LIÇÃO 05 - A AUTENTICIDADE DA PROFECIA - 01/08/2010

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A Autenticidade da Profecia

Lição – 05 (CPAD)
01 de agosto de 2010
3° trimestre



Caro professor de EBD.
Se sua Igreja adota as revistas da CPAD, desejamos que o conteúdo disponibilizado neste blog, possa auxiliá-lo no preparo de sua aula.
É um blog recém-criado, e que gradativamente, seu conteúdo será enriquecido, para que possa tornar-se uma ferramenta poderosa de auxílio aos professores de Escolas Bíblias Dominicais ou Sabatinais, no Brasil e em outros países cuja trabalho missionário adotam as revistas da CPAD.
Em mais de trinta anos participando ativamente em todas as esferas da EBD, pude observar que noventa e cinco por cento dos professores tinham dificuldades no preparo de suas aulas por não disporem de conteúdos paralelos de pesquisa, tais como: Dicionários, Enciclopédias, Bíblias Comentadas, livros de Comentários Bíblicos, livros de Teologia Sistemática ou mesmo livros que comentam o texto bíblico com base nos princípios hermenêuticos e exegéticos.
O professor de EBD deve, em uma atitude ativa, dinâmica e progressiva, desenvolver o hábito de leitura.
E isso não restringe somente a leitura da Bíblia. Um bom professor de EBD deve, gradativamente, ir compondo sua biblioteca com os tipos de livros citados acima, bem como, livros nas áreas de: liderança, comportamento, relacionamentos, literatura romanesca (nacionais e estrangeiras), psicologia, ciência, história e geografia etc.
Nenhum professor deve exigir, de si mesmo, o domínio total nessas áreas do conhecimento. Basta tão somente conhecê-las, e isso, só se consegue por meio de leitura. Pois quando somadas ao conhecimento provindo do estuda da Bíblia, o Espírito Santo, proporcionará aos seus alunos uma aula enriquecedora, que irá ajudá-los nas transformações do cotidiano de suas vidas.
Nossa intenção não é preparar um modelo ou modelos de aula para serem usados, nem tão pouco, produzir o desenvolvimento do conteúdo da lição tópico por tópico, como são apresentados em todos os blogs e sites, dos mais aos menos renomados, que intencionam ajudar o professor de EBD. Ingenuamente, esses modelos de aula cria um engessamento intelectual no professor, pois o mesmo fica limitado ao que lhe foi apresentado como “excelência de aula”.
Nosso propósito maior é disponibilizar partes de textos, devidamente identificada sua autoria, para que o professor, com base nesses conteúdos, que talvez não tenha acesso por não possuir tais livros, possa, ele mesmo, preparar sua aula.
Com o EBD WEB MASTER o professor fundamentará melhor a sua aula ao contextualizar o que esta sendo tomado como tema da lição, com os artigos disponibilizados no EBD WEB MASTER e com a aplicação da transversalidade que está sendo dada à passagem bíblica.
Nosso blog se tornará a maior biblioteca virtual de pesquisa para lições da EBD. Com essa iniciativa estamos dando início a um trabalho pioneiro nessa área.
O professor verá, que ao final de um ano, após ter adotado o EBD WEB MASTER como ferramenta principal de auxílio no preparo de suas aulas, o quanto foi útil no crescimento pessoal, de sua classe, e por extensão, também de sua Igreja.
Esse blog crescerá de forma contínua, porém gradativa. Nosso objetivo maior é poder, o mais que possível, disponibilizar artigos que sirvam de auxílio ao professor.
Escreva para nós. Envie sugestões, comentários e críticas. Estamos aberto ao diálogo.

Ore e divulgue essa iniciativa.

Kemuel Carvalho
Professor de EBD



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logo postemos o conteúdo, possamos informar para você.  




SEÇÃO I

Nessa Seção, para uma melhor compreensão do texto bíblico, e para elucidação de possíveis dificuldades, que por ventura, o professor venha a encontrar no campo semântico ou lingüístico do texto bíblico encontrado na LEITURA BÍBLICA, apresentaremos o mesmo texto, nas quatro versões mais usadas no meio cristão, que são: Versão Revista e Corrigida (ARC), Versão Revista e Atualizada (ARA), Versão Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH) e a Nova Versão Internacional (NVI).
O professor verá o quanto a leitura paralela desses textos irá proporcionar uma melhor compreensão do que esta sendo comentado nos tópicos da lição.



LEITURA BÍBLICA
Revista: Isaías 53.2-9
Estudo:  Isaías 53


Versão Revista e Corrigida – ARC

1     Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?
2     Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
3     Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4     Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
5     Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
6     Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
7     Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
8     Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido.
9     E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca.
10   Todavia, ao SENHOR agradou o moê-lo, fazendo -o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão.
11   O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12   Pelo que lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos, repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.


Versão Revista e Atualizada – ARA

1     Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?
2     Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
3     Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4     Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
5     Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6     Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
7     Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
8     Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido.
9     Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
10   Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo -o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos.
11   Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12   Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.


Nova Versão Internacional – NVI

1     Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
2     Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos.
3     Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.
4     Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido.
5     Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
6     Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
7     Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.
8     Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado.
9     Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido nenhuma violência nem houvesse nenhuma mentira em sua boca.
10   Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão.
11   Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniqüidade deles.
12   Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até a morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele levou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.


Versão Linguagem de Hoje – BLH

1     O povo diz: “Quem poderia crer naquilo que acabamos de ouvir? Quem diria que o Deus Eterno estava agindo?
2     Pois o Eterno quis que o seu servo aparecesse como uma plantinha que brota e vai crescendo em terra seca. Ele não era bonito nem simpático, nem tinha nenhuma beleza que chamasse a nossa atenção ou que nos agradasse.
3     Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos.
4     “No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando. E nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo.
5     Porém ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu.
6     Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada um de nós seguia o seu próprio caminho. Mas o Deus Eterno castigou o seu servo; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos.
7     “Ele foi maltratado, mas agüentou tudo humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã.
8     Foi preso, condenado e levado para ser morto, e ninguém se importou com o que ia acontecer com ele. Ele foi expulso do mundo dos vivos, foi morto por causa dos pecados do nosso povo.
9     Foi enterrado ao lado de criminosos, foi sepultado com os ricos, embora nunca tivesse cometido crime nenhum, nem tivesse dito uma só mentira.”
10   O Deus Eterno diz: “Eu quis maltratá-lo, quis fazê-lo sofrer. Ele ofereceu a sua vida como sacrifício para tirar pecados e por isso terá uma vida longa e verá os seus descendentes. Ele fará com que o meu plano dê certo.
11   Depois de tanto sofrimento, ele será feliz; por causa da sua dedicação, ele ficará completamente satisfeito. O meu servo não tem pecado, mas ele sofrerá o castigo que muitos merecem, e assim os pecados deles serão perdoados.
12   Por isso, eu lhe darei um lugar de honra; ele receberá a sua recompensa junto com os grandes e os poderosos. Pois ele deu a sua própria vida e foi tratado como se fosse um criminoso. Ele levou a culpa dos pecados de muitos e orou pedindo que eles fossem perdoados.”



SEÇÃO II

Nessa Seção apresentamos a lição em tópicos.
Esse método é válido para conhecermos os vários pontos que são discutidos em um mesmo Tópico ou Sub-tópico.
Aproveitamos para apresentar alguns questionamentos, explicações e direcionamentos que o professor deve tomar para a produção, construção e realização de sua aula.




A AUTENTICIDADE DA PROFECIA
(Lição 5 – 01 de agosto 2010)

INTRODUÇÃO
·      O cumprimento cabal das inúmeras profecias bíblicas constitui-se uma prova incontestável da origem, inspiração e autenticidade divinas dos oráculos dos antigos profetas hebreus.

I. O DESPREZO DO SENHOR
1. A apresentação do Senhor.
·      A profecia de Isaías 53, inicia-se no capítulo anterior.
·      O profeta apresenta o Servo do Senhor da seguinte forma: “Eis que o meu servo operará com prudência” (52.13).
·      O profeta Isaías é, incontestavelmente, o mais messiânico dos profetas, e aqui está falando do Senhor Jesus Cristo.

2. A mensagem do Senhor.
·      A singularidade do teor de sua mensagem é a marca do ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 7.46).
·      Mesmo o capítulo 53 iniciando com a pergunta: “Quem deu crédito à nossa pregação?” (v. 1), demonstra que sua mensagem seria rejeitada.
·      Mesmo diante de tantos milagres extraordinários e poder em suas palavras e pregações, muitos não criam nEle (Jo 12.37,38; Rm 10.16).
·      Mesmo os de sua casa, não compreenderam o seu ministério (Mc 3.21; Jo 7.5).

3. A aparência e a rejeição do Senhor.
·      Não há como saber os traços físicos de Jesus, mas é bem possível que a sua aparência física contrarie a de todos os filmes já produzidos, pois a palavra profética declara que “nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos” (v.2b).
·      A rejeição do Senhor teve início desde o seu nascimento! Não havia espaço adequado para o nascimento do Filho de Deus em Belém e, por isso, sua mãe deu-o à luz em uma manjedoura (Lc 2.7).
·      Em Isaías 53, duas vezes o versículo três afirma que Ele era “desprezado” e termina dizendo: “não fizemos dele caso algum”. (Jo 1.10,11).

II. A PAIXÃO E A MORTE DE     SENHOR JESUS CRISTO
1. O sofrimento sem igual de Jesus.
·      Nos últimos dias de Jesus, iniciados no Getsêmani, sua agonia foi de tal intensidade que O fez suar gotas de sangue (Lc 22.44).
·      Foi indescritível o sofrimento que Ele padeceu na mão de seus algozes quando de sua prisão.
·      É exatamente assim que o profeta Isaías descreve o Senhor: Ele era um “homem de dores” (v.3) e que “foi oprimido” (v.7).
·      Isaías apresenta-o também como um homem impecável e perfeito em tudo, “porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca” (v.9).
·      O apóstolo Pedro, que conviveu com Jesus cerca de três anos, confirma essa profecia (1 Pe 2.22).
·      Sim, Jesus foi “cortado da terra dos viventes” (v.8) como um criminoso e malfeitor.

2. O silêncio de Jesus.
·      O profeta compara o Filho de Deus, em seu julgamento e morte, ao cordeiro levado ao matadouro e à ovelha muda diante de seus tosquiadores: Ele “não abriu a sua boca” (v.7).
·      Assim agiu o Senhor diante do sumo sacerdote no Sinédrio (Mt 26.63) e perante Pôncio Pilatos (Mt 27.12,14).
·      Pelo fato de Jesus não ter cometido nenhum delito e, as acusações sobre Ele não terem sido provadas, demonstram a total arbitrariedade do julgamento do Mestre, realçando o fracasso da justiça humana.

3. A crucificação e a sepultura de Jesus (v.9).
·      Isaías declara que Jesus “foi contado com os transgressores”, e reafirma a verdade de que Ele carregou nossos pecados.
·      Os Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois salteadores (Mt 27.38; Mc 15.27,28), mostrando, assim, a autenticidade da profecia bíblica.
·      Note que as palavras de Cristo no alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34), foram também preditas por Isaías, quando o profeta diz que o Messias “pelos transgressores intercedeu” (v.12).
·      A análise profética fica mais interessante e rica, quando Isaías prediz que a “sepultura” de Jesus foi colocada entre a dos “ímpios” (v.9).
·      Isso significa que os opositores de Jesus queriam dar-lhe um sepultamento vergonhoso e vil como o de um criminoso, e isso era considerado opróbrio em Israel (Is 14.19).
·      Porém, o plano deles falhou, pois o profeta diz que o Mestre Jesus foi contado “com o rico, na sua morte” (v.9).
·      O Filho de Deus foi enterrado de forma honrada e digna.
·      Os Evangelhos, confirmando Isaías, revelam que um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, cedeu um túmulo novo, aberto em rocha, para que neste fosse posto o corpo do Mestre (Mt 27.57,58,60).

III. As nossas dores e as
1. As nossas enfermidades.
·      O profeta, além de preanunciar detalhes da vida e do sofrimento do Messias, também destacou grandes doutrinas oriundas da morte expiatória de Cristo.
·      Um dos maiores ensinamentos é a vicariedade de seu sacrifício. Isto é, Ele padeceu em nosso lugar, tomando sobre si “as nossas enfermidades e as nossas dores” (v.4).
·      A expiação que o Filho de Deus nos propicia abrange, além da cura física, a espiritual (v.5), conforme é atestado em Mt 8.17; 1 Pe 2.24.

2. Os nossos pecados.
·      Jesus sofreu não por ter cometido pecado, mas porque agradou a Deus “moê-lo, fazendo-o enfermar”, colocando a sua “alma [ ... ] por expiação do pecado” (v. 10).
·      Essa foi a vontade de Deus: que o justo sofresse pelo pecador (vv. 10,11b).
·      O profeta mostra tratar-se, como já foi dito, de uma morte vicária, substituta (Rm 3.25; 5.18,19; 2 Co 5.21).

3. A humildade e o amor de Jesus Cristo.
·      É digno de destaque o fato de o Senhor Jesus Cristo ter se despido de toda a sua glória para tornar-se como um de nós (Fp 2.3-11).
·      Tal humildade e amor benevolente servem-nos de exemplo para que possamos agir da mesma forma em relação aos nossos semelhantes (Jo 3.16; 1 Jo 3.16).

Conclusão
·      Há abundantes evidências em o Novo Testamento sobre o fiel cumprimento de Isaías 53.
·      A Teologia Sistemática (CPAD) de Stanley Horton, na página 91 , informa que o professor americano Peter W. Stoner examinou oito profecias sobre Jesus, no Antigo Testamento, e concluiu que na vida de uma pessoa, a probabilidade dos oito casos serem coincidências é de 1 em 1017, ou seja, 1 em cem quatrilhões (100.000.000.000.000.000).
·      A única explicação racional para o fiel cumprimento das profecias da Bíblia é que Deus tudo revelou aos seus profetas.
·      Não se trata, portanto, de manipulações humanas. As profecias messiânicas cumpridas mostram-nos a autenticidade da Bíblia e advertem-nos de que as profecias escatológicas também se cumprirão.




Professor, no final desta página existe um artigo intitulado Boletim médico das Últimas horas de cristo. leia-o, é muito importante para sua aula, e para seu conhecimento.




SEÇÃO III

Nessa Seção, apresentamos alguns comentários bíblicos extraídos de Enciclopédias de Comentários Bíblicos e Livros especializados nas áreas de hermenêutica e exegese bíblica.
A leitura do conteúdo aqui apresentado proporcionará ao professor de EBD, a imersão na riqueza dos conhecimentos apresentados por seus autores, quando trata do contexto do texto, ou das especificidades de uma expressão ou palavra.



COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO LIVRO
TODAS AS PROFECIAS DA BÍBLIA
JOHN F. WALVOORD
EDITORA VIDA


O Servo sofredor será exaltado

Isaías 52.13-53.12
Neste processo, o Servo do Senhor sofrerá (52.13); trata-se de uma previsão dos sofrimentos de Cristo, ligados à sua crucificação. Mas o resultado será que as bênçãos se estenderão a todas as nações (v. 15; cf. Rm 15.21).
A grande profecia messiânica de Isaías 53 foi dedicada à descrição da morte de Cristo. Partes dessa mensagem foram citadas no Novo Testa­mento. Sua rejeição pelo povo judeu foi descrita (v. 1; cf. Jo 12.38; Rm 10.16). Ele não tinha beleza externa e foi desprezado e odiado (Is 53.2,3). Em Israel, os que entenderam que Cristo morreu por eles um dia reconhecerão que Jesus tomou as enfermidades deles sobre si (vv 4-6; cf. Mt 8.17). O Servo foi afligido por causa das transgressões dos judeus. Essa verdade foi resumida em Isaías 53.6: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. O Servo foi comparado a um cordeiro levado ao matadouro, porque não abriu sua boca. Sua morte impediu que tivesse descendentes humanos (vv. 7,8; At 8.32,33). Sua “sepultura” seria “com os perversos”, mas também com “o rico” (Is 53.9; 1 Pe 2.22). O Servo morreu dentro da vontade de Deus, porque “sua alma” tornou-se “oferta pelo pecado” (Is 53.10). Essa profecia cumpriu-se na morte de Cristo e sua bênção se concretizará no Milênio (Mc 15.3,4, 27,28; Lc 23.1-25; Jo 1.29; 11.49-52; At 8.28-35; 10.43; 13.38,39; 1 Co 15.35; Ef 1. 7; 1 Pe 2.21-25; 1 Jo 1.7-9).
Sua descendência espiritual sairia de sua morte e ressurreição (Is 53.10). Sua vitória final sobre os perversos foi descrita nos vv. 11 e 12 (cf. Lc 22.30).


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA ENCICLOPÉDIA
O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA”


1. A SUA VIDA E SOFRIMENTO DE MORTE (53:1-9)
Depois da introdução precedente, o profeta passa a ampliar a sua visão do plano divino de redenção do mundo. Esse mundo a ser remido é surpreendido e assombrado ao ver sofrimento tão estranho, e imagina, de princípio, que ele deve provir da mão do Deus. Observada, porém, a vida impecável do Servo, torna-se evidente que em padecimentos tão grandes Ele está, na realidade, sofrendo por causa de outros. No reconhecimento deste fato, desponta também a consciência de que os expectadores estão implicados; vêem que Ela tem sofrido injustamente e que esse sofrimento deveria ter recaído sobre eles. Quando esse sofrimento culmina na morte, porém, compreendem que esta fazia parte, da vontade de Deus, parte do estranho plano de destruição do mal e de implantação da perfeita justiça. E assim que Ele ganha o galardão do Vencedor. Só assim muitos serão desviados das suas veredas de injustiça para as sendas da paz e da vida.
Todo o capítulo está impregnado de mistério. Somos nele apresentados ao Servo sofredor de Jeová duma forma que “emudece os lábios e força a alma a curvar-se completamente prostrada pelo espanto e assombro”. Tão grande é esta revelação que “a piedade está deslocada e a simpatia é irreverente”. E impossível não sentir que está patente aqui a grandeza do mistério do poderoso ato de Deus no tempo como na eternidade. Perante esta visão do Salvador padecente, só podemos olhar, admirar e adorar.
Para fins de estudo, estes nove versículos podem ser divididos em três breves seções.
É-nos apresentada primeiro a Pessoa rejeitada (1-3), depois o Sofredor substituto (4-6), e, finalmente, o Cordeiro expiatório (7-9).
Ao apresentar a Pessoa rejeitada, o profeta mostra-A claramente, primeiro conforme vista por Deus, e depois conforme vista pelos homens. “Foi subindo como Renovo perante Ele” (2).
Assim se descreve mediante uma bela comparação tudo aquilo que sugere a juventude eterna. Todavia, não era assim que os homens O viam. Em contraste imediato e notável, seguem-se as palavras: “E como raiz duma terra seca”. Nada indica aqui que o Servo fosse deformado ou antipático, ou feio. O que se diz, sim, e duma maneira incisiva, é que os ho­mens eram cegos para a Sua beleza. As seguintes palavras resumem tudo o que se diz acerca da Sua pessoa: “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores e experimentado nos trabalhos” (3).
Apresentado o Servo assim pessoalmente rejeitado, o profeta mostra que os Seus sofrimentos tinham um poder substitutivo (4-6). Olhando para Ele, os homens tinham pensado que todo aquele padecimento era uma visitação de Deus.

Aflito, ferido de Deus (4)
A mesma filosofia tinha dominado o pensamento dos amigos de Jó, que o julgavam afligido por Deus em conseqüência de qualquer pecado e que, afinal, não tinham razão.

Foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades (5)
Os homens não tinham visto nEle qualquer beleza por serem cegos, e também aqui não vêm qualquer missão nesta dor, porque o seu espírito não estava iluminado pela luz que vem do alto. O profeta proclama aqui a grande verdade que o sofrimento é substitutivo e que aquela agonia era preciosa.

(7-9)
Os três versículos seguintes conduzem-nos ao santo lugar do sacrifício, onde o Cordeiro efetua a expiação: silencioso no meio das injustiças que Lhe são feitas; conduzido para ser cortado da terra dos viventes (8); agente da expiação das transgressões do povo. É este o ponto culminante da apresentação do sofredor pessoal e do sofredor vicarial, o Cordeiro expiatório quebrantado pela transgressão do Meu povo (8).

Quem deu crédito à nossa pregação? (1)
Ou melhor, “àquilo que ouvimos?” O profeta refere-se às passagens anteriores respeitantes ao Servo, com as suas incríveis mensagens de sofrimento e censura. Esta queixa é uma confissão de penitência. A voz é a do profeta falando em nome do povo. Ao mesmo tempo, há uma forte sugestão de incredulidade: “Quem poderia acreditar em tal coisa?”

Como raiz duma terra seca (2)
No passado da nação nada poderia dar esperanças de grandeza assim, nem havia fosse o que fosse no tempo ou no ambiente que cercou o nascimento do Salvador para explicar a Sua presença.

Experimentado nos trabalhos (3)
C. R. North traduz: “familiarizado com a doença”, isto é, a lepra; deste modo esta frase constituiria um quadro do contato do salvador com o pecado. Compare-se com II Cor. 5:21.

Nós O reputamos (4)
O Servo levava sobre Si os pecados dos que O contemplavam e que imaginavam que Ele sofria um castigo enviado por Deus por causa do Seu próprio pecado (compare-se com Mat. 8:17).

O castigo que nos traz a paz (5)
Isto é, o castigo graças ao qual obtivemos a nossa paz com Deus.

Quem contará o tempo da Sua vida? (8)
“E, quanto à Sua geração, quem dentro dela considerou que Ele tivesse sido cortado da terra dos vivos?” ou, segundo C. R. North, “e quem refletiu sobre o Seu destino?”

Com o rico na Sua morte (9)
Os dirigentes do povo tinham pensado que o Servo deveria ser enterrado vergonhosamente, como um criminoso, mas a maravilhosa providência do Seu Deus foi mais forte e Jesus foi sepultado com Os ricos na Sua morte (ver Mat. 27:57-60).

2. O RESULTADO GLORIOSO DOS SEUS SOFRIMENTOS (53:10-12)
No versículo 10 a nota é já diferente, e chegamos à proclamação do triunfo do Senhor. Começa ele com as palavras: “Todavia, ao Senhor agradou moê-lO”, e desta forma a nossa contemplação ergue-se até ao nível da divina vontade. O Servo sofre assim porque Deus quis que desta forma muitos fossem trazidos à justiça pela Sua obediência. Para além das trevas da dor e da sombra da morte, descortina-se a alvorada radiosa da ressurreição. Ele viverá para ver uma descendência espiritual e subir ao trono como Vencedor incomparável.

Ao Senhor agradou (10)
Isto é, o eterno propósito de Deus.

Quando a Sua alma puser por expiação do pecado (10)
Este versículo tem sido traduzido de variadíssimas maneiras, mas o sentido geral é bem claro. Da morte e sacrifício surgirão a novidade da vida ressurreta e a semente santa da Igreja remida de Deus.

Bom prazer do Senhor (10)
Isto é, o propósito de Deus, que é a salvação do homem.

O trabalho da Sua alma Ele verá e ficará satisfeito (11)
Frase esta que em grande parte constitui um prolongamento dos pensamentos do versículo 10. É impossível a alma dos remidos maravilhar-se mais do que durante a leitura deste versículo. O manuscrito do Mar Morto apóia a versão da Septuaginta: No meio do Seu trabalho, Ele verá a luz (ver Heb. 12:2).

Com o Seu conhecimento (11)
“Pelo conhecimento que, como Salvador e Servo, Ele tem da vontade de Deus, da Sua justiça a do caminho da salvação e que, transmitido aos homens, lhes dá uma compreensão semelhante do caminho divino”, ou então: “pelo conhecimento dEle, conhecimento esse que produzirá a fé e salvará assim a vida”.

A parte de muitos (12)
Os frutos da vitória dados ao Servo.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO LIVRO
“ISAÍAS – INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO”
J. RIDDERBOS
EDITORA MUNDO CRISTÃO - SÉRIE CULTURA BÍBLICA


53.1
No mesmo espírito da profecia precedente, o profeta apresenta novamente esta grande profecia com uma interrogação que sublinha ainda mais enfaticamente o seu caráter extraordinário. Alguns intérpretes dizem que quem está falando aqui é a futura assembléia do Senhor; a sua confissão, portanto, seria que dificilmente um de seus componentes teria crido na mensagem que ouvisse. Isto para mim não parece correto, porque uma mudança tão drástica na personalidade do orador, no meio da mesma profecia, de alguma forma teria de ser assinalada. Portanto, creio que o próprio profeta está falando aqui; baseado nesta premissa, faz sentido o fato de ele, mais tarde (v. 8), referir-se ao “seu povo”. Não obstante, há algo de verdade na posição que acaba de ser mencionada. Aqui, o profeta se conta como parte do povo, e assim ele fala de “nós” e “nos”. Do versículo 2 em diante fica ainda mais claro que no decorrer deste capítulo o profeta fala como membro e representante de Israel, ou melhor, apenas do verdadeiro Israel (veja comentário ao v. 5).
As palavras “nossa pregação” podem levar a mal entendido. Elas parecem presumir que o profeta está falando em nome dos profetas ou outros pregadores, mas evidentemente não é este o caso. A referência é ao que foi ouvido (Shemuah) por nós; e esta “pregação” algumas vezes se refere ao que um profeta ouve quando Deus lhe fala, daí um “oráculo” ou “revelação”, que é o significado dela aqui.
O fato de Isaías, considerando-se como parte do povo, falar do que “nós” ouvimos, ou da “nossa pregação”, é possível, porque esta palavra, que ele ouvira diretamente da própria boca de Deus, agora é transmitida pelo seu ministério ao seu povo, e também é ouvida por este; em outras palavras, não é uma revelação comunicada exclusivamente a Isaías. A referência é à revelação que o profeta está no processo de transmitir, especialmente na parte que se segue. Por esta razão eu disse que aqui ele sublinha o seu caráter extraordinário. Este oráculo, que está para pro­clamar, é tão maravilhoso que ele começa exclamando: “Quem crê nisto?”27 A isto ele acrescenta, da maneira como a ordem de palavras é apresentada no original: “e a quem o braço do Senhor foi revelado?” O “braço” do Senhor é uma metáfora que designa o Seu poder e onipotência. Para a pessoa que julga pela aparência das coisas, esse braço é invisível. Há apenas algumas pessoas a quem ele é “revelado”, ou a quem ele se desvenda. Em outras palavras, só a uns poucos é dado o olho interior com o qual se vê a grandeza de Deus; esses são capazes de crer na revelação que o profeta recebeu - e através dele, Israel.
(27) A ARA e a ARC traduzem “Quem creu ... ? O autor admite que esta tradução é possível como futura auto-acusação de Israel, mas prefere traduzi-Ia no presente: “Quem crê ... ?” visto que o oráculo a ser crido ainda está por ser revelado. A forma verbal não precisa necessariamente referir-se ao passado - TRAD.

A interrogação, assim, sublima a suprema grandeza - e para a mente humana, o caráter inaceitável - do oráculo que agora se segue. Isto naturalmente dá a entender que apenas umas poucas pessoas crerão neles, fato que é confirmado pelo cumprimento da profecia (cf. Jo 12.37-38; Rm 10.16).

53.2
O conteúdo maravilhoso desta profecia, como a introdução já demonstrou (52.13-15), é que depois de profunda humilhação o Servo do Senhor seria grandemente exaltado. Por essa razão, esta profecia começa descrevendo essa humilhação, antes de tudo. Como o fizera antes (52.14), agora também, por meio de um vislumbre do passado, o profeta descreve a humilhação como se ela já tivesse acontecido, a fim de em seguida retratar a exaltação como iminente. Essa humilhação é mostrada em sua profundidade, fato (embora não entendido por Israel) que trazia consigo mesmo a promessa de exaltação.
A primeira coisa a ser descrita é o início humilde da sua vida. O retrato aqui pintado faz lembrar muito outro anterior (11.1). Ele cresceu 'como broto tenro (Renovo). A referência é a um broto que se eleva por si só, tenha ele sido plantado no solo (Ez 17.22), seja ele um broto novo que surge do tronco de uma árvore, sendo assim uma erupção nova de uma “raiz” já existente - palavra que ocorre na segunda linha, paralela à primeira do versículo (cf. 11.1). Ambas as palavras retratam claramente a insignificância do Seu aparecimento. Este pensamento é ampliado com a adição “duma terra seca”, dando a entender um broto que se eleva de solo árido, parecendo fraco e agindo fracamente. Quando esta imagem é aplicada à realidade pretendida, ela diz que a aparência nada imponente do Servo do Senhor foi ocasionada pelo fato de que a família e o povo dos quais Ele se originou careciam de tudo o que poder-Lhe-ia ter conferido vitalidade e grandiosidade. Porém, há outra faceta desta imagem. A própria menção do broto ou rebento e seu crescimento sugere a presença de vitalidade intrínseca. Ele cresceu, diz-se, “perante ele”, ou seja, sob os olhares de Deus, que O protegia (cf. I Sm 3.1), e cresceu em direção ao Seu destino, já conhecido por Deus (cf. 49.1).
A ênfase inicial, contudo, é exercida na Sua humildade; assim, sem quaisquer figuras de linguagem, agora se diz que em Sua aparência nada havia que atraísse o povo para Si, nenhuma beleza exterior (cf. I Sm 16.18) ou “formosura”, resplendor ou brilho, que o tomasse desejável. Nada havia que fizesse com que as pessoas que O observavam tivessem deleite nessa visão ou se sentissem atraídas por Ele.

53.3
O Servo do Senhor possui todas as qualidades que repelem a pessoa que julga pelas aparências. Ele foi “desprezado”, como resultado da Sua falta de qualidades visíveis. A este quadro sem atrativos, são acrescentadas características outras do mesmo naipe. Ele foi “rejeitado entre os homens” (literalmente: “interrompido pelos homens”28) dificilmente contado, ou absolutamente não contado entre os homens (cf. 52.14). Além disso, ele é chamado de “homem de dores”; isto é, que suporta dores, um sofredor contumaz. Ele “sabe o que é padecer” como alguém que experimentou enfermidades em todas as suas misérias. A palavra hebraica que é traduzida como “enfermidades” tem um significado um tanto mais amplo do que a nossa, visto que pode incluir dor e fraqueza causadas por feridas (cf. v. 5; Jr 6.7; 10.19).
(28) Talvez a melhor interpretação é de que ele era “aquele dentre os homens em quem a humanidade cessa”, em outras palavras, o último dos homens.

Por causa de tudo isto Ele era “como um de quem os homens escondem o rosto”; ninguém gosta ou ousa olhar para Ele, porque Ele é repulsivo e revoltante para todos - muito longe de ser desejado (v. 2). Finalmente, toda a descrição é resumida pela declaração: “Era desprezado, e dele não fizemos caso”. A primeira e a última coisa ditas a respeito dEle neste versículo é que Ele “era desprezado”. As palavras “dEle não fizemos caso” são descrição variante deste fato, mas também contém um elemento novo - a confissão de que os próprios israelitas O haviam tratado com desrespeito. O uso da primeira pessoa do plural não significa que o profeta se havia unido a essa manifestação de desdém (o assunto todo ainda permanece no futuro); todavia, como membro da nação, ele confessa o pecado que a nação como um todo terá então cometido.

53.4
A profecia agora assume um novo aspecto: ela começa a desvendar o mistério do sofrimento descrito. “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si”. Grande ênfase é dada ao contraste entre “nós” e “ele”.29 As palavras “enfermidades” e “dores” no versículo anterior são usadas novamente aqui, e se diz, portanto, que o que Ele carrega não é outra coisa senão as “nossas” enfermidades e dores; o “nós”, de que são esses sofrimentos, é Israel, mas como se torna evidente mediante o cumprimento, isso não é limitado a Israel. As “nossas” enfermidades e dores são as que “nós” merecemos e, em parte, nas quais incorremos; o versículo 5 menciona cura, de forma que implicitamente Israel é retratado como doente. Estas “enfermidades” e “dores” incluem doenças reais e defeitos físicos (cf. Mt 8.16-17), mas não são restritas a eles; esta categorias (como o indica especialmente a palavra “dores”) abrangem toda sorte de sofrimento humano. O versículo seguinte explica isto como castigo pelo pecado. Ele “tomou” e “levou sobre si” este sofrimento; conseqüentemente, carregou-o vicariamente como alguém que tomou um fardo pesado do ombro de outrem e o carregou para aquela pessoa. O caráter voluntário dessa substituição está claramente manifestado nesta ação; nisto Ele forma um contraste com outras pessoas que sofrem o castigo pelos pecados de sua geração, mas não como ato de rendição pessoal voluntário (cf. II Sm 21.1ss).
Isto é evidente porquê: (1) em hebraico o primeiro “ele” é expresso por um pronome separado e (2) o objeto (“nossas enfermidades” e “nossas dores”) vêm em primeiro lugar, e depois é citado outra vez (“estas ele levou”).

Como resultado do contraste com o que Ele fez por Israel, o com­portamento desdenhoso de Israel para com Ele agora se mostra ainda mais agudamente. Por essa razão, o profeta volta ao assunto: “e nós o reputá­vamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”. A palavra hebraica traduzida como “aflito” sugere alguém violentamente atingido pela mão de Deus, de modo que lhe sobrevém uma forma pesada de sofrimento ou infortúnio; ela é usada neste sentido a respeito dos filisteus (I Sm 6.9) e de Já (Já 1.11; 19.21; cf Sl 73.14). Esta palavra refere-se repetidamente a sofrimento físico, como no caso dos filisteus e de Já; no versículo em questão refere-se diretamente ao sofrimento físico que acaba de ser descrito. Não há base para a opinião, expressa por alguns intérpretes, de que ele foi causado por lepra. O retrato do sofrimento não o prova, nem isto pode ser subentendido pela palavra “aflito”. Ela apenas explica que Israel atribuía o sofrimento do Servo ao fato de Ele ter sido afligido pela mão de Deus. Esta declaração é reforçada pela frase que se segue: “ferido de Deus”. A palavra final, “oprimido” também presume que a Sua humilhação e dor provêm de Deus.
A frase “ferido de Deus” deve ser entendida no sentido especial de Deus ter feito sobrevir-lhe este sofrimento como castigo por este pecado. O contraste não consiste naquele fato, de não ter vindo de Deus, mas no fato de não ter fluído da ira de Deus contra o Seu pecado, e portanto, que não veio como castigo de que Ele não pudesse escapar, mas foi suportado por Ele voluntariamente.
Este versículo dá a entender claramente que os israelitas, que rejeitam o Servo do Senhor, não são povo sem religião; eles crêem em Deus e consideram o sofrimento como castigo pelo pecado. Só que eles observam o pecado no Servo, e não em si próprios. É o espírito de farisaísmo que é descrito pelo profeta.

53.5
“Mas ele” é contrastado novamente de maneira enfática com o “nós” anterior e simultaneamente com “nossas transgressões”, devido às quais o castigo foi sofrido por Ele. Aquilo que Lhe sobreveio agora é descrito com as palavras “traspassado” e “moído”. Existe certa diferença de opinião a respeito da questão de esta descrição - em imagens pungentes - referir-se ou não ao sofrimento do Servo, suportado durante a Sua vida, ou se a referência é à Sua morte violenta. lndubitavelmente há aqui um elemento figurativo na palavra “moído”. Pode referir-se ao efeito paralisante da enfermidade, ou ao efeito de palavras ofensivas, contundentes; mas é também - e freqüentemente - usada para designar o sofrimento mediante violência. Ela pode descrever sofrimento encontrado no curso da vida de alguém, mas em seu significado mais amplo refere-se à culminação dos sofrimentos, na morte.
Mais definida é a expressão “traspassado”, palavra que dificilmente pode referir-se a outra coisa que não seja morte por violência. Portanto, não pode ser negado que esta é a intenção básica do que é retratado aqui. Isto não subentende uma modificação verdadeira; o retrato precedente de sofrimento é muito genérico; lembre-se que “enfermidades” pode referir-se tanto a feridas quanto a doenças. Este versículo agora acrescenta duas coisas ao quadro anterior. A primeira é que este sofrimento continuará até o seu fim amargo, como se deixa entrever também na palavra “moído” quando ela é considerada em seu sentido mais completo (cf. Já 6.9). A outra é que este fim será ocasionado por violência humana (cf. vv. 7a, 8a, 50.6ss.), e assim é razoável que esta violência tenha desempenhado um papel importante para causar as “dores” e “enfermidades” mencionadas anteriormente.
Contudo, a intenção principal deste versículo é a confissão de que esse destino cruel Lhe coube “pelas nossas transgressões” e “pelas nossas iniqüidades”, retratando a primeira palavra o pecado como transgressão ou violação dos limites morais estabelecidos por Deus, enquanto a segunda enfatiza a natureza do pecado, que produz culpa. A pequena preposição “pelas” deve ser considerada em sua plena força. Se o texto diz que Ele foi traspassado pelo pecado de Israel, então que ele quer dizer é que Israel fez com que Ele sofresse e morresse por causa dos seus pecados - isto é, por meio de injustiça e violência. Mas a palavra é “pelas”. Mediante a escolha desta preposição o pecado de Israel é mencionado como razão determinante pela qual todo este sofrimento Lhe sobreveio. Quando Ele, portanto, como diz o versículo 4, tomou sobre Si e carregou as nossas enfermidades e as nossas dores, fê-lo assumindo livremente o castigo por nossas transgressões.
E é assim que o sofrimento é considerado nas palavras seguintes: “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele”. A frase original é realmente “o castigo de nossa paz ... “ que significa o castigo que resulto:u em nossa paz, como diz a frase paralela: “pelas suas pisaduras fomos sarados” (cf. I Pe 2.24). A ênfase é dada no aparente absurdo que se subentende aqui. Ninguém espera que um castigo - no verdadeiro sentido da palavra, o ato de sofrer uma sentença judicial - resulte em paz, nem que cura resulte de chagas. Mas neste versículo é afirmado, com santa admiração, que esta aparente tolice esconde em si a mais elevada sabedoria. O segredo está na substituição. O castigo que caiu sobre Ele por nossas transgressões - porque Ele o tomou sobre Si e carregou (v. 4) foi, portanto, “o castigo de nossa paz”, visto que nossa dívida foi quitada. E porque Ele aceitou “as suas pisaduras” (ARC, ARA, IBB) “pelas nossas iniqüidades”, elas resultaram no fato de sermos “sarados”, portanto, em nossa cura.
Mais algumas coisas precisam ser ditas a respeito de determinadas palavras. A palavra hebraica que traduzimos como “paz” (shalom) é muito mais inclusiva do que a palavra portuguesa, visto que ela abrange toda a salvação, bênção e felicidade (cf. comentário a 9.6). Esta salvação de dimensão plena flui diretamente do fato de que aqueles cujo castigo Ele sofreu, agora estão livres do castigo e da ira de Deus, e portanto, participam da Sua misericórdia e graça, que é a fonte de todas as bênçãos que gozam.
A palavra traduzi da como “pisaduras” (cf. ARC, ARA, IBB) também não é tão restrita quanto a nossa, em termos de significado. Talvez uma tradução mais exata seria “feridas” (cf. BJ e NM). Esta palavra pode referir-se a ferimentos infligidos por pessoas (Gn 4.23; Ex 21.25), mas também a uma “chaga” (cf. Sl 38.5). De qualquer forma, o quadro resultante não é muito definido. A mesma coisa acontece com a palavra usada para designar a “cura” que nos provém de Suas “pisaduras” e que forma um contraste com elas. A implicação é que o sofrimento que Ele suportou foi o que Israel merecia. Este sofreu, mas em proporção muito menor. Assim, deve-se dizer que Ele suportou o sofrimento no lugar de Israel. A enfermidade da qual este é curado geralmente inclui toda a angústia, miséria e sofrimento que este suportou por causa dos seus pecados; e a “cura” é salvação de tudo isto. Uma outra pergunta é: quem são as pessoas que compartilham desta cura? O profeta não diz expressamente quem são elas; da mesma forma como em geral ele não fala, não indica com precisão em nome de quem ele está falando no decorrer de todo este capítulo. Contudo, é claro que este “nós” é somente o verdadeiro Israel, os que não persistem em seu julgamento carnal inicial a respeito do Servo do Senhor, mas aprendem a consentir no que o profeta proclama a respeito dEle; ou seja, aqueles poucos a quem foi revelado o braço do Senhor(v.l).

53.6
Um quadro mais preciso da situação vivencial do povo agora é pintado mediante a imagem de ovelhas desviadas. Esta figura também, por um lado, retrata a miséria de Israel; por outro lado, é uma descrição do seu pecado, como se torna claro mediante a declaração que se segue imediatamente - de que ele “caiu” sobre Ele. O povo se havia desviado dos caminhos do Senhor (63.17; são como ovelhas sem pastor (cf. Sl 119.176; I Pe 2.25), que perderam o caminho, e vagueiam desesperançadas, como presa potencial dos predadores que as espreitam. E também, o laço de unidade é quebrado. O rebanho se dispersa em todas as direções: “cada um se desviava pelo caminho”. Na angústia causada pela disposição pecaminosa de cada um, todos passaram a viver para si apenas, não se preocupando pela sorte dos outros. Cada pessoa simplesmente procurou cuidar de si (cf. 56.11), precisamente algo que não pode ser feito.
E, além disso, falando do remanescente fiel de Israel, o profeta tem o privilégio de proclamar que eles escaparam à sorte que podiam esperar com justiça, em suas andanças a esmo, por serem obstinados. “O Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Essa “iniqüidade” ou “dívida” é uma força perniciosa, portanto, que pode ferir e prejudicar uma pessoa. Mais uma vez, a coisa maravilhosa é que o povo de Israel não é ferido e prejudicado por sua iniqüidade, mas o efeito integral de sua iniqüidade é afastado do povo pecador, e “cai” sobre a cabeça do Homem de Dores. Este versículo acrescenta expressamente que ninguém mais além do próprio Senhor decretou e providenciou isto.

53.7
A descrição do Seu sofrimento agora chega ao clímax, ao ser pintado o quadro da maneira como o Servo o suporta. Primeiramente, a natureza atormentadora do tratamento que Lhe é dispensado é descrita suscintamente pela expressão “Ele foi oprimido”. É a mesma palavra traduzida algures pelo verbo “afligir”, como quando os exatores de escravos no Egito afligiam os israelitas, obrigando-os a trabalharem arduamente (Ex 3.7), ou quando os condutores de animais conduziam as suas manadas (9.4; Jó 39.10). É esta última acepção que nos vem à mente aqui; o Servo do Senhor é afligido, maltratado e atormentado, da maneira como um animal é maltratado por um condutor violento. Assim, aqui se faz menção clara de maus tratos às mãos de outrem (cf. v. 5; 50.6ss.).
À guisa de contraste, agora se declara que o Servo do Senhor suportou tudo isto com paciência. Ele Se permitiu ser humilhado sem oferecer resistência, e até mesmo sem “abrir a sua boca” para resistir verbalmente ou para revidar à altura as palavras de injúria dirigi das contra Ele (cf. I Pe 2.23). Esta atitude de não-resistência agora se torna mais intensa. A primeira a ser usada é a figura do cordeiro levado ao matadouro sem resistência. Depois, as imagens mudam, para mostrarem o animal não apenas sendo preparado, mas especialmente no momento em que sofre o que lhe fizerem, não importa o que. O quadro de um matadouro não serve mais - pois então não se pode falar de silêncio voluntário - e assim, agora se aduz a imagem da ovelha sendo tosquiada; uma conseqüência ulterior é que a ovelha toma o lugar do cordeiro, visto que cordeiros não são tosquiados. Portanto, como o cordeiro e a ovelha que sofrem a sua sorte em silêncio voluntário, Ele também - repete-se no fim com ênfase - “não abriu a boca”. A imagem do cordeiro, aqui, em conjunção com o cordeiro pascal de Êxodo 12.3, é a base para a designação de Cristo como Cordeiro de Deus, no Novo Testamento (Jo 1.29; I Pe 1.19).

53.8
Pode-se dizer que a profecia muda de direção novamente, visto que daqui em diante o foco é cada vez mais no resultado do sofrimento do Servo. A partir daqui, também, a tradução e explicação tornam-se mais difíceis. Muitos eruditos têm considerado que as palavras “por juízo opressor foi arrebatado” significam que Deus libertou o Seu Servo da Sua terrível angústia, e o tomou para Si próprio. Mas isto dificilmente pode ser correto, visto que o contexto mostra que aqui este pensamento permanece em segundo plano. Por esta razão, precisa-se honrar a ênfase de que - em consonância com a ordem das palavras do original - recai, não em “arrebatado”, mas nas primeiras palavras: “por juízo opressor”. Ele foi arrebatado, separado da terra, depois da opressão e juízo; não lhe foi concedido um fim pacífico, mas Ele viveu como alguém perseguido até a morte, e como criminoso sentenciado. A palavra “opressor” refere-se aos maus tratos a Ele infligidos pelos homens, descritos anteriormente. À luz do cumprimento, pode-se pensar na aflição infernal que Cristo sofreu no Getsêmane e na cruz, embora isso não seja mencionado expressamente. Alguns estudiosos traduzem “da prisão”; e de fato o hebraico permite esta tradução, e em vista do que se segue ela também é coerente. Contudo, eu prefiro ficar com o significado mais genérico de “opressor”. A palavra seguinte refere-se mais especialmente a “juízo”; como um criminoso, o Servo do Senhor é trazido diante de um juiz e condenado à morte - “cortado da terra dos viventes”. O cumprimento desta profecia ensina, mais uma vez, que o processo jurídico conduzido pelos homens tinha antecedentes mais profundos no julgamento de Deus, em que Ele precisava aparecer como o Redentor dos pecadores.
A fase final da Sua vida na terra, portanto, foi desta forma terrível e desgraçada até que Ele foi “arrebatado” - isto é, da terra dos viventes, como diz este versículo. A expressão “arrebatado” serve, assim, para tornar ainda mais completa a descrição do triste quadro; o profeta se queixa de que Israel não conseguiu reconhecê-la, e agora Ele Se foi, de forma que o povo se privou da Sua presença salvadora e benéfica.
Esta, a meu ver, é também a intenção da pergunta que se segue. Eu traduzo: “E quem figurará em sua habitação?”30 Nesta pergunta há uma implicação de que, com uma simples referência ao túmulo em que colocaram o Seu corpo (v. 9), não foi dita a respeito dEle a última palavra. Mas à moda do Antigo Testamento, a Sua peregrinação por regiões mais altas permanece velada, e a ênfase continua a ser exercida no fato de que através da Sua morte violenta Ele agora foi removido publicamente da vida de Israel. A mesma idéia é exarada pela declaração que se segue, onde o Seu fim frustrante é descrito novamente: “Porquanto foi cortado da terra dos viventes”. A palavra “cortado” é usada com referência a árvores ou madeira (II Rs 6.4) e. é peculiarmente apropriada a uma morte violenta. “Por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido”, é uma repetição enfática que declara que tudo isto aconteceu devido ao pecado de Israel. O profeta aqui o chama de “meu povo” para mais uma vez dar expressão à Sua solidariedade, da qual ele testificou durante todo este capítulo.
(30) Quanto ao significado de “habitação”, veja 38.12; compare o verbo correspondente no Salmo 84.11. (Com referência à tradução da palavra dor como “descendentes” ou “linhagem”, o ponto de vista do autor é que dor significa a geração que está viva em um determinado período de tempo, e em sentido derivado, uma certa classe de pessoas, como os ímpios, mas não descendentes; para tal existe outra palavra. Veja o v. 10 - TRAD.).

53.9
A intenção dos adversários do Servo do Senhor é que o Seu sepultamento seja tão vergonhoso quanto a Sua morte: “Designaram-lhe a sepultura com os perversos”. Os “perversos” não são apenas pessoas más em geral, mas aqueles que merecem um enterro desonroso em particular, como criminosos condenados, por exemplo. Isto é o que havia sido planejado para o Servo do Senhor; deve-se lembrar, quanto a isto, que em Israel, mais do que entre nós, um sepultamento desonroso era considerado como destino terrível (cf. 14.18-19; 26.14).
As palavras que agora se seguem são interpretadas de diferentes maneiras. A minha tradução é: “Contudo, Ele estava com o rico em Sua morte”. A implicação é que falhou o plano dos Seus inimigos, visto que por uma disposição providencial de Deus, Ele Se viu em Sua morte - isto é, como alguém que havia morrido - com os ricos. Portanto, Ele não foi apenas protegido da desgraça planejada a Seu respeito, mas chegou até a merecer uma demonstração de honra, sendo sepultado em um túmulo de distinção (cf. 22.16). Se isto é correto, então a descrição aqui feita está voltando-se para a Sua vindicação e exaltação por Deus. Esta profecia, portanto, encontrou notável cumprimento no sepultamento de Cristo no túmulo de José de Arimatéia (Mt 27.57ss.).
Vários intérpretes, porém, são de opinião diferente. Eles acham que estas palavras não podem formar um contraste com as precedentes, mas precisam descrever algo semelhante; portanto, também um enterro desonroso. Calvino já cria que os “ricos” aqui tinham o mesmo significado de “perversos” na linha anterior, porque as pessoas freqüentemente permitem que as riquezas as tentem à impiedade. Pode-se ter opinião diferente aqui, porque em o Novo Testamento este versículo não é mencionado, e não é indicado expressamente como tal um cumprimento especial na forma e lugar do sepultamento de Cristo. Assim mesmo, a grande objeção à opinião de Calvino é que em lugar nenhum a Escritura fala dos ricos como se ser rico é equivalente a ser perverso. E mesmo que fosse este o caso, a conclusão não é automática, pois mesmo que todos os ricos fossem perversos, a nem todos foi destinado um sepultamento desonroso, e este é o ponto em questão. Intérpretes mais recentes, portanto, abandonaram esta exegese, e os que crêem que esta parte do versículo precisa ser paralela e sinônima da linha precedente, e portanto fala de um enterro desonroso, preferem presumir que o texto foi corrompido, e que originalmente outra palavra ocupava o lugar de “ricos”, uma palavra que fosse equivalente aproximada de “perversos”. Visto que tudo isto é conjectura, creio que devemos nos ater ao texto que nos foi transmitido, e que pode ser interpretado apenas no sentido explicitado acima.
A conclusão deste versículo, portanto, apresenta a razão para o ato providencial que preparou para o Servo do Senhor um sepultamento de honra, em vez do desonroso que Lhe fora destinado: (porque31) nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca” (cf. I Pe 2.22). Deus recompensou a Sua inocência, e o primeiro sinal disto é o lugar do Seu túmulo. Essa inocência é descrita em termos dos Seus atos e palavras. A razão de coisas externas assumirem assim o primeiro plano, é que Ele está sendo contrastado com os perversos, com quem Ele fora classificado. Mas Ele não era, como eles, um praticante de violência e enganador. É coerente com todo o quadro, completá-lo com o pensamento de quem Ele de fato é - Alguém cujos atos foram inteiramente retos, cujas palavras eram totalmente verdadeiras, e cujas reflexões mais íntimas eram perfeitamente puras.
(30) Outra interpretação, sem dúvida, força a tradução da cnjunção cal por “através”; esta tradução, embora possível (Jó 10.7), não é a costumeira; “porque” é muito mais geral (cf. ARC). Portanto, este também é um argumento em favor da minha interpretação.

53.10
A referência à inocência do Servo novamente traz à tona, tanto para o profeta quanto para os seus leitores, a questão de como deve ser entendido o Seu sofrimento. E embora a resposta já tenha sido dada, o profeta mais uma vez oferece uma explicação que suplementa a resposta dada anteriormente, revela as razões mais profundas para esta vida de sofrimento inteiramente misteriosa e leva a profecia ao seu apogeu. Ele não sofreu por causa de qualquer pecado encontrado em Si próprio, mas porque agradou ao Senhor moê-LO. A idéia de que por trás de todos os atos de injustiça humana havia uma obra oculta do Senhor, já foi expressa (v. 6); esta é repetida sublinhando especialmente o “agrado” prazer ou vontade do Senhor manifestos nisso. Este é o fim de todo o questionamento humano, mas não é mera arbitrariedade. Tem, pelo contrário, a tendência de rumar para um alvo divino e glorioso, como é indicado em parte no versículo anterior, e será mostrado mais minuciosamente em um momento. Foi do agrado do Senhor “moê-lo” - nada menos (cf. v. 5). Daí, a mais terrível experiência que o Homem de Dores teve de suportar aqui é pintada diretamente como obra de Deus, atribuição esta reforçada pela declaração “(Ele O) fez enfermar” (cf. v. 3).
A descrição do propósito divino que agora aparece, começa mencionando aquilo que deve ser o alicerce de tudo o que se segue; primeiro,·a vida do Servo do Senhor é uma oferta pela culpa. Assim, de acordo com o plano divino de redenção, todo o Seu sofrimento tem o caráter de uma. oferta pela culpa. É Ele próprio, em pessoa, que traz essa oferta, algo essencialmente diferente dos sacrifícios de animais, que não eram ofertas voluntárias, pessoais (cf. v. 11).
Não é indicado expressamente em que consiste o Seu sacrifício. O contexto sugere, contudo, que este não pode ser outro senão que a Sua “alma” ou pessoa Se oferece. As ofertas pela culpa e as ofertas pelo pecado eram os únicos atos verdadeiramente expiatórios; isto é, ofertas especialmente feitas para fazer expiação pelo pecado. Contudo, a característica especial de uma oferta pela culpa, além disso, era que a idéia de satisfação, em relação aos direitos ou leis que haviam sido violados, eram mais proeminente.32 Chamando-a de oferta pela culpa, o sofrimento do Servo do Senhor é colocado na categoria de satisfação substitutiva. Ao mesmo tempo há uma implicação de que as ofertas pela culpa, e todo o ministério de sacrifícios em geral, apontava em última análise para um sacrifício melhor do que o que consistia no sangue de touros e bodes.
(32) Isto se torna claro devido ao fato de que uma oferta pela culpa precisava ser levada ao templo para servir de explicação por roubo de propriedade (cf. Lv 5.14-16).

A vontade do Senhor é ligar com esta oferta pela culpa a perspectiva de um futuro melhor reservado para o grande Sofredor. Ele “verá a sua posteridade e prolongará os seus dias”. Estas bênçãos são mencionadas muitas vezes no Antigo Testamento. Aqui, porém, elas evidentemente subentendem um sentido mais elevado. O significado de “posteridade” é os Seus descendentes espirituais, a congregação nascida dEle, o verdadeiro Israel (cf. Hb 2.13); eles são os mesmos a quem é dito no versículo 11 que Ele os “justificará”. A vida com “dias prolongados” assume um significado peculiar, porque é uma vida posterior à Sua morte, a vida de uma pessoa ressurreta (cf. Ap 1.8). Neste versículo apresenta-se claramente a evidência da maravilhosa obra de Deus, que cabe apenas ao Servo do Senhor, e que pode ser crida apenas por aqueles a quem foi revelado o braço do Senhor (v. 1). Não apenas a cruz, mas também o túmulo vazio são mostrados claramente nesta maravilhosa profecia. Isto é ainda mais significativo porque no Antigo Testamento a doutrina da ressurreição ainda não estava desenvolvida (cf. comentários a 26.19).
Assim é que, para Aquele que parecia sucumbir, estavam reservados um futuro glorioso e uma tarefa grandiosa. Isto fica claro devido ao seguinte: “A vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”. No começo do versículo a vontade divina é mencionada como a razão mais profunda para todos os Seus sofrimentos. Agora a vontade do Senhor prova-se ter abrangido um futuro distante que começa depois de se completarem os Seus sofrimentos. O seu verdadeiro conteúdo é detalhado no versículo seguinte; aqui se diz apenas que ela “prosperará”, o que significa que encontrará frutificação ainda mais completa. Como? Isso acontece “nas suas mãos”, isto é, através do ministério e mediação do Servo, que desta forma é revelado como o Servo do Senhor e Mediador da salvação decidida por Deus.

53.11
Nos dois versículos anteriores o profeta cessara de agir como porta-voz dos fiéis em Israel, e falou simplesmente como o arauto do plano divino de redenção. Esta forma de discurso é enfatizada nos dois últimos versículos, mediante a apresentação do próprio Senhor como orador.
A descrição do fruto do Seu sofrimento continua aqui. Novamente, antes de tudo o mais, é declarado que a Sua satisfação vem “depois” ou “por causa” do sofrimento, da miséria, da dor, da tristeza “de sua alma”, dando-se a entender que o Seu sofrimento, embora também descrito como “enfermidade”, tocara não apenas o Seu corpo, mas também toda a Sua pessoa, acima de tudo, o Seu íntimo (cf. v. 10). Aquilo que Ele agora recebe como conseqüência, é antes de tudo que Ele “verá ... e ficará satisfeito”. Os dois verbos constituem um só conceito, e significam que a contemplação da salvação que Ele adquirira para outrem e para Si próprio - fato que deve ser detalhado ulteriormente - O satisfaz e refrigera.
É mencionada especificamente a “justiça” que Ele conferirá a muitos, e a conferirá “com o seu conhecimento”. Alguns desejam traduzir, pelo contrário, “por conhecê-lo” - tradução que é lingüisticamente possível, e também faz sentido, visto que conhecendo o Homem de Dores em fé, muitos de fato serão justificados. Contudo, em vista de outras passagens do Antigo Testamento, parece melhor pensar aqui no conhecimento que o próprio Servo possui. Este conhecimento que o Mediador possui também é mencionado em outros lugares, não apenas ao retratar o Rei Messiânico (11.2), mas particularmente o Servo do Senhor (50.4). É verdade que Ele é retratado ali primordialmente como profeta, enquanto que neste capítulo é mais proeminente o Seu ofício sacerdotal. Mas a possibilidade de que neste capítulo a menção seja às características de um profeta, não está inteiramente excluída; e a Escritura geralmente faz distinção entre os ofícios do Mediador, mas nunca os separa. Além disto, o conhecimento também faz parte do “equipamento” do sacerdote, pessoa que serve também como mestre do povo (Os 4.6; Ml 2.7). Algures no Antigo Testamento se faz referência a mestres que, mediante o seu ensino, “conduzem muitos à justiça” (Dn 12.3). Embora o conhecimento do Servo do Senhor não seja descrito mais minuciosamente aqui, ele é naturalmente, como em outras passagens (50.4) um conhecimento espiritual concernente a Deus e ao Seu plano de redenção.
O detentor deste conhecimento é expressamente chamado de “meu servo” (cf. 52.13), indicação de que tudo que Ele faz é realizar e executar a obra e a vontade de Deus (v. 10). Além disso, é-lhe creditado o fato de ser “justo”. Este veredicto divino contrasta fortemente com o juízo pronunciado pelo incrédulo Israel (v. 4b) e corresponde com o que é dito em 11.4-5 a respeito do Rei messiânico. Porém, mais do que qualquer outra coisa, aqui há uma indicação da base do que se segue, a saber, que Ele “justificará a muitos”. Isto Ele pode fazer apenas porque Ele próprio é justo (cf. Rm 5.18). E isto Ele faz “com o seu conhecimento”, ou seja, pelo ensinamento que Ele ministra do Seu fundo de conhecimento. Aquele que sofreu pelos pecados do Seu povo é também o mestre que possui o verdadeiro conhecimento, e o transmite ao povo. Este tem necessidade dele; para este o braço do Senhor não fora revelado (v. 1), e ele estava cego para com a obra que Deus realizara no Seu sofrimento, e através dele (vv. 4-5). Ele, todavia, entendeu tudo isto, como se torna evidente diante da disposição com que Ele assumiu este sofrimento sobre Si mesmo. Agora Ele transmitirá esse conhecimento também a outros, e assim lhes propiciará “justiça” - isto é, os levará à posição dos “justos”, que participam de toda a salvação prometida aos justos. Desta doação fluem a “paz” e a “cura” que foram mencionados anteriormente, como frutos do Seu sofrimento (v. 5).
Aqueles a quem este privilégio for conferido, são chamados de “muitos”. Isto significa mais ou menos o que chamaríamos de “maior parte do povo” (cf. Dn 9.27; 11.33,39; 12.3); isto não deve ser considerado em sentido absoluto, mas relativo. Em contraste com Ele, que é um só, eles são “muitos” (Rm 5.19), a grande multidão da qual, como porta-voz, o profeta confessou: “Pelas suas pisaduras fomos sarados”.
O profeta aduz: “As iniqüidades deles levará sobre si”. A conjunção “porque” aqui funciona como razão motivadora. A idéia é novamente que fundamentalmente a razão para a justiça de “muitos” deve ser encontrada em Seu sofrimento vicário (cf. v. 4). É somente porque Ele leva as suas iniqüidades e transgressões (cf. v. 5) sobre Si, que Ele pode lhes conferir a Sua justiça.

53.12
Por meio de um “por isso” o profeta aproveita-se do ato do Servo de levar as iniqüidades de muitos, a fim de descrever de outra maneira a recompensa que Ele receberá por isso. O Senhor lhe dará “muitos como a sua parte”. Estes são os mesmos33 a quem Ele havia conferido justiça (v. 11). Essa multidão, que Ele redime com base no Seu sofrimento, agora se torna Sua porção: cabe-lhe como possessão; ou, como é repetido em outras palavras, “com os poderosos repartirá ele o despojo”34. O Homem de Dores agora é um Rei conquistador, que reivindica um povo numeroso como o Seu, por direito de conquista através de uma luta tremenda.
(33) Esta palavra pode significar tanto “muitos” como “grande”, da mesma forma como na linha seguinte “numerosos” também significa “poderosos”. O autor argumenta que visto que no versículo 11 foi usado “muitos”, a tradução do versículo 12 deve ser consentânea, pois a mesma expressão ocorre outra vez no fim do versículo - TRAD.
(34) ARA e muitas outras traduções dizem: “e com os poderosos repartirá ele o despojo”. Contudo, esta tradução, com a que é feita na linha anterior, deixa de fazer justiça à elevada posição ocupada pelo Servo do Senhor; ela é de tal sorte (cf. 10b; 49.7; 52.15) que não se pode dizer que Ele tem condição igual aos “poderosos”. Portanto, é provável que “muitos” deva ser considerado como objeto direto: “o Senhor repartirá com Ele os muitos ...” O ponto de vista do autor coincide em grande parte com a de James Muilenburg na The Interpreter's Bible, vol 5, p. 631 - TRAD.

Antes de encerrar o poema, o profeta repete as bases para a elevação do Servo. Ele recebe tudo isto “porquanto” - ou seja, uma recompensa pelo fato de que - Ele derramou a sua vida (cf. SI 141.8) “na morte”, de forma que se tornou presa da morte. Mais uma vez se diz que Ele Se permitiu ser “contado com os transgressores”. A palavra “transgressores”, à semelhança de “perversos”, no versículo 9, refere-se a criminosos. Com esses Ele Se permitiu ser contado (cf. Lc 22.37), pois preferiu que o povo O considerasse ferido de Deus por causa dos Seus próprios pecados (v. 4) e condenado como bandido pelo juiz (vv. 8-9).
As palavras finais indicam claramente o enorme grau de abnegação implícito em todo este processo. O Servo do Senhor prefere submeter-Se a isso tudo, enquanto que a verdade é tão diferente. A verdade é que “ele” - o pronome é enfático (cf. v. 4) - “as iniqüidades deles levará sobre si” (v. 11b) e “pelos transgressores intercedeu” (v. 12b), e portanto é o oposto de um patife. Os transgressores, pelos quais Ele intercede, são os que ocasionaram a Sua execução, e por cujas iniqüidades Ele foi “traspassado” (v. 5). Ele foi assim considerado; eles eram de fato os transgressores. Aqui todos são levados a pensar no clamor! “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Le 23.34) - um cumprimento literal.
Ao olharmos novamente esta profecia do sofrimento e exaltação do Servo do Senhor, verificamos diante de nós o quadro mais claro do Cristo que estava para vir, que se pode encontrar no Antigo Testamento. Tem-se dito corretamente que parece que este capítulo foi escrito aos pés da cruz do Gólgota.
O cumprimento desta profecia no sofrimento e exaltação de Cristo muitas vezes é literal e sempre comovente; como tal, ele é uma das mais vigorosas confirmações da verdade divina da Escritura.
As citações diretas deste capítulo que ocorrem no Novo Testamento não são tão numerosas quanto seria de se esperar. Sem se considerar o episódio do eunuco etíope (At. 8.26ss.), as citações mais claras ocorrem em I Pedro 2.22-25. Compare a declaração de João Batista referente ao “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29) com 53.4,7, e o pronunciamento de Jesus a respeito da entrega de Sua vida como resgate por muitos (Mt 20.28) com 53.10. Contudo, os efeitos posteriores desta profecia no Novo Testamento não podem ser reduzidos a estas citações. A repetida afirmação de Jesus de que o Cristo precisava sofrer de acordo com as Escrituras, e assim entrar na Sua glória (Lc 18.31-33; 24.26) certamente não é, em último lugar, uma referência a esta profecia, e indica-nos, em relação a Ele próprio, que neste capítulo Ele via diante dos Seus olhos o programa divino de sofrimento que Ele estava para empreender.
Não é apenas o Novo Testamento que mostra que esta profecia tem em vista o Cristo que havia de vir. De fato, pelo contrário, ela própria mostra as maiores evidências de que está falando - e isso, diretamente do grande Redentor do futuro, que não pode ser outro senão o Messias. Todas as outras explicações, quer apresentem o profeta falando de Israel, dos profetas coletivamente, do próprio profeta, ou de outrem como o alvo destas profecias, são inadequadas (cf. a discussão prefaciando 52.13).
Isto não quer dizer que não há um elemento de verdade nestas interpretações. Os profetas, ao descreverem o futuro, tendem a usar as formas e figuras do passado ou do presente. A prefiguração do Rei Messias inclui várias características derivadas dos reis davídicos existentes. Assim, pode-se subentender que certas figuras do passado ou do presente, ou do período do exílio (em que o profeta estava presente no espírito) tenham exercido influência sobre a retratação do Homem de Dores aqui feita. Já vimos anteriormente (introduzindo 41.1) que o Servo do Senhor também é descrito como o verdadeiro Israel. Desta forma, pode-se suspeitar que o pensamento do sofrimento de Israel no exílio tenha influenciado o enredo de sofrimento elaborado aqui. Contudo, isto não é muito provável, porque o Servo do Senhor é constantemente contrastado aqui com Israel, e por causa do elemento de inocência, tão característico do sofrimento do Servo, e que falta a Israel. Portanto, pelo contrário, pode-se pensar em um homem piedoso como Jó, em cujo caso particular o sofrimento não foi o castigo por um pecado determinado, e que também experimentou uma avaliação injusta e um tratamento indevido. Ainda mais provável é o pensamento de um mártir cujo sofrimento Isaías pode ter presenciado, presumindo que ele estivesse vivo para experimentar a perseguição movida por Manassés.
O ponto principal continua sendo, portanto, que diante dos olhos interiores do vidente, levantava-se uma figura do futuro que transcendia de longe tudo o que já havia visto em Israel. É a figura dAquele que irá remir Israel da culpa e do pecado, o Mediador do plano divino de salvação.



Boletim médico das Últimas horas de cristo

NOTICIA publicada no Jornal ItalianoLa Republica de grande circulação na Europa – 31.05.1999, p. 21.

ROMA – Os evangelhos não possuem apenas um valor teológico, mas ao narrar a paixão de Jesus, fornecem dados para um verdadeiro boletim médico que nos permite reconstruir em termos clínicos, as últimas horas da vida de Cristo. É esta a tese que o Professor Pierluigi Baima Bollone, diretor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Torino – Itália, relata em seu último livro, Os últimos dias de Cristo.

Em uma entrevista ao cotidiano Avvenire, Baima Bollone, explica de ter lido diversas vezes os relatos dos evangelhos, - em especial o de Lucas, que havia conhecimento médico – para poder reconstruir os sofrimentos de Jesus, que vai da noite escura no Jardim do Getsemani até Sua morte na cruz, afirmando que o estudo médico legal é completamente a favor do relato bíblico e historia dos evangelhos.
O especialista torinense reconstruiu a ficha clinica de Jesus, que desde menino houve um desenvolvimento normal e harmônico, como demonstra as longas viagens que fazia junto aos seus pais, e que ao retornar a Jerusalém, adulto, tinha uma boa saúde, mas estava um pouco magro, e de fato os fariseus o confundiam como alguém que tivesse 50 anos.
No horto do Getsemani, afirma Prof. Baima Bollone, Jesus manifesta alguns dos 16 sintomas típicos da síndrome do pânico, que não indica apenas um simples estado de medo, mas um profundo resultado de vários sofrimentos. Ao suor, junta-se o desejo de fugir, o medo de morrer, a queda por terra e a angustia, que por fim, se transformam em suor de gotas de sangue, das quais falam os evangelhos, tudo isto perfeitamente explicável pela medicina como um total trabalho neurovegetativo. Portanto diante de Caifas, a reação de Jesus, quando diz: tu dizes em resposta as perguntas do sumo sacerdote, demonstra, segundo Baima Bollone, como o interrogado sob forte stress, tende a declarar a sua visão dos fatos, para reabilitar-se das falsas acusações e recuperar o senso de auto estima.
A este stress psicológico se somam às torturas físicas: os extenuantes interrogatórios, as pancadas dos soldados, a violência das 39 flagelações e o arrancar das vestes, que segundo o estudioso italiano, deve ter provocado o mesmo efeito de quando se arranca com violência, um curativo de um ferimento ainda aberto. Quanto a causa final da morte de Jesus, Baima Bollone, pensa que tenha sido provavelmente asfixia, complicada por ataque cardíaco terminal, e trombose coronária ocorridas depois de poucas horas sobre a cruz, pois Jesus se encontrava fraco, devido as torturas recebidas. Todos estes dados são perfeitamente compatíveis com o que se lê nos evangelhos.

Tradução do texto
Pastor Valmir Farinelli (pastor e missionário em Siracusa - Itália)

Boletim Médico das últimas horas de Jesus Cristo

Relato aqui a descrição das dores de Jesus feita por um grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet, dando a possibilidade de compreender realmente as dores de Jesus durante a sua paixão.

Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso, portanto escrever sem presunção.

Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o evangelista Lucas – orava mais intensamente. E seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão dum clínico. O suar sangue, ou hematidrose, é um fenômeno raríssimo. Produz-se em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.

02. Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.

03. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).

04. Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.

05. Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la é atroz. Alguma vez vocês tiraram uma atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?

06. O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos horrível suplício! Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), o apoiam sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente.

07. No mesmo instante o seu pólice, com um movimento violento se posicionou opostamente na palma da mão o nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais insuportável que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse sido cortado! Ao contrário (constata-se experimentalmente com freqüência) o nervo foi destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.

08. O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o laceraram o crânio. A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. As feições são impressas, o vulto é uma máscara de sangue.

09. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa de uma horrível crise que não se pode descrever. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios.

10. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu crânio!

11. Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Porque este esforço? Porque Jesus quer falar: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável!

12. Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis, zunem ao redor do seu corpo irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura se abaixa. Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?. Jesus grita: Tudo está consumado!. Em seguida num grande brado disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.

E morre.

Ele fez tudo isso por amor a você!
E você, o que faz por ele?!?




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