alegria (2 Co 9.7). Tanto o exemplo dos israelitas no AT (Êx 35.21-29; 2 Cr 24.10) quanto o dos cristãos macedônios do NT (2 Co 8.1-5) servem-­nos de modelos.
(7) Deus tem prometido recompensar-nos de conformidade com o que lhe temos dado (ver Dt 15.4; Ml 3.10-12; Mt 19.21; 1 Tm 6.19; ver 2 Co 9.6).


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA

CAPÍTULO 8
8.1-9.15
Esta seção diz respeito à coleta de dinheiro para os crentes pobres de Jerusalém (cf. At 19.21-22; Rm 15,25-28; 1Co 16.1-41,
8.1 a graça.
Contribuir com dinheiro para ajudar outros crentes em necessida­de era resultado da graça divina. Deus proveu tanto os recursos como a disposi­ção de serem usados esses recursos.
às igrejas da Macedônia.
 Isto é, Filipos, Tessalônica e Beréia.
8.3
Paulo conta à comparativamente rica igreja de Corinto a generosidade das igrejas empobrecidas da Macedônia, mais ao norte.
8.5 E não somente.
Eles fizeram muito mais do que os líderes cristãos espera­vam.
8.5 deram-se a si mesmos.
Eles dedicaram suas vidas ao serviço do Senhor e, en­tão, a Paulo, como seu servo.
8.7 em tudo, manifestais superabundância.
Apesar de suas dificuldades, a igreja em Corinto era uma igreja forte em muitos sentidos. Eles eram possuidores de muitos dons espirituais (1 Co 12-14), vários dos quais são alistados aqui.
8.8 Não vos falo na forma de mandamento.
Paulo queria que as contribui­ções fossem dadas voluntariamente. De modo geral, embora Paulo tivesse gran­de autoridade, ele preferia pedir do que ordenar (Fm 14), um bom padrão para aqueles que estão revestidos de autoridade (Mt 20.25-26).
8.9 sendo rico.
Na glória e na honra que ele possuía eternamente, no céu.  
8.9 se fez pobre.
O Filho de Deus abdicou de sua glória celestial e veio à terra viver como um homem, a fim de sofrer e morrer. Os crentes coríntios, à semelhança de Cristo, deveriam entregar-se pelo bem de outras pessoas. Ver "A Humilde Obediência de Cristo", em Jo 5.19.
8.10
Aqueles crentes tinham começado a contribuir, em harmonia com as instruções de Paulo, em 1Co 16.1-3. 
8.11
Como em todos os aspectos da vida cristã, assim se dá com as contribuições. Bons motivos não são suficientes, mas devem levar às boas ações, em consonância com nossas habilidades.                     
8.12
Conforme nos ensina a oferta da viúva pobre, em Mc 12.41-44, a disposição para doar com generosidade é agradável a Deus, embora a dádiva possa ser pequena, por ser pobre o doador.                         
8.12 não segundo o que ele não tem.
Essa é uma advertência contra dar ou prometer dar uma quantia que você realmente não tem, na esperança de que Deus recompense. Fazer isso força uma prova sobre Deus (Lc 4.12). As pessoas deveriam doar conforme Deus as faz prosperar (1 Co 16.2). Ainda assim, a mais comum consiste em deixar de doar, imediata e generosamente, quando Deus aumenta os rendimentos pecuniários.      
8.14 haja igualdade.
Não que Paulo quisesse que todos os crentes tivessem iguais possessões ou iguais rendimentos, mas o que ele desejava é que houvesse uma justa distribuição de encargos. A palavra aqui traduzida por "igualdade" também poderia ser traduzida por "justiça" (Cl 4.11). Paulo requeria eqüidade, e não uma estrita igualdade. 
8.15
Quando os israelitas recolhiam maná no deserto. aqueles que recolhiam mais compartilhavam com os que tinham menos, e aqui, no tocante a dinheiro, os ricos deveriam compartilhar com os necessitados.
8.17
Paulo está enviando Tito de volta a Corinto, antes dele mesmo ir.
8.18 o irmão.
Nenhum nome pessoal é aqui fornecido, mas Lucas tem sido a sugestão mais freqüente.
8.19 foi também eleito pelas igrejas.
Havia algum papel congregacional na seleção de representantes que acompanhassem Paulo.
8.19 para a glória do próprio Senhor.
Doar dinheiro e administrá-lo não é algo mundano ou sem espiritualidade, mas algo que honra o Senhor.
8.20-21
Paulo jamais gastaria inutilmente qualquer parte da dádiva enviada a Jerusalém. Mas insistiu que representantes de confiança, de várias igrejas, o acompanhassem (ver At 204), para que se evitasse até a suspeita de desonestidade. Quanto a esta passagem, Calvino comentou que "coisa alguma, com maior certeza, convida ataques caluniosos do que estar manuseando dinheiro público". Outrossim, os representantes agiriam como uma espécie de guarda-costas para alguém que transportava tantos valores.
8.22 nosso irmão.
Não foi identificado.

CAPÍTULO 9
9.2 a Acaia.
A parte sul da Grécia, onde Corinto ficava localizada.
9.5 e preparassem de antemão a vossa dádiva.
Paulo quer preservar o motivo de doações voluntárias e generosas, e a quantia real que ele levaria a Jerusalém era de importância secundária.
9.6 semeia... ceifará.
Uma metáfora baseada na vida agrícola - o agricultor que planta muito semeia uma grande ceifa, mas uma plantação pequena produz uma colheita pequena. Essa promessa também diz uma verdade dentro do terreno espiritual. Aqueles que derem generosamente colherão do reino com abundância. Aquilo que é doado nunca se perde; é semeado. Embora Deus, às vezes, proveja uma colheita generosa no terreno físico e material àqueles que contribuem, esse não é o padrão e nem é a promessa do Novo Testamento (8.9; 11.27; Lc 6.20-21,24-25; Tg 2.5).
9.7 Deus ama a quem dá com alegria.
Nossas ofertas podem e devem ser feitas com alegria.
9.14
Por meio de tais doações, as necessidades são satisfeitas e Deus é alvo de nossos agradecimentos. As orações dos recebedores pelos doadores constituem não pequena recompensa.
9.15
Nossas doações são apenas uma pequena imitação da própria excelente generosidade de Deus para conosco, especialmente no caso do "dom indescritível" de seu Filho (Jo 3.16).


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA VIDA NOVA

CAPÍTULO 8
8 e 9
Os capítulos 8 e 9 apresentam os conceitos inspirados de Paulo quanto à mordomia.
8.1 Graça de DeUs.
A contribuição para o sustento e avanço da obra do Senhor ou para o socorro dos irmãos tem a sua motivação na graça de Deus. É a mesma graça que levou o Senhor a se encarar e a morrer (9).
8.2
As circunstancias envolvidas na pobreza ou na abundancia não têm nada a ver com a liberalidade. Os macedônios deram voluntariamente com alegria (3) ainda que eles mesmos estivessem passando pela prova da pobreza.
8.2 Generosidade.
(gr haplotētos), “singe­leza”. Em Rm 12:8, descreve a maneira que se deve dar: “sem calcular”, livre de motivos egoístas.
8.3 Acima.
Deram mais do que podiam. Pediam dinheiro emprestado de fora para aumentar a oferta de socorro aos crentes da Judéia.
8.4 Pedindo-nos.
Quando a graça de Deus atua profundamente no coração, não é necessário que o crente seja pressionado a dar liberalmente.
8.5 PrImeiro.
Antes da obrigação de amor que provoca ofertas materiais, temos a responsabilidade de dedicar-nos pessoalmente ao Senhor.
8.5 Depois a nós.
Os crentes também se ofereceram ao Apóstolo para viajar com ele e participar da sua obra missionária desde que fosse da vontade do Senhor. As pessoas são mais importantes do que o dinheiro.
8.7 fé.
Em 1 Co 12:8,9, “fé”, “palavra” e “conhecimento” aparecem na lista dos dons do Espírito. Dar com alegria é dom também (Rm 12:8).
8.8 Mandamento.
A contribuição não deve ser imposta ou exigida. Deve surgir voluntariamente dum coração cheio de amor a Deus e ao próximo, cumprindo assim o primeiro e o segundo mandamentos (Mc 12:33).
8.9 Nota de homilética – A oferta de Cristo.
1) Sua origem: graça de Deus (Hb 2:9; Jo 3: 16);
2) Sua qualidade: um esvaziamento da riqueza infinita (Jo 11:5) para a pobreza completa (Fp 2:8);
3) Sua motivação: “por amor de vós” (9) e do mundo inteiro;
4) Seu fim: a troca da nossa miséria total por sua riqueza celestial (Rm 8:17).
8.11 Completai.
Evidentemente os coríntios marcaram um alvo para a coleta somando as quantias que os membros sentiram que Deus queria que ofertassem. Mas ainda não tinham levado a cabo as boas intenções.
8.12 boa vontade.
É tão importante para Deus como a própria oferta
8.14
Os coríntios tinham mais abundância que os macedônios. Paulo lembra que no futuro os crentes judeus (os destinatários da coleta) poderão suprir alguma necessidade dos coríntios (cf Rm 15.27).
8.14 Igualdade.
Não necessariamente em quantidade de posses, mas que todos os crentes devem ficar igualmente livres da miséria e fome.
8.16,17
O amor profundo de Tito para com os coríntios juntou-se com o apelo de Paulo. Desse modo, ele partiu voluntariamente.
8.18 O irmão.
Não é possível determinar quem acompanhou Tito.
8.20
A conveniência de ter irmãos eleitos pelas igrejas (19) para serem responsáveis pela segurança da coleta é óbvio; especialmente em face das acusações contra a honestidade de Paulo.
8.20 Evitando.
(Gr stellomenoi). É uma metáfora naval. Muda-se a direção das velas para escapar-se do inimigo. É a maneira de proceder honestamente diante os homens (21).
8.20 generosa dádiva.
(Gr hadrotēs). Só e usada aqui no N.T. Indica que Paulo espera uma oferta significativa.
8.22 nosso irmão.
Desconhecido como aquele do v 18. Alguns peritos sugerem que foi Tíquico (At 20:4; Ef 6:21; Cl 4:7).
8.23 Mensageiros.
(Gr apostolos). Não no sentido técnico do N.T. (cf Fp 2:25). Poucos irmãos são escolhidos como apóstolos de suas igrejas, mas todo crente pode refletir a glória de Crist (3: 18).

CAPÍTULO 9
9.1
Desde que Paulo acaba de abordar o assunto da contribuição no cap. 8, alguns acham que o cap. 9 seria uma exortação separada dirigida a todas as igrejas da Acaia (2). Corinto era a principal.
9.3 Enviei.
Aoristo epistolar. Melhor tradução: _estou enviando •..
9.3 Não de avareza.
O ensino neotestamentário sobre a contribuição salienta os seguintes princípios:
a) Voluntariedade (At 5:4; 2 Co 8: 11) e alegria (7);
b) Destina-se principalmente aos irmãos na fé (Gl 6:10); É uma obrigação moral e sua falta mostra ausência do amor de Deus (1 Jo 3: 11; Tg 2: 15,16).
c) A sua finalidade é o afastamento dos crentes da miséria (8:14) e a criação neles do espírito de gratidão (9:12);
d) A responsabilidade de contribuir pertence aos membros do Corpo de Cristo (Mt 25:34-46);
e) Os pobres não têm direito sobre os bens dos ricos, evitando, assim, a necessidade de trabalhar (2 Ts 3:10). Tanto o egoísmo como a ociosidade são condenados sem exceção.
9.6
A lei da devolução opera tão certamente no mundo espiritual e moral como no mundo físico (Lc 6:38).
9.8 Nota de homilética
A suficiência da Graça divina:
1) Toca em todas as áreas da vida (em tudo).
2) Opera em toda hora da vida (sempre).
3) Destina-se a toda boa obra na vida (Ef 2:10), Suficiência (gr autarkeia). Esta palavra favorita dos estóicos designava o homem completamente satisfeito com o mínimo das cousas materiais (cf Fp 4:11). Tal homem contente seria também generoso
9.10
Como todo capitalista espera seu lucro, aquele que dá aos filhos de Deus necessitados terá o lucro duplo do v. 11.
9.13.14 – Nota de Homilética
Três benefícios através das ofertas:
1) Beneficia a nós os ofertantes – confirma nossa confissão do evangelho.
2) Beneficia aqueles que recebem a oferta – produz oração e amor naqueles que recebem em favor dos que dão (14).
3) Suscita glória e graça a Deus (13).
9.15.
A salvação em Cristo é o dom inefável e motivação perfeita para incentivar todo e qualquer sacrifício.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE JERUSALÉM

CAPÍTULO 8
A respeito desta coleta, particularmente cara a Pau­lo, cf. 1Cor 16,1+.
8.2 pobreza extrema.
Paulo exorta os coríntios à generosidade, explanan­do temas que lhe são caros: a pobreza, fonte de enri­quecimento para os outros (7,2 e 6,10), o exemplo de Cristo (8,9+; cf. 1,7+), O dom de Deus (8,1), que sus­cita o dom dos cristãos (8,5; cf. 9,8s).
8.7 caridade que vos inspiramos.
Var.: "caridade para conosco que nos une a vós".
8.9 generosidade.
Ou ainda: "a graça".
8.9 pobreza.
Cristo na terra despojou-se voluntariamente da sua glória e dos seus privilégios divinos; quis compartilhar nossos sofrimentos, nossa morte (cf. Fl 2,7+), para nos enriquecer de privilégios aos quais ele renunciara. O mesmo tema ocorre em Fl 2,6-11, com ênfase na glo­rificação final de Cristo pelo Pai, ao passo que em 2Cor 8,9 o acento é colocado sobre a obra salvífica de Cris­to. - Note-se a motivação do comportamento dos cris­tãos a partir do exemplo de Cristo – o que é caracte­rístico da moral paulina (Rm 14,8; Ef 5,1; 5,25; Fl 2,5; cf. 2Ts 3,7+).
8.14 sobeja.
Paulo só pede aos coríntios o supérfluo, ao passo que os cristãos da Macedônia, em sua “pobreza extre­ma”, haviam dado "além dos seus meios" (vv, 2-3; cf. Mc 12,41-44). – Apresentando-lhes o exemplo de Cristo (v. 9), Paulo convida-os discretamente a imitar a generosidade de seus irmãos macedônios.
8.14 supérfluo.
Seja em bens materiais, dado que as situações se in­vertem, seja, antes, em bens espirituais, desde o mo­mento presente (cf. 9,14; Rm 15,27).
8.18 o irmão.
Talvez Lucas.
8.19 Nossas boas intenções.
Outras traduções: "... da nossa própria satisfa­ção", ou: "como prova de nossa boa vontade".
8.22 Nosso irmão.
Esse irmão não nos é conhecido.
8.23 Enviados
Grego: apóstolos, apóstolo (cf. Rm 1,1+). São a "glória de Cristo", pois a manifestam pela sua ação (v. 19), suscitando entre os cristãos um comportamen­to análogo ao seu (v. 9).
9.1
Não obstante, Paulo acaba de falar dele longamen­te. Por isto, pode-se ver no capo 9 um bilhete para as Igrejas da Acaia, mais tarde justaposto às instruções que Paulo enviara à Igreja de Corinto sobre o mesmo assunto (cap. 8).
9.14 ternura
Paulo põe em prática o que ele ensina em 1Co 13,5, pois alguns membros da comunidade de Jerusalém lhe haviam causado dificuldades (Gl 2,4s).Pela coleta, o Apóstolo quer desarmar essas hostilidades, mostrando a deferência e o sustento levados pelas Igrejas de origem pagã à Igreja-mãe, que lhes comunicou seus bens espirituais (Rm 15,27)
9.15
A Redenção.



SEÇÃO III

Nessa Seção, apresentamos alguns comentários bíblicos extraídos de Enciclopédias de Comentários Bíblicos e Livros especializados nas áreas de hermenêutica e exegese bíblica.
A leitura do conteúdo aqui apresentado proporcionará ao professor de EBD, a imersão na riqueza dos conhecimentos apresentados por seus autores, quando trata do contexto do texto, ou das especificidades de uma expressão ou palavra.



COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA


A COLETA PARA OS POBRES DA JUDÉIA 8:1-9:15

a) Tito tomará providências sobre a coleta (8:1-15)
O trecho que agora consideramos é de grande interesse, embora o assunto, sen­do uma «coleta especial», possa parecer de importância passageira. O interesse, no entanto, jaz no fato de o apóstolo exor­tar os irmãos da Acaia a que juntem suas ofertas às dos irmãos da Macedô­nia, a fim de suprirem as necessidades materiais dos crentes pobres de Jerusa­lém. Assim aprendemos da Escritura que temos obrigações para com nossos irmãos mais pobres; e que o cumprimento dessas obrigações pode ter rica significação es­piritual.
8.2 muita prova de tribulação e profunda pobreza.
As circunstâncias na Macedônia, quan­do esta coleta foi levantada, não eram de prosperidade. Os irmãos ali estavam sofrendo grandes necessidades.
8.3 acima de suas posses.
Quando contribuíram liberal­mente e, com efeito.
8.4 Companheirismo.
Eles ficaram ansiosos por fazer chegar essas ofertas ao seu destino por mãos de Paulo e seus companheiros, con­siderando essa dádiva aos santos de Je­rusalém como expressão de companheiris­mo e assistência.
8.6 Tito.
Foi Tito quem empreendeu coleta idêntica entre os coríntios. O apóstolo exorta-os a que mostrem o mesmo zelo neste assunto prá­tico, cristão, assim como se mostravam zelosos na fé, na palavra, no saber e em todo o cuidado (7), matérias estas de ca­ráter mais «espiritual». É claro que ele considerava a plena vida cristã abrangen­do ambas estas atividades.
8.8 a sinceridade do vosso amor.
Admite, en­tretanto, no verso 8, que lhe falta autori­dade para exigir deles a coleta; apenas lhes dá oportunidade de provar, como ele diz, a sinceridade do vosso amor (8).
8.9
O verso 9 resume admiravelmente todo o pro­pósito da encarnação. A posição de gló­ria que Cristo desfrutava com o Pai foi por Ele sacrificada, a fim de nos auxiliar, Cfr. Fil. 2:6,7. Assim, devemos sacrificar alguma coisa para ajudar a outros, Ve­ja-se também 1 Ped. 2:20,21, onde a vida e a morte de nosso Senhor nos são apresentadas como exemplo.
8.10 Desde o ano passado.
Uma referência de data que ajuda a colocar a redação desta epís­tola em determinado tempo. Evidente­mente por essa época os coríntios haviam empreendido fazer essa coleta; agora Paulo incita-os a levá-la a cabo. Talvez se detenha algo neste assunto para levá-­los a ocupar-se de um assunto prático, como antídoto seguro das suas querelas em torno de assuntos que agora devem esquecer.
8.12 Boa vontade.
Confira o elo­gio de nosso Senhor à viúva que «de sua pobreza» deu uma quantia assaz peque­na (Mar. 12:41-44). Ninguém pode dar o que não possui. Nosso Senhor atenta pa­ra o espírito em que a dádiva é feita.
8.13 alI­viados... sobrecarregados.
Outros não devem ser indevidamente aliviados, e vós sobrecarregados (13). Outra ocasião pode surgir em que as posições se invertam.
8.14 igualdade.
Note-se também que deve haver uma igualdade, no sentido de que nin­guém deve ser sobrecarregado na contri­buição, não havendo da parte de quem a recebe uma necessidade correspondente.
8.15 O que muito colheu.
É uma citação livre de Êx. 16:18.

b) Arranjos feitos para o levanta­mento da coleta (8:16-9:5)
Este passo mostra a capacidade de or­ganização de Paulo e quanto conhecia a natureza humana. Tito é um dos que to­marão providências para o levantamento da coleta.
8.18 Outro irmão.
Outro irmão o ajudará, e talvez ainda outro ou dois mais (ver 9:5). O «irmão» mencionado no verso 18 não sabemos quem era, mas evidentemente era bem conhecido dos coríntios, porque o seu louvor no evangelho estava espalhado por todas as igrejas (18). Além do que, fora eleito pelas igrejas para viajar com Paulo (19). Podíamos pensar em Barnabé ou João Marcos; a qualquer dos dois convi­riam essas palavras. Outros têm sugeri­do Lucas e Apolo.
8.19 Nossa boa vontade.
Os verso 20 e 21 mostram o desejo de Paulo de que o destino de cada centavo seja bem conhecido.
8.22 Nosso Irmão.
É outro cristão desconhecido. Usando de um pouco de liberdade, podemos pensar que esse irmão era um «contador» cristão, cujo entusiasmo aumentaria em face da boa vontade dos coríntios, visto como à profissão de contabilista aliava o seu dom de evangelista.
8.23 Tito... mensageiros das igrejas.
De Tito se certifica que era emissário pessoal de Paulo, não na cate­goria de servo seu, mas evidentemente dedicado ao grande apóstolo, a quem com alegria ajudava; «verdadeiro filho, segun­do a fé comum», é como Paulo o chama em Tito 1:4. A palavra grega «mensagei­ros» é «apóstolos». Seu emprego aqui em sentido geral parece indicar que esse ter­mo não tinha ainda adquirido o sentido especifico que hoje lhe damos. Eram ho­mens designados por conselhos de igrejas locais, enviados para levar saudações e instruções a outras igrejas, ou evangeli­zar novas áreas. Eram «viajantes em prol de Cristo».
O apóstolo evidentemente tem falado aos cristãos macedônios do zelo dos coríntios a respeito da coleta; mas, conhe­cendo a fraqueza da natureza humana, e talvez temendo as conseqüências das disputas que haviam surgido, toma a pre­caução de enviar na frente esse grupo de mensageiros; de modo que, quando vier, acompanhado talvez de alguns macedô­nios, a coleta esteja pronta, e correspon­da à expectativa.
9.5 Não de avareza.
O apóstolo esforçou-se por erguer o ato da contribuição a um alto nível espiritual.

c) Princípios da contribuição cristã (9:6-15)
Prossegue o apóstolo referindo o espí­rito com que os crentes devem contribuir para socorrer os outros em suas necessi­dades, e como o recebimento, com grati­dão, dessas dádivas deve levar seus bene­ficiários a orar em favor dos ofertantes. Assim, estabelece-se uma bênção recíproca, e o apóstolo glorifica a Deus ao con­templar este resultado abençoado.
9.6 Aquele que semeia pouco.
É uma li­ção que a natureza nos ensina, aplicada à vida espiritual. Se a semente é semeada com parcimônia, a safra será escassa. Assim, se nos retraímos, ou se relutamos em nosso serviço cristão, a colheita será diminuta. O verso 7 dá-nos o espírito desse serviço.
9.7 A quem dá com alegria.
O grego tem «hilaridade». Sugere um espírito de real prazer, que faz a pessoa não caber em si.
9.8 Deus pode (é poderoso).
O homem não dá do que é propria­mente seu, e sim daquilo que Deus lhe tem dado. A Bíblia lembra-nos isto em muitas passagens - «Das tuas mãos to damos» (1 Cr 29:14).
9.9
No verso 9, o apóstolo cita o Sal 112:9. Este Salmo descreve o gênero de vida de um homem justo. Será rico em sua casa, e dará a outros. Não temerá noticias más porque seu coração está firme em Deus. Em ou­tras palavras, a Bíblia ensina que o ho­mem de Deus não sofrerá necessidade, mas terá de fato o suficiente para dar a ou­tros.
9.10 Dará pão.
A ARA (versão Almeida Revista Atualizada) dá o sentido com maior clareza: «Aquele que dá se­mente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira, e multiplicará os frutos da vossa justiça».
9.12 Redunda em muitas gra­ças a Deus.
Deus organizou a vida humana por tal forma, que o nosso servi­ço pelos outros redunda em bênção para nós e contribui para a glória de Deus, que é o Criador de todas as coisas.
9.13 Obediên­cia da vossa confissão quanto ao evan­gelho de Cristo.
Os santos, que vão receber a dádiva, dar-lhe-ão tanto melhor acolhida por proceder ela da aceitação do evangelho pelos coríntios.
9.14 Oram eles a vosso favor.
Um elo de amor é for­jado por essas dádivas.
9.15 Graças a Deus.
A contemplação de todos estes re­sultados leva o apóstolo a regozijar-se, em espírito, com a operação de Deus no co­ração humano.
9.15 Seu dom inefável.
Cfr. 8:9. O apóstolo é levado naturalmen­te a pensar na generosidade divina para com os homens, dando-lhes Cristo pensa­mento este que nunca encontra palavras adequadas que o expressem.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA EXPLICADA


Capítulo 8
8.1-6 Ainda a contribuição.
Encontramos agora o apóstolo muito empe­nhado na contribuição para os crentes em Jerusalém. Cita o exemplo das igrejas da Macedônia a fim de estimular os coríntios. Vemos que tribulação e pobreza nem sempre impedem a liberalidade. Em todo caso, parece-nos estranho que os crentes da Macedônia, em estado de «profunda pobreza», fossem convidados a mandar uma esmola aos crentes necessitados da igreja-mãe em Jerusalém. Felizmente não se nos diz que seja um exemplo a ser imitado em todos os tempos.
«Uma das mais importantes graças da vida cristã é a da contribuição. O crente que ainda não aprendeu a dar alegremente (9:7), liberalmente (v.2 e Rom 12:8), o que pode (v.3), e sabiamente (v.14), ainda não começou a reconhecer seus privilégios e responsabilidades.» (Goodman)
8.7-15 A exortação.
Sobre a contribuição para qualquer obra de Deus, aprendemos:
(a) que o crente deve «abundar» nessa graça;
(b) que a sua contribuição prova a sinceridade do seu amor;
(c) que o exemplo do Senhor Jesus Cristo é a sua inspiração;
(d) que a boa vontade pouco valor tem sem o cumprimento;
(e) que ninguém precisa pensar em dar o que não tem;
(f) que a contribuição pode ser, às vezes, recíproca.
8.16-24 Os mensageiros.
Alguns característicos de Tito e seu companheiro podem instruir-nos nas qualidades próprias para os portadores de contribuições dos crentes:
(a) solicitude (16);
(b) diligência (17);
(c) boa reputação (18);
(d) aprovação da igreja (19);
(e) cooperação no trabalho do Evangelho (22).

Capitulo 9
9.1-15 Continua o assunto da contribuição.
É claro que, embora se trate aqui de assunto particular e local, podemos aprender lições sobre diversos casos de contribuição para o serviço de Deus. Além de socorrer os crentes pobres, em Jerusalém ou em outros lugares, podemos contribuir para casas de oração, viagens de evangelização, publicação de Bíblias e tratados, socorro aos vizinhos, necessitados, etc. Vemos, na maneira pela qual Paulo tratou do caso, energia, prontidão, prudência, simpatia e amor aos irmãos que careciam de recursos.
Podemos ligar 1 João 3;17 com este trecho.
9.6-13
Paulo agora contempla de modo mais amplo todo o assunto da contribuição, ligando tudo a Deus e à abundância da Sua graça.
Wilfrid Isaacs traduz os vs. 5-7 assim, livremente: «Julguei necessário solicitar o serviço desses irmãos, para que vos visitassem bem cedo, e combi­nassem que a beneficência de que vós haveis dado aviso fosse pronta para remessa imediata, pronta com a prontidão daqueles que não pensam senão em conferir benefício, e não com a hesitação daqueles que calculam as probabili­dades de lucro mediante o gasto feito. Contudo, se quereis considerar o resul­tado, não vos esqueçais do ditado: «Aquele que semeia com escassez, ceifará com escassez; e quem semeia generosamente terá uma ceifa abundante». Ao mesmo tempo, preocupação com os resultados tende a um acanhamento espiri­tual do qual não desejo que sejais vitimas. Desejo ver cada um livre para fazer sua própria escolha - uma escolha determinada pelo impulso espontâneo do seu próprio coração. Deve dar porque tem prazer em dar, pois somente quem dá com prazer satisfaz o amor de Deus.»
O capítulo que tanto ensina sobre contribuição, termina muito bem com uma alusão à maior de todas as dádivas. A palavra «inefável» significa «que não se pode expressar por palavras».


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO COMENTÁRIO BÍBLICO BROADMAN


A Coleta Para Jerusalém (8:1-9:15)
Ao escrever aos Gálatas, Paulo falou da compreensão mútua a que chegaram Tiago, Pedro e João, por um lado, e ele mesmo e Barnabé, por outro. Os apósto­los de Jerusalém reconheceram que Paulo e Barnabé haviam sido enviados pelo Senhor aos gentios, como eles mes­mos haviam sido enviados aos judeus. Fizeram-lhes, porém, um pedido: que, em sua ministração aos gentios, "Se lem­brassem dos pobres". Ao relembrar isto, Paulo acrescentou: "o que também pro­curei fazer com diligência" (veja Gál. 2:6-10). Os "pobres", sem dúvida, eram os cristãos pobres da Palestina, nota­velmente de Jerusalém. Paulo estava ansioso por desincumbir-se desse pedido, por razões óbvias. A necessidade em Jerusalém era constante, e, sem dúvida, era dever dos cristãos de outras regiões aliviá-la.
Além disso, havia uma suspeita inevi­tável, da parte dos cristãos judeus da Palestina, contra os cristãos gentios de outras terras, porque estes não obser­vavam a lei (coisa muito difícil de aceitar, para um cristão judeu). Especialmente, as suspeitas eram dirigidas contra Paulo, devido ao fato de ele encorajar esse esta­do indesejável de coisas, e, ainda mais, era espalhado, em Jerusalém, o boato de que ele tentara persuadir cristãos judeus a abandonar a lei (At. 21:21 e ss.).
A idéia de uma coleta dos cristãos gentios para os cristãos judeus da Pales­tina fora aproveitada por Paulo. Ela aju­dou a fazer os cristãos gentios se lembra­rem do débito que tinham para com os cristãos judeus, e a vivificar a sua preo­cupação para com eles; ela demonstrava aos cristãos judeus o amor dos cristãos gentios por eles; e mostrava, à igreja palestina, a lealdade de Paulo para com eles e a sua afeição por eles.
Tem sido suscitada a interrogação: Por que havia tantos cristãos pobres em Jerusalém? Desde Agostinho, tem sido comum afirmar que isso foi devido ao compartilhamento de bens praticado pelos primeiros cristãos logo depois do Pentecostes, motivado pela expectativa de um rápido fim do mundo, de que tem sido extraído a lição de que os crentes não devem ser tão néscios. Esta explica­ção é duvidosa. O compartilhamento de bens nunca foi completo, e foi inteira­mente voluntário (o pecado de Ananias e Safira não foi reter parte do dinheiro, mas mentir ao Espírito Santo, Atos 5:3 e s.).
É mais coerente lembrar que Jerusa­lém era um centro de peregrinação reli­giosa. Como outras cidades semelhantes, ela atraía muitos pobres (como Meca e muitas cidades da Índia). Por esta razão, os judeus da dispersão ou Diáspora re­gularmente enviavam donativos a Jerusa­lém, para ajudar os pobres. Muitos desses indigentes deviam ter-se convertido ao evangelho, e desde o princípio os cristãos deviam ter consciência dos seus deveres para com eles. As dificuldades dessas pessoas devem ter-se agravado quando as autoridades judaicas se tornaram hostis para com a igreja em Jerusalém, pois cortaram toda a assistência às pessoas que se juntavam aos seguidores do cru­cificado Messias Jesus. Portanto, o pro­blema se tornou ainda mais premente, com o passar dos anos. Por esta razão, Paulo recebeu a incumbência de "se lembrar dos pobres", e a sua coleta foi mais do que bem-vinda em Jerusalém.
É evidente que Paulo já tentara per­suadir os coríntios a fazer a sua parte, nessa coleta (I Cor. 16:1). As relações tensas entre ele e eles havia feito com que o assunto fosse negligenciado; mas agora que a sua restauração fora efetuada, Paulo retoma o assunto mais uma vez, e procura encorajá-los a completar o pro­jeto que haviam começado anterior­mente.

1. Exemplos de Contribuição Generosa (8:1-9)
Nada inspira tanto a empreendimentos bons como o bom exemplo. Por isso, Paulo começa o seu apelo aos coríntios para fazerem uma boa oferta, citando um notável exemplo de contribuição sacrificial. As igrejas da Macedônia são as localizadas na província romana desse nome, inclusive Filipos, Tessalônica e Beréia. Essas igrejas manifestaram aber­tamente a graça de Deus em matéria de contribuição. Uma característica que Denney chamou a atenção é, aqui, digna de nota: nem uma vez, em suas exortações, Paulo usa a palavra "dinhei­ro". Ele emprega uma porção de termos: graça (como aqui), serviço, uma comu­nhão em serviço (koinonia), uma gene­rosidade ou liberalidade, uma bênção, esmolas, ofertas (= sacrifício). Não que Paulo considerasse o dinheiro mau; pelo contrário, demonstra que o seu uso faz parte da contribuição do crente em prol do evangelho.
A liberalidade dos cristãos macedônios era um produto da graça. No verso 2, Paulo se refere a muita prova de tribu­lação. Desde o início, os cristãos mace­dônios haviam experimentado persegui­ções (veja At. 16-17; Fil. 1:29; 1 Tess. 2:13 e ss.), e elas acarretavam a des­truição de propriedade e o saque de riquezas. Portanto, o pouco que essas pessoas tinham havia-se tornado quase nada, e a sua situação era desesperadora. Mas a graça triunfa sobre tais circuns­tâncias. Se experimentavam profunda pobreza, também sabiam o que era abundância do seu gozo; eles deram vo­luntariamente segundo as suas posses e até mesmo acima das suas posses. Que exemplo para os coríntios, em sua rela­tiva riqueza, sua isenção das persegui­ções e sua tristeza, que se revelava nas querelas entre eles! Paulo hesitara em pedir aos cristãos macedônios para parti­ciparem da coleta, mas eles, de fato, pediram encarecidamente o privilégio de participarem dela. E o fizeram porque tinham as prioridades corretas: primei­ramente... se deram ao Senhor, e se deram a Paulo e a seus companheiros, para realizar qualquer serviço que deles requeressem.
Em face desse exemplo, Paulo reco­mendou que Tito completasse esta graça, que havia começado entre eles anterior­mente, mas que havia sido negligencia­da, por causa das dissensões que tiveram lugar. Os coríntios abundam em tudo. Paulo fala isto com toda a sinceridade. Anteriormente, ele já lhes havia dito que nenhum dom espiritual lhes faltava (1 Cor. 1:7). Mas os dons espirituais são literalmente "dons de graça" (charis­mata).
Vede que também nesta graça abun­deis sugere que a graça de Deus estava disponível a eles, para atos generosos entre os homens, bem como para ativi­dade religiosa em suas reuniões, mas ela requeria uma atitude mais positiva da parte deles. Os coríntios deviam fazer com que o seu amor para com Paulo e Tito se estendesse até os necessitados ­na Palestina e em outros lugares. Ao dizer isto, Paulo não dá nenhuma ordem, como quem manda, mas pede que o zelo de outros (os cristãos macedônios) inspi­rasse os coríntios a demonstrar que o seu amor, assim como o dos macedônios, era genuíno.
Há ainda outro grande motivo para dar, maior ainda do que o exemplo dos macedônios ou a exortação de Paulo. É a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Gra­ça é o amor que se dobra para salvar quem não merece, e, na pobreza de Jesus, ele é demonstrado para perfeição. Pois, ele era rico - de maneira incom­preensível em sua vida com o Pai (Fil. 2:6), como mediador e sustentador de toda a criação (I Cor. 8: 6; Col. 1: 15-17). Ele se fez pobre simplesmente ao se tornar homem, pois a diferença entre a vida divina e a existência humana é infinita.
O crente não pode se esquecer que es­pécie de homem se tornou o Filho de Deus. O hino de Filipenses 2:6 e ss. o ex­pressa vivamente: "Subsistindo em forma de Deus ... tomando a forma de servo ... humilhou-se ... tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz." A humilha­ção do trono de Deus para a morte é empobrecimento além de qualquer com­paração. E isso aconteceu por amor de vós. Nenhuma dedução imediata é tirada desta declaração. Nem há necessidade. Pois todo homem que entender esta ver­dade e entrar na vida de Deus através dela será agradecido. Onde a gratidão se funde com a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, ela produz uma disposição para atos graciosos semelhantes, isto é, de se tornar pobre para tornar os outros ricos.

2. Plano Para a Coleta (8:10-24)
Paulo se refreara de dar ordens aos coríntios a respeito da coleta, pois um crente não precisa de incentivo maior, para fazer uma contribuição generosa, do que o exemplo de Cristo. No entanto, até os crentes precisam de idéias quanto à maneira como expressarem as suas boas intenções; por isso agora Paulo aconselha.
O primeiro tópico que ele aborda é uma recordação cuidadosa da inutilidade das boas intenções que não se expressem em atos correspondentes. No ano passa­do os coríntios haviam tido o desejo de participar da coleta. Haviam dado início a esse projeto, mas haviam parado. Paulo recomenda que a prontidão no querer seja igualada pelo cumprir, pois uma vontade que não pode levar a atos é a antítese da vida guiada pelo Espírito. Mas o bom senso também tem lugar aqui. A medida de se dar é segundo o que alguém tem; não se espera que alguém dê o que não tem. Foi baseado neste parâmetro que Jesus louvou a viúva que dera tudo o que tinha (Mar. 12:43 e s.); e também, devido a esta regra, muitos de nós permanecemos condenados, por causa do que retemos depois de termos contribuído.
Por outro lado, não é lógico um grupo ser drenado de recursos para facilitar as coisas para outros; a palavra-chave aqui é igualdade. Os crentes que têm mais devem dar para os que têm menos. Pode chegar uma época em que as posições serão invertidas, e os doadores se torna­rão receptores. A maneira pela qual Deus agiu para com Israel, no deserto, ilustra este princípio: quando estavam juntando o maná, aqueles que juntaram muito não deviam conservar mais do que a sua ração, enquanto aqueles que junta­ram menos tiveram a sua quantidade completada (Êx. 16:16 e ss.). Este pro­cedimento foi ordenado. Os membros do novo Israel deviam pô-lo em prática voluntariamente, baseados no amor mútuo.
Não somente Paulo, mas Tito também fora inspirado, pelo Espírito de Deus, para manifestar solicitude para corri os coríntios. Por sua própria vontade, ele concordou prontamente com a sugestão de Paulo para que fosse a Corinto e ajudasse a igreja, ali, a organizar a cole­ta. Observe que, segundo este aspecto, a organização da oferta para Jerusalém se originara do fato de ele ser sobremodo zeloso pelos coríntios: era para o bem deles! Os crentes que não são generosos são almas raquíticas, e nem Paulo nem Tito podiam imaginar que os seus amigos coríntios fossem dessa forma.
E juntamente com ele enviamos o ir­mão cujo louvor no evangelho se tem espalhado por todas as igrejas. Quem era ele? Não sabemos dizer. Lucas, Barnabé, Timóteo, Silas, Marcos, Erasto, e inú­meros outros amigos de Paulo têm sido sugeridos. O nome de Lucas é particular­mente adequado aqui, pois, em Atos 20:4, nenhum representante de Filipos é mencionado entre os mensageiros que levantaram a coleta para Jerusalém, enquanto o versícu10 seguinte usa o pro­nome "nós", dando a entender a presen­ça de Lucas entre eles. No que concerne a esta passagem, todavia, esta identifica­ção permanece no campo das conjec­turas. De maior importância é a consi­deração de que Tito não iria sozinho; o fato de Jesus ter enviado os discípulos, em sua missão, de dois em dois (Mar. 6:7; Luc. 10:1) e a sua promessa de estar presente onde dois ou três se reunissem em seu nome (Mat. 18:19) causara uma profunda impressão na igreja. O compa­nheirismo, na obra do evangelho, é de primordial importância, e o testemunho do evangelho é fortalecido.
O irmão incógnito é indicado não ape­nas por Paulo, mas também pelas igrejas. Ele devia viajar com Paulo e os outros mensageiros até Jerusalém. Indubitavel­mente, Paulo pretendia que a igreja em Jerusalém visse, nesses homens, exemplos dos grandes homens de Deus que havia entre as igrejas gentílicas. A sua chegada a Jerusalém seria para glória do Senhor, visto que os homens louvariam a Deus devido a eles, e para provar a nossa boa vontade, visto que os homens compre­enderiam que Paulo empreendera essa grande tarefa movido por interesse ge­nuíno por eles.
Ainda mais, evitando que alguém nos censure com referência a esta abundân­cia. Ê notório como as dificuldades po­dem facilmente surgir a respeito de as­suntos financeiros. Se Paulo tivesse leva­do sozinho a oferta das igrejas gentílicas, interrogações poderiam ser levantadas, tanto em Jerusalém como entre as pró­prias igrejas gentílicas, quanto à possi­bilidade de Paulo ter retido parte do dinheiro. Sendo o dinheiro levado por um grupo de homens acima de qualquer suspeita e autorizados pelas igrejas, ne­nhuma suspeita semelhante poderia ser aventada.
No entanto, outro irmão incógnito é mencionado, no verso 22, o qual muitas vezes e em muitas coisas já experimenta­mos ser zeloso, e por isso podia-se confiar que também o seria nesta empreitada. E, se alguém fizesse perguntas a respeito de Tito e seus companheiros, Paulo tinha uma resposta pronta: Tito... é meu com­panheiro e cooperador para convosco; e os irmãos são mensageiros das igrejas. Como se sabe muito bem, o termo mensageiros era a palavra costumeira para designar "apóstolos", e apóstolo sig­nifica "alguém enviado". A condição de um apóstolo depende inteiramente de quem o enviou, e com que objetivo. Os apóstolos de Cristo tinham uma posição única, devido à sua associação pessoal com o Senhor, e porque haviam sido enviados por ele para realizar uma tarefa peculiar na igreja. Os "apóstolos das igrejas" naturalmente tinham um signi­ficado muito mais limitado, pois a sua tarefa era mais simples; eram nomea­dos para agir como representantes das suas igrejas e em nome delas entregar à igreja em Jerusalém o dinheiro que havia sido coletado. Por menor que fosse essa tarefa, ela era importante aos olhos de Deus; em virtude de quem eram eles e do que representavam, podem ser descritos como glória de Cristo, isto é, eram ho­mens em quem a glória do Senhor podia e devia ser vista. Onde quer que essa glória se tornasse visível, nenhuma tarefa podia ser considerada de menor valor.
À luz destas considerações, Paulo pede que os coríntios apresentassem provas do seu amor, e justificassem a nossa glória, ou seja, a jactância de Paulo a respeito deles diante dos seus colegas. Visto que "aquele que é enviado é semelhante ao que o enviou", ao demonstrarem a sua verdadeira natureza aos "apóstolos das igrejas", os coríntios, de fato, revelar-se­-iam perante a face das igrejas.

3. Apelo por Prontidão e Generosidade (9:1-15)
Freqüentemente, tem sido notado que, embora o apelo de Paulo em prol da coleta pareça chegar ao fim no término do capítulo 8, parece que o apóstolo inicia de novo o assunto em 9:1. Por­tanto, tem sido sugerido que os dois capítulos foram escritos em ocasiões dife­rentes. Os que consideram que 2 Corín­tios foi composta de mais do que uma carta de Paulo têm várias sugestões a fazer a respeito do relacionamento destes capítulos com as partes que constituem esta carta e a sua ordem relativa. Em justiça deve ser dito que não há objeção nenhuma contra hipóteses desta espécie: o conteúdo destes dois capítulos de forma nenhuma é afetado por elas, e não po­dem ser provadas nem refutadas. Igual­mente, deve ser reconhecido, porém, que o capítulo 9 se segue ao capítulo 8 de maneira inteiramente natural. Este fato é obscurecido na versão da RSV, devido à sua tradução da conjunção gar, em 9: 1, como "ora", em vez de pois. O capítulo 9 acrescenta pouca coisa de novo. Ele se concentra em um ponto, a saber, que os coríntios procuravam fazer com que a coleta fosse generosa. Este capítulo podia, na intenção de Paulo, ter lugar, em seu apelo, exatamente onde ele está.
De um ponto de vista, Paulo não necessita escrever... quanto à ministração que se faz a favor dos santos, pois há muito tempo os coríntios já sabiam dela (d. 1 Cor. 16:1 e ss.), e Paulo já dissera aos macedônios cristãos como os corín­tios estavam prontos para cooperar nela. É perfeitamente compreensível que Paulo mencionasse o exemplo dos corín­tios ao falar aos macedônios a respeito da oferta (como aqui), e depois, por sua vez, citasse os efeitos sacrificiais dos mace­dônios aos coríntios (como em 8:1 e ss.). Isso expressa a sabedoria de Paulo em persuadir as igrejas para que se emulassem umas às outras, e, sem dúvida, reflete os fatos verídicos também; pois os coríntios haviam dado início à coleta antes dos macedônios, mas estes reagi­ram com mais generosidade.
Por outro lado, está claro que havia necessidade de Paulo incitar os coríntios em relação à coleta. Embora eles tives­sem começado a organizar a coleta no ano anterior, é quase certo que mais tarde eles fizeram cessar os seus esforços. Esta foi uma das conseqüências do levan­te havido em Corinto, e Paulo deve ter ficado triste ao saber (através de Tito?) que a sua hostilidade contra ele tivera o efeito de privar os cristãos palestinos da ajuda que os coríntios bem poderiam ter-lhes propiciado.
Agora Paulo escreve de novo, e longa­mente, a respeito da coleta, e envia os irmãos para supervisionar a sua organi­zação (cf. 8:16 e ss.). O próprio Paulo iria depois, juntamente com os repre­sentantes de outras igrejas, que estavam levando as suas ofertas a Jerusalém, ele desejava ter a certeza de que o seu louvor a respeito deles não se torne vão... a fim de... não sermos nós envergonhados (pa­ra não dizermos vós). Que desagradável, se os empobrecidos macedônios chegas­sem a Corinto e descobrissem que a igreja cujo exemplo fora citado diante deles havia dado uma contribuição mi­serável! Em tais circunstâncias, os corín­tios ficariam envergonhados, e Paulo também. Portanto, ele manda os seus colegas de antemão, para certificar-se de que a oferta da igreja em Corinto estaria pronta, não como por extorsão - um presente extorquido deles contra a sua vontade - mas como beneficência, lite­ralmente, como uma "bênção", decor­rência do amor que reage à graça divina, que leva à alegria, bem como à ajuda dos que a recebem.
No verso 6 e ss. Paulo enumera razões para essa generosa contribuição em prol da causa que se tinha em vista. A primeira é que dar é como semear; produz uma colheita. Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará. Quem já ouviu falar de um fazendeiro tão mesquinho que espalhou apenas umas poucas se­mentes em seu campo? Que colheita mi­serável teria ele! Da mesma forma acon­tece no campo da contribuição. Dar pouco é receber pouco, tanto na sua própria vida como na dos outros. O mesmo pensamento é expresso, ainda mais fortemente, em Gálatas 6:7 e ss., cujo contexto se relaciona intimamente com esta passagem. Há uma relação mais profunda entre a contribuição de uma pessoa e o seu bem-estar espiritual do que algumas vezes se imagina, e Paulo queria que nos defrontássemos com este fato em relação a Deus e ao seu reino. Da mesma forma, não é menos importante a atitude do doador. Dar com tristeza ou por constrangimento não se coaduna com a experiência que o crente tem de Deus e com o ensinamento da Bíblia. Deus ama ao que dá com alegria (da tradução grega de Provérbios 22:9), e o crente sabe que esse é o espírito em que Deus sempre tratou os seus filhos.
A segunda razão para se contribuir de todo o coração, aduzida por Paulo, é a prontidão de Deus em propiciar, ao cren­te generoso, os meios para que ele aja generosamente. É atraente a tendência de considerar a primeira cláusula do verso 8 como relacionada com o que as pessoas se agradam de chamar de vida espiritual, como se o fato de o poder de Deus fazer abundar... toda a graça se referisse à transmissão de virtudes da vida oculta da alma. Porém, no decorrer dos capítulos 8 e 9, Paulo usa termos como "graça" e "beneficência", ao referir-se aos presen­tes materiais destinados à distribuição, indicando que a vida espiritual e a preo­cupação pelas coisas comuns e necessi­dades ordinárias das pessoas são inse­paráveis.
No verso 8, o termo beneficência é literalmente "graça" (charis), que Paulo emprega no sentido de "dom gracioso" em 8:4,6,7. A palavra comum que se traduz como bênção (ou beneficência) é eulogia, ocorrendo em profusão em 9:5,6. Assim, no verso 8, Deus é pode­roso para fazer abundar os recursos ma­teriais para prover às suas necessidades, e o suficiente para toda a suficiência, isto é, para que possam dar aos outros de maneira que se coadune com a abun­dante maneira como Deus lhes dá.
Contudo, observe-se que isto é dito aos crentes, que entendem as restrições cris­tãs: suficiência é suficiência! Deus não promete prover de maneira tal que nos comparemos às pessoas mais ricas. A palavra suficiência (autarkeia), usada por Paulo, acabou sendo uma palavra-chave famosa para os estóicos, que a usavam para denotar o que é suficiente para um homem, que precisa de pouca coisa que está ao alcance do homem dar, pois ele tem recursos suficientes dentro de si mesmo. Por conseguinte, Paulo usa esta palavra especialmente refe­rindo-se ao contentamento (veja Fil. 4:11; 1 Tim. 6:6). Assim, aqui Deus dá a um homem suficiência para se contentar com a vida, e o capacita a ser rico em boas obras e contribuição generosa.
Esta convicção é sustentada com uma citação de Salmos 112:9, que adequada­mente compara a oferta generosa do homem que teme a Deus com a semea­dura de semente que produz frutos da... justiça. Assim também, comenta Paulo, tão certamente como Deus dá a semente ao que semeia e extrai dela uma colheita de pão para alimento, o Senhor lhes suprirá com os recursos que os capacitem a dar, suprindo as necessidades dos ho­mens, e propiciará os frutos da vossa justiça.
Isto nos leva ainda a uma terceira razão para a contribuição generosa. O Senhor, que enriquece o seu povo com capacidade para manifestar grande gene­rosidade, também fará com que haja uma colheita de ações de graças a Deus, que por fim capacitará os coríntios a glorifi­car a Deus. Este é o fim da ação cristã!
No entanto, a maneira pela qual isto acontece é interessantemente descrita no verso 13. Acontecerá, diz Paulo, pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição. A fonte última da contribuição dos coríntios era o evange­lho, através do qual não apenas eles, mas também os cristãos de Jerusalém haviam experimentado a salvação de Deus. Os cristãos palestinos sabiam, como os coríntios, que o evangelho é o poder de Deus para salvar os homens, e viam, na gene­rosidade dos coríntios, um reconheci­mento ou uma confissão do evangelho. É evidente que o interesse dos coríntios por eles era um resultado da graça de Deus. Por seu turno, este interesse iria suscitar, nos palestinos, gratidão e amor aos coríntios, que se expressaria no seu desejo de ver esses desconhecidos irmãos e ir­mãs gentios, bem como iriam orar por eles. Quando isto acontecesse, o objetivo da coleta teria sido alcançado: Deus seria glorificado nas ações de graças de mui­tos, e as igrejas gentias e judias divididas abundariam em amor umas pelas outras.
Ao prever tão maravilhosos resultados da oferta de amor das igrejas gentílicas, Paulo exclama: Graças a Deus pelo seu dom inefável! Qual era esse dom, essa oferta? Era Cristo, cuja oferta está no âmago desse evangelho que provoca os homens a dar como Deus deu, quando ofertou o seu Filho para reconciliar a humanidade dividida? Era a doação daquela comunhão em que todos os ho­mens, judeus e gentios, escravos e livres, machos e fêmeas, se tornam um? Era a superabundante graça de Deus, que pro­duzia nos gentios o fruto da contribuição graciosa, segundo o padrão da oferta sacrifical do próprio Deus? É impossível dizer. Este escritor se inclina para a última interpretação, em vista do fato de que graça é a palavra-chave dos capítulos 8 e 9 e de que ela é a antecedente imediata desta doxologia. Como último recurso, isto não importa muito, pois é em Cristo que a graça de Deus se nos manifestou e criou, entre Deus e o ho­mem, a comunhão que derruba todas as barreiras e inspira amor em ação entre os homens. Por ele, e por todos os dons que há nele, graças a Deus!



SEÇÃO IV

Essa Seção é reservada as pesquisas em dicionários e enciclopédias, de palavras, termos ou expressões que estejam inseridos de forma direta ou indireta na lição, mais que ao conhecê-las, funcionarão como subsídio teológico.
Conhecer a biografia de uma pessoa ou as particularidades de uma região, cidade, rio, montanha etc, ou até mesmo, ler algo sobre termos aparentemente isolados no texto, como: fogo, anjo, olhos, língua, mão, pé etc, permite ao professor contextualizar melhor esses elementos no desenvolvimento de sua aula, tornando-os, muitas vezes, o tema central do ensino.



TEXTO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA – TEOLOGIA E FILOSOFIA

MACEDÔNIA

1. Definição 
Não se sabe qual a derivação da palavra Macedônia. Mas o nome refere-se a uma região do suleste europeu, ao sul da península dos Bálcãs e às margens do mar Egeu. Representava áreas que hoje estão ocupadas pela Grécia, pela Iugoslávia e pela Bulgária. Essa palavra também alude ao reino da Macedônia, da antiguidade, onde dominava a família de Alexandre, o Grande, e que veio a tornar-se o poder mundial dominante na época desse monarca. Alguns estudiosos pensam que esse nome vem do fundador mítico da área, Makedon, embora não se saiba o significado desse nome. Não se pode determinar com precisão as fronteiras da antiga Macedônia, embora seja sabido que ficava limitada pelas terras altas albanesas, a oeste; pelos montes Shar, ao norte; pelas montanhas Rodope, a leste; e pelo mar Egeu, ao sul. Nenhum Estado moderno ocupa toda essa área. Desde 1913, o antigo território da Macedônia tem estado dividido entre a Grécia, a Iugoslávia (a Sérvia, antes de 1918) e a Bulgária. A porção norte da Grécia também fazia parte da Macedônia; e a parte sul da Iugoslávia e a parte ocidental da Bulgária ocupam o que, antigamente, era a Macedônia.

2. Caracterização Geral
Era um território centralizado nas planícies adjacentes ao golfo de Tessalônica, que acompanhava os grandes vales dos rios que por ali passavam, até às montanhas dos Bálcãs. Nos remotos tempos históricos esse território era dominado por barões cavaleiros sob uma casa real helenizada, monarcas esses que exerceram a hegemonia sobre os negócios gregos desde o século IV a.C. Depois de Alexandre o Grande, dinastias macedônias governaram os territó­rios por toda a bacia oriental do mar Mediterrâneo, até que foram ultrapassadas pelos romanos. Em 167 a.C., a Macedônia foi dividida em uma série de quatro federações republicanas (ao que talvez faça referência o trecho de Atos 16:12). Posteriormente, porém, essas federações caíram sob o domínio romano. A província desse nome abarcava a porção norte da Grécia moderna, desde o mar Adriático até o rio Hebro. Depois de 4 a.C., o procônsul romano passou a residir em Tessalônica, enquanto que a assembléia se reunia em Beréia. Essa província incluía seis colônias romanas, uma das quais era Filipos. Paulo obteve um extraordinário sucesso em sua pregação naquela região, e sempre parecia relembrar-se, com prazer, das visitas que ali fizera.

«A Macedônia era um mui vasto país da Europa, e anteriormente consistia, conforme nos informa Plínio (ver História Natural, 1,4, cap. 10) em cento e cinqüenta povoados ou nações, e era chamada Ematia; derivou o seu nome de Macedônia de Macedo, filho de Júpiter e de Tida, filha de Deucalião. De conformidade com Ptolomeu (Geogra­fia, 1,3, cap. 13), era limitada ao norte pela Dalmácia, pela Mísua superior e pela Trácia; a ocidente pelo mar Jônico; ao sul pelo Épiro; e a oriente por parte da Trácia e pelos golfos do mar Egeu.» (John Gill)

Várias referências bíblicas mostram-nos que Paulo se relembrava dos crentes da Macedônia com profundo afeto (ver 1Tes. 1:3 e Fil. 4:1) e sempre ansiava por retornar ali (ver Atos 20:1 e 2Cor. 1:16). Foi naquele território que Paulo obteve seus mais retumbantes sucessos, e, através de seu ministério, o cristianismo penetrou na Europa, para nunca mais ser expulso dali, em contraste com grande parte do trabalho cristão efetuado na Ásia Menor e em outras regiões.

«Sim! A literatura e a arte da Grécia, e o poder romano subjugador e que governava nobremente, tinham fracassado, não podendo atingir as mortais enfermidades de nossa natureza decaída; e todo o paganismo, na pessoa daquele varão macedônio, clamava pela vinda de sua única cura eficaz, que aqueles missionários da cruz possuíam, e somente aguardavam a oportunidade fornecida por essa chamada, para administrá-la.» (Brown)

3. Descrições Geográficas
A Macedônia era e continua sendo uma região de elevadas montanhas, grandes rios e vales férteis. As fronteiras antigas eram a Ilíria, a oeste; a Mésia, ao norte; a Trácia, a leste. Ficava separada da Tessália, ao sul, pelos montes Pindos. Ali há quatro importantes bacias hidrográficas: o Haliacmon, o Áxio, o Estrimon e o Nesto. A Macedônia prolonga-se mar Egeu adentro mediante três braços de terras. A região é produtora de gado, madeira, prata, ouro e outros minerais. Possui uma longa e acidentada costa marítima, com diversos bons portos. Desde o começo foi um cadinho de etnias, não-indo-européias, indo-européias, trácias, ilíricas e macedônicas.

4. Sumário de Informes Históricos
Supõe-se que, no começo, a região da Macedônia era povoada por descendentes de Quitim, um dos filhos de Javã (ver Gên. 10:4). É possível que o termo «quitim», no Antigo Testamento, refira-se a povos da área da Macedônia. A história antiga da região é muito obscura, pois só há informações dignas de confiança a partir do começo do século VII a.C. O reino da Macedônia foi fundado por Perdicas I. Seus sucessores foram Filipe I, Alexandre I, Perdicas II e Arquelau (cerca de 413 a.C.). Sob Filipe II (359-336 a.C.), esse reino começou a ter uma influência mundial. Ele reuniu os gregos contra os persas. Foi bem-sucedido em seus esforços, embora sua vida tivesse sido ceifada por assassinato, através de um nobre macedônico, em 336 a.C. Seu filho e sucessor foi Alexandre, o Grande, na verdade, Alexandre III (embora quase desconhecido por esse título). Uma das grandes descobertas arqueológicas de nosso tempo foi o túmulo de Filipe II. Ainda recentemente, correram notícias de que talvez tivesse sido encontrado o túmulo da avó de Alexandre, o Grande, a rainha Evridique. Um mausoléu descoberto por arqueólogos gregos (em setembro de 1987), nos arredores da cidade de Vérgina, região da Macedônia grega, pode ser o seu túmulo. Vérgina pode estar em cima das ruínas da cidade Aegae, capital da antiga Macedônia. O mausoléu assim descoberto tem duas câmaras, e o nome de Evridique foi encontrado, em letras grandes, em duas das principais colunas desse mausoléu. Os arqueólogos têm quase absoluta certeza de que esse é o túmulo daquela rainha, porquanto a antiga Macedônia teve apenas uma rainha em toda a sua história. Há um desenho representando Plutão e sua carruagem de fogo, que decora uma das paredes do mausoléu. Muitas jóias e outros objetos de arte foram encontrados nesse túmulo. No entanto, havia sinais de que o túmulo já havia sido violado em algum tempo do passado, e, sem dúvida, muitos tesouros foram dali furtados.
Alexandre, o Grande. No espaço de meros doze anos, Alexandre conquistou o Egito e o Oriente Próximo, a Pérsia, a Babilônia e partes ocidentais da Índia. Mas morreu de febre (malária) com apenas trinta e três anos de idade. Filipe e Alexandre foram gênios militares, o que explica em grande parte o sucesso que ambos obtiveram. Muitas armas e táticas novas foram introduzidas por eles na arte da guerra. A formação básica de ataque era a infantaria, ou falange, ao centro, melhor equipada do que era usual; a cavalaria ligeira, à esquerda, servia principalmente de defesa; a cavalaria pesada, à direita, comandava o ataque, mediante ondas escalonadas. Filipe e Alexandre empregaram essa tática com muito sucesso.
Depois de Alexandre, o Grande, - houve os Ptolomeus do Egito e os Selêucidas da Síria. O reino da Trácia desapareceu quando Lisímaco, um dos ex-generais de Alexandre, morreu sem filhos. Na Grécia, Antípater governou durante um breve período. Então, subiu ao trono o seu filho, Cassandro, e mais tarde, o filho deste, Alexandre, até 294 a.C. Depois vieram os Antigônidas, descendentes de um dos generais de Alexandre, o Grande. Essa dinastia perdurou até que os romanos ocuparam a região, em meados do século 11 a.C. Então a Macedônia foi organizada em uma federação republicana semi-inde­pendente, modelada segundo as ligas acaeana e etólica. Foi dividida em quatro distritos. Porém, em 149 a.C., Andrisco procurou restaurar a monarquia. O general romano Quintus Caecilius Metellus foi quem pôs fim à tentativa. Em 146 a.C., a Macedônia foi reduzida a província romana. Ela incluía partes da Ilíria e da Tessália, e a cidade de Tessalônica tornou-se a sede do poder romano naquela região. A via Inácia foi ampliada para cruzar a Macedônia, desde as margens do mar Adriático até à Trácia. Parece provável que Paulo tenha atravessado essa região, através dessa importante estrada romana, de Neápolis a Filipos, e daí a Tessalônica. Ver Atos 16:11,12 e 17:1.

5. Referências Bíblicas Relacionadas
Os livros de I e II Macabeus referem-se à Macedônia. Ver I Macabeus 1:1-9 e 8:2: II Macabeus 8:20. Ali, o termo «macedônios» é aplicado a soldados mercenários, que serviam aos monarcas selêucidas. O décimo primeiro capítulo do livro de Daniel descreve os conflitos entre os reis Ptolomeus e Selêucidas. Casamentos entre as famílias reais acalmaram, temporariamente, a tormenta, mas, finalmente, foram reiniciadas as hostilidades. Alexandre é o poderoso rei da Grécia, em Dan. 5:3. O trecho de Dan. 8:22 predizia a divisão do império de Alexandre em quatro partes.
No Novo Testamento. O termo Macedônia ocorre por vinte e duas vezes no Novo Testamento. Ver Atos 16:9,10,12; 18:5; 19:21,22; 20:1,3; Rom. 15:26; 1Cor. 16:5; 2Cor. 1:16; 2:13; 7:5; 8:1; 11:9; Fil. 4:15; 1Tes. 1:7,8; 4:10 e Tito 1:3. E com a forma grega de Makedón há mais cinco ocorrências: Atos 16:9; 19:29: 27:2 e 2Cor. 9:2,4.
Nessas passagens está em foco a missão européia da Igreja, que começou pela Grécia. Cidades importantes da região eram Filipos, Beréia, Larissa e Tessalônica. Paulo agiu em parceria com Timóteo, Silas, Gaio e Aristarco nessa área. Convertidos macedônicos ao cristianismo ajudaram na coleta paulina para os santos pobres de Jerusalém (ver Rom. 15:26), os quais também ministraram às necessidades pessoais de Paulo (ver 2Cor. 8:1-5 e Fil. 4:15).