Lição 8 - 21/02/10

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EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO
Lição – 08 (CPAD)
21 de fevereiro de 2010
1° trimestre



Caro professor de EBD.
Se sua Igreja adota as revistas da CPAD, desejamos que o conteúdo disponibilizado neste blog, possa auxiliá-lo no preparo de sua aula.
É um blog recém-criado, e que gradativamente, seu conteúdo será enriquecido, para que possa tornar-se uma ferramenta poderosa de auxílio aos professores de Escolas Bíblias Dominicais ou Sabatinais.
Em mais de trinta anos participando ativamente em todas as esferas da EBD, pude observar que noventa e cinco por cento dos professores tinham dificuldades no preparo de suas aulas por não disporem de conteúdos paralelos de pesquisa, tais como: Dicionários, Enciclopédias, Bíblias Comentadas, livros de Comentários Bíblicos, livros de Teologia Sistemática ou mesmo livros que comentam o texto bíblico com base nos princípios hermenêuticos e exegéticos.
O professor de EBD deve, em uma atitude ativa, dinâmica e progressiva, desenvolver o hábito de leitura. E isso não restringe somente a leitura da Bíblia. Um bom professor de EBD deve, gradativamente, ir compondo sua biblioteca com os tipos de livros citados acima, bem como, livros nas áreas de: liderança, comportamento, relacionamentos, literatura romanesca (nacionais e estrangeiras), psicologia e ciência.
Nenhum professor deve exigir, de si mesmo, o domínio total nessas áreas do conhecimento. Basta tão somente conhecê-las, e isso, só se consegue por meio de leitura. Pois quando somadas ao conhecimento provindo do estuda da Bíblia, o Espírito Santo, proporcionará aos seus alunos uma aula enriquecedora, que irá ajudá-los nas transformações do cotidiano de suas vidas.
Nossa intenção não é preparar um modelo ou modelos de aula para serem usados, nem tão pouco, produzir o desenvolvimento do conteúdo da lição tópico por tópico, como são apresentados em todos os blogs e sites que intencionam ajudar o professor de EBD.
Nosso propósito maior é disponibilizar partes de textos, devidamente identificada sua autoria, para que o professor, com base nesses conteúdos, que talvez não tenha acesso por não possuir tais livros, possa, ele mesmo, preparar sua aula.
O professor verá, que ao final de um ano, após ter adotado a EBD WEB MASTER como ferramenta principal de auxílio no preparo de suas aulas, o quanto foi útil no crescimento pessoal, de sua classe, e por extensão, também de sua Igreja.
Esse blog crescerá de forma contínua, porém gradativa. Nosso objetivo maior é poder, o mais que possível, disponibilizar artigos que sirvam de auxílio ao professor.
Escreva para nós. Envie sugestões, comentários e críticas. Estamos aberto ao diálogo.
Ore e divulgue essa iniciativa.

KEMUEL CARVALHO
Professor de EBD




SEÇÃO I

Nessa Seção, para uma melhor compreensão do texto bíblico, e para elucidação de possíveis dificuldades, que por ventura, o professor venha a encontrar no campo semântico ou lingüístico do texto bíblico encontrado na LEITURA BÍBLICA, apresentaremos o mesmo texto, nas quatro versões mais usadas no meio cristão, que são: Versão Revista e Corrigida (RC), Versão Revista e Atualizada (RA), Versão Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH) e a Nova Versão Internacional (NVI).
O professor verá o quanto a leitura paralela desses textos irá proporcionar uma melhor compreensão do que esta sendo comentado nos tópicos da lição.



LEITURA BÍBLICA
2ª Co 6.14-18; 7.1,8-10


Versão Revista e Corrigida – RC
(Capítulo 6)
14. Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
15. E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
16. E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
17. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;
18. e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso.
(Capítulo 7)
1.    Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
8.    Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo;
9.    agora, folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para o arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.
10. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.


Versão Revista e Atualizada – RA
(Capítulo 6)
14. Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
15. Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
16. Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
17. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei,
18. serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.
(Capítulo 7)
1.    Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.
8.    Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (1063 vejo 991 que aquela carta vos contristou por breve tempo),
9.    agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis.
10. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.


Nova Versão Internacional – NVI
(Capítulo 6)
14. Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?
15. Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?
16. Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: “Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.
17. Portanto, “saiam do meio deles e separem-se”, diz o Senhor. “Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei”
18. "e lhes serei Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas”, diz o Senhor todo-poderoso.
  (Capítulo 7)
1.    Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.
8.    Mesmo que a minha carta lhes tenha causado tristeza, não me arrependo. É verdade que a princípio me arrependi, pois percebi que a minha carta os entristeceu, ainda que por pouco tempo.
9.    Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa.
10. A tristeza segundo Deus não produz, não remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte.


Versão Linguagem de Hoje – BLH
  (Capítulo 6)
14. Não se juntem com descrentes para trabalharem com eles. Pois como é que o certo pode ter alguma coisa a ver com o errado? Como é que a luz e a escuridão podem viver juntas?
15. Como podem Cristo e o Diabo estar de acordo? O que é que um cristão e um descrente têm em comum?
16. Que relação pode haver entre o Templo de Deus e os ídolos? Pois nós somos o templo do Deus vivo, como o próprio Deus já disse: "Eu vou morar e viver com eles. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo."
17. E o Senhor Todo-Poderoso diz: "Saiam do meio dos pagãos e separem-se deles. Não toquem em nada que seja impuro, e então eu aceitarei vocês.
18. Eu serei o pai de vocês, e vocês serão meus filhos e minhas filhas."
  (Capítulo 7)
1.    Meus queridos amigos, todas essas promessas são para nós. Por isso purifiquemos a nós mesmos de tudo o que torna impuro o nosso corpo e a nossa alma. E, temendo a Deus, vivamos uma vida completamente dedicada a ele.
8.    Não me arrependo de ter escrito aquela carta, embora vocês tenham ficado tristes por causa dela. Quando soube que a carta os deixou tristes por algum tempo, eu poderia ter ficado arrependido.
9.    Mas agora estou alegre, não porque vocês ficaram tristes, mas porque aquela tristeza fez com que vocês se arrependessem. Aquela tristeza foi usada por Deus, e assim nós não causamos nenhum mal a vocês.
10. Pois a tristeza que é usada por Deus produz o arrependimento que leva à salvação; e nisso não há motivo para alguém ficar triste. Mas as tristezas deste mundo produzem a morte.



SEÇÃO II

Nessa Seção, apresentamos alguns comentários extraídos de Bíblias Comentadas. Muitas vezes, os comentários podem não seguirem a mesma linha de raciocínio, isso porque, dentro da visão geral teológica da interpretação aceitável para o texto, estão as marcas dogmáticas e religiosas seguidas por cada comentarista.
E isso é bom para o professor de EBD, pois ele passar a tomar conhecimento de possíveis interpretações dadas para um mesmo texto. Cabe ao professor, apresentá-las, se necessário, porém, posicionando-se por aquela que ele considera mais próxima da linha dogmática seguida por sua Igreja.



COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL

6.14 JUGO DESIGUAL COM OS INFIÉIS
Diante de Deus, há apenas duas categorias de pessoas: as que estão em Cristo e as que não estão (ver abaixo, o es­tudo DUAS CLASSES DE PESSOAS). O cren­te, portanto, não deve ter comunhão ou amizade íntima com incrédulos, porque tais relacionamentos corrom­pem sua comunhão com Cristo. Neste contexto estão as sociedades nos negócios, as ordens secretas (Maçona­ria), namoro e casamento com incrédulos. A associação entre o cristão e o incrédulo deve ser o mínimo neces­sário à convivência social ou econômica, ou com o in­tuito de mostrar ao incrédulo o caminho da salvação (ver abaixo, o es­tudo O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO).
6.16 O TEMPLO DE DEUS COM OS ÍDOLOS?
Paulo apresenta um forte argumento no sentido de um crente nascido de novo, sendo templo de Deus e do Espírito Santo (Jo 14.23; 1ª Co 6.19; não poder ser habi­tado por demônios (ver baixo, o estudo O TEMPLO DE SALOMÃO).
(1) Os ídolos, tanto no AT quanto no NT, representa­vam demônios (Dt 32.17; 1ª Co 10.20,21 (ver abaixo, o estudo A IDOLATRIA E SEUS MALES). Logo, a pior forma de profanação no AT era colocar ídolos no pró­prio templo de Deus (2° Rs 21.7,11-14). Semelhantemente, nunca devemos profanar nosso cor­po, a habitação do Espírito Santo, permitindo aos de­mônios ter acesso a ele (cf. v.15, onde "Belial" refere­-se a Satanás; ver também Lc 10.19; 2ª Tm 2.25,26; 1ª Jo 4.4; 5.18).
(2) Embora um espírito imundo não possa habitar lado a lado com o Espírito Santo num verdadeiro cren­te, pode haver circunstâncias em que um espírito maligno aja num indivíduo cuja conversão esteja em marcha, não estando ele ainda plenamente regenera­do pelo Espírito Santo (ver abaixo, o estudo A REGENERAÇÃO). A conversão pode, às vezes, envolver a expulsão de demônios de uma pessoa que, sinceramente, deseja seguir a Cristo, mas que está enfrentando problemas maiores com certos pecados. Até ser aniquilado aquele poder ou controle demoníaco, a pessoa não poderá experimentar uma salvação plena e completa e, assim, tornar-se "templo do Deus vivente" (cf. Mt 12.28,29).
6.17 APARTAI·VOS.
Ver abaixo, o estudo A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE.
7.1 TEMOS TAIS PROMESSAS.
Paulo afirma com toda clareza que não podemos reivindicar as promessas maravilhosas e graciosas de Deus alistadas em 6.16-­18, sem uma vida de separação e de santidade. Este fato explica por que alguns perderam sua alegria cristã (Jo 15.11), sua proteção divina (Jo 17.12,14,15), resposta às orações (Jo 15.7,16) e o senso da presença paternal de Deus (Jo 14.21,23). Uma vida de parceria com o mundo significa perder a presença e as promessas de Deus.
7.1 PURIFIQUEMO-NOS.
OS crentes precisam purificar-se de todo pecado, do corpo e do espírito. Fazer isso significa romper totalmente com toda forma de tran­sigência ímpia e resistir, continuamente, aos desejos da carne. Devemos mortificar as ações pecaminosas do corpo, repudiá-las cada vez mais e fugir delas (vv. 9­-11; Rm 8.12,13; Gl 5.16).
7.5 FOMOS ATRIBULADOS... TEMORES.
Mais uma vez, as palavras e as experiências de Paulo nos relembram que problemas exteriores e temores interio­res podem também ocorrer ao crente verdadeiramente dedicado e nascido de novo.
7.6 CONSOLA OS ABATIDOS.
Faz parte da nature­za de Deus consolar os deprimidos e abatidos, uma vez que Ele é o Deus das misericórdias e da consolação (1.3). Na realidade, quanto mais somos afligidos, tanto maior será o consolo e a presença de Cristo em nossa vida. Note, neste versículo, que foi através de Tito que Deus consolou Paulo. Devemos sempre ser sensíveis à orien­tação do Espírito Santo, quando Ele nos dirigir para con­solar e animar uma pessoa necessitada.
7.10 TRISTEZA SEGUNDO DEUS... TRISTEZA DO MUNDO.
Aqui, Paulo identifica dois tipos de tris­tezas.
(1) Há a tristeza autêntica, causada pelo pecado, que leva ao arrependimento. Consiste numa mudança de ati­tude, que nos leva a voltar-nos contra o pecado, e para Deus. Esse tipo de arrependimento leva à salvação. Para Paulo, o arrependimento do pecado e a fé em Cristo são responsabilidades humanas quanto à salvação (ver Mt 3.2).
(2) Em contraste, os que não se arrependem, se entris­tecem repetidamente devido às conseqüências do seu pecado; tal tristeza conduz à morte e à condenação eter­nas (Mt 13.42,50; 25.30: Rm 6.23).


Abaixo encontra-se a transcrição, na íntegra, dos estudos citados acima, apresentados na Bíblia de Estudo Pentecostal.


ESTUDO 1: DUAS CLASSES DE PESSOAS

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem lou­cura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido". (1ª Co 2.14,15)

I. DIVISÃO BÁSICA DA RAÇA HUMANA.
As Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas classes.
(1) O homem/mulher natural (gr. psuchikos, 2.l4), denotando a pessoa irregenerada, i.e., governada por seus próprios instintos naturais (2ª Pe 2.12). Tal pes­soa não tem o Espírito Santo (Rm 8.9), está sob o domínio de Satanás (At 26.18) e é escravo da carne com suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao mundo, está em harmonia com ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do Espírito (2.14). A pessoa natural não consegue compreender a Deus, nem os seus caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou emoções humanas.
(2) O homem/mulher espiritual (gr. pneumatikos, 2.15; 3.1) denota a pessoa regenerada, i.e., que tem o Espírito Santo. Essa pessoa tem mentalidade espiritual, conhece os pensamentos de Deus (2.11-13) e vive pelo Espírito de Deus (Rm 8.4-l7; Gl 5.16-26). Tal pessoa crê em Jesus Cristo, esforça-se para seguir a orientação do Espírito que nela habita e resiste aos desejos sensuais e ao domínio do pecado (Rm 8.13,14).
Como tornar-se um crente espiritual? Aceitando pela fé a salvação em Cristo, a pessoa é rege­nerada; o Espírito Santo lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina (2ª Pe 1.4). Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada (Rm 12.2), torna-se nova criatura (2ª Co 5.17) e obtém a justiça de Deus mediante a fé em Cristo (Fp 3.9).

II. UMA DISTINÇÃO ENTRE OS CRENTES.
Embora o crente nascido de novo receba a nova vida do Espírito, ele tem residente em si a natureza pecaminosa, com suas perversas inclina­ções (Gl 5.16-21). A natureza pecaminosa que no crente existe, não pode ser mudada em boa; precisa ser mortificada e vencida pelo poder e graça do Espírito Santo (Rm 8.13). O crente obtém tal vitória negando-se a si mesmo diariamente (Mt 16.24; Rm 8.13; Tt 2.1 1,12), deixan­do todo impedimento ou pecado (Hb 12.1), e resistindo a todas as inclinações pecaminosas (Rm 13.14; Gl 5.16; 1ª Pe 2.11). Pelo poder do Espírito Santo, o próprio crente guerreia contra a natureza pecaminosa e diariamente a crucifica (Gl 5.16-18,24; Rm 8.13,14) e a mortifica (Cl 3.5). Pela abnegação e submissão à obra santificadora do Espírito Santo em sua vida, o crente em Cristo experimenta a libertação do poder da sua natureza pecaminosa e vive como um crente espiritual (Rm 6.13; Gl 5.16).
Nem todo crente se esforça como devia para vencer plenamente sua natureza pecaminosa. Ao escrever aos coríntios, Paulo mostra (3.1,3) que alguns deles viviam como carnais (gr. sarkikos), i.e., ao invés de resistirem com firmeza às inclinações da sua natureza pecaminosa, entrega­vam-se a algumas delas. Embora não vivessem em contínua desobediência, estavam em par­ceria com o mundo, a carne e o diabo em certas áreas das suas vidas, e mesmo assim queren­do permanecer como povo de Deus (10.21; 2ª Co 6.14-18; 11.3; 13.5).

(1) Afigura do crente carnal.
Embora os crentes de Corinto não vivessem em total carnalidade e rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e iniqüidade, que os separaria do reino de Deus (ver 6.9-11; cf. Gl 5.21; Ef 5.5), estavam vivendo de tal maneira que já não cresciam na graça, e agiam como recém-convertidos, sem divisar o pleno alcance da salvação em Cristo (1ª Co 3.1,2). A carnalidade deles era vista na "inveja e contendas" (3.3). Não se afligiam com a imoralidade dentro da igreja (5.1-13; 6.13-20). Não levavam a sério a Palavra de Deus, nem os ministros do Senhor (4.18,19). Moviam ação judicial, irmãos contra irmãos, por razões triviais (6.6-8). Observe-se que aos crentes coríntios que estavam vivendo em imoralidade sexual ou pecados semelhantes, Paulo os têm como excluídos da salvação em Cristo (5.1,9­-11; 6.9,l0).

(2) Perigos para os cristãos carnais.
Os cristãos carnais de Corinto corriam o perigo de se desviarem da pura e sincera devoção a Cristo (2ª Co 11.3) e de se conformarem cada vez mais com o mundo (cf. 2ª Co 6. 14-18). Caso isso continuasse, seriam castigados e julgados pelo Senhor, e se continuassem a viver segundo o mundo, acabariam sendo excluídos do reino de Deus (6.9,10; 11.31,32). Realmente, alguns deles já estavam mortos espiritualmente, por vi­verem em pecados que levam a isso (ver 1ª Jo 3. 15; 5.17; cf. Rm 8.13; 1ª Co 5.5; 2ª Co 12.21; 13.5).

(3) Advertências aos cristãos carnais.
(a) Se um crente carnal não tomar a resolução de se purificar de tudo quanto desagrada a Deus (Rm 6.14-l6; 1ª Co 6.9,10; 2ª Co 11.3; Gl 6.7-9; Tg 1.12-16), ele corre o risco de abandonar a fé.
(b) Devem tomar como exemplo o fato trágico dos filhos de Israel, que foram destruídos por Deus por causa de seus pecados (10.5-12).
(c) Devem entender que é impossível participar das coisas do Senhor e das coisas de Satanás ao mesmo tempo (Mt 6.24; 1ª Co 10.21).
(d) Devem separar-se completamente do mundo (2ª Co 6.14-18) e se purificar de tudo quanto contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a sua santificação no temor do Senhor (2ª Co 7.1).


ESTUDO 2: O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO

"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo." (1ª Jo 2.15,16)

A palavra "mundo" (gr. kosmos) freqüentemente se refere ao vasto sistema de vida desta era, fomentado por Satanás e existente à parte de Deus. Consiste não somente nos prazeres obvi­amente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus, e de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação. Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Na presente era, Satanás emprega as idéias mundanas de moralidade, das filosofias, psicologia, desejos, governos, cultura, educação, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura etc, para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de retidão (Mt 16.26; 1ª Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1ª Jo 2.15,16; Tg 4.4; Jo 7.7; 15.18,19; 17.14). Por exemplo, Satanás usa a profissão médica, para defender e promover a matança de seres humanos nascituros; a agricultura para produzir drogas des­truidoras da vida, tais como o álcool e os narcóticos; a educação, para promover a filosofia ímpia humanista; e os meios de comunicação em massa, para destruir os padrões divinos de conduta. Os crentes devem estar conscientes de que, por trás de todos os empreendimentos meramente humanos, há um espírito, força ou poder maligno que atua contra Deus e a sua Palavra. Nalguns casos, essa ação maligna é menos intensa; noutros casos, é mais. Finalmen­te, o "mundo" também inclui todos os sistemas religiosos originados pelo homem, bem como todas as organizações e igrejas mundanas, ou mornas.

(1) Satanás é o deus do presente sistema mundano (Jo 12.31; 14.30; 16.11; 2ª Co 4.4; 5.19). Ele o controla juntamente com uma hoste de espíri­tos malignos, seus subordinados (Dn 10.13; Lc 4.5-7; Ef 6.12,13).

(2) Satanás tem o mundo organizado em sistemas políticos, culturais, econômicos e religio­sos que são inatamente hostis a Deus e ao seu povo (Jo 7.7; 15.18,19; 17.14; Tg 4.4; 2.16) e que se recusam a submeter-se à sua verdade, a qual revela a iniqüidade do mundo (10 7.7).

(3) O mundo e a igreja verdadeira são dois grupos distintos de povo. O mundo está sob o domínio de Satanás (Jo 12.31); a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5.23,24; Ap 21.2). Por isso, o crente deve separar-se do mundo.

(4) No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos (Hb 11.13; 1ª Pe 2.11).
(a) Não devem pertencer ao mundo (Jo 15.19), não se conformar com o mundo (Rm 12.2), não amar o mundo (2.15), vencer o mundo (5.4), odiar a iniqüidade do mundo (Hb 1.9), morrer para o mundo (Gl 6.14) e ser libertos do mundo (Cl 1.13; Gl 1.4).
(b) Amar o mundo (cf. 2.15) corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição espiritual. É impossível amar o mun­do e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; Tg 4.4). Amar o mundo significa estar em estreita comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele (Lc 23.35). Note, é claro, que os termos "mundo" e "terra" não são sinônimos; Deus não proíbe o amor à terra criada, i.e., à natureza, às montanhas, às florestas etc.

(5) De acordo com 2.16, três aspectos do mundo pecaminoso são abertamente hostis a Deus:
(a) "A concupiscência da carne", que inclui os desejos impuros e a busca de prazeres pecami­nosos e a gratificação sensual (1ª Co 6.18; Fp 3.19; Tg 1.14).
(b) "A concupiscência dos olhos", que se refere à cobiça ou desejo descontrolado por coisas atraentes aos olhos, mas proibidas por Deus, inclusive o desejo de olhar para o que dá prazer pecaminoso (Êx 20.17; Rm 7.7). Nesta era moderna, isso inclui o desejo de divertir-se contemplando pornografia, violência, impiedade e imoralidade no teatro, na televisão, no cinema, ou em periódicos (Gn 3.6; Is 7.21; 2º Sm 11.2; Mt 5.28).
(c) "A soberba da vida", que significa o espírito de arrogân­cia, orgulho e independência auto-suficiente, que não reconhece Deus como Senhor, nem a sua Palavra como autoridade suprema. Tal pessoa procura exaltar, glorificar e promover a si mesma, julgando não depender de ninguém (Tg 4.16).

(6) O crente não deve ter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do mundo (Mt 9.11a; 2ª Co 6.14) deve reprovar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11), deve ser sal e luz do mundo para eles (Mt 5.13,14), deve amá-los (Jo 3. 16), e deve procurar ganhá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 22,23).

(7) Da parte do mundo, o verdadeiro cristão terá tribulação (Jo 16.33), ódio (Jo 15.19), perse­guição (Mt 5.10-12) e sofrimento em geral (Rm 8.22,23; 1ª Pe 2.19-21). Satanás, usando as atrações do mundo, faz um esforço incessante para destruir a vida de Deus dentro do cristão (2ª Co 11.3; 1ª Pe 5.8).

(8) O sistema deste mundo é temporário e será destruído por Deus (Dn 2.34,35,44; 2ª Ts 1.7-­10; 1ª Co 7.31; 2ª Pe 3.10; Ap 18.2).


ESTUDO 3: O TEMPLO DE SALOMÃO

"Assim, se acabou toda a obra que Salomão fez para a Casa do SENHOR; então, trouxe Salomão as coisas consagradas de Davi, seu pai; a prata, e o ouro, e todos os utensílios, e pô-las entre os tesouros da Casa de Deus". (2° Cr 5.1)

I. HISTÓRIA DO TEMPLO.

(1) O precursor do templo foi o Tabernáculo, a tenda construída pelos israelitas enquanto acampados no deserto, junto ao monte Sinai (Êx 25-27; 30; 36-38; 39.32-40.33). Após entrarem na terra prometida de Canaã, conservaram esse santuário móvel até os tempos do rei Salomão. Durante os primeiros anos do reinado deste, ele contratou milhares de pessoas para trabalharem na construção do templo do Senhor (1ª Rs 5.13-18). No quarto ano, do seu reinado, foram postos os alicerces; sete anos mais tarde, o templo foi terminado (1º Rs 6.37,38). O culto ao Senhor, e, especialmente, os sacrifícios oferecidos a Ele, tinham agora um lugar preciso na cidade de Jerusalém.

(2) Durante a monarquia, o templo passou por vários ciclos de profanação e restauração. Foi saqueado por Sisaque do Egito durante o reinado de Roboão (12.9) e foi restaurado pelo rei Asa (15.8,18). Depois doutro período de idolatria e de declínio espiritual, o rei Josias fez os reparos na Casa do Senhor (24.4-14). Posteriormente, o rei Acaz removeu parte dos orna­mentos do templo, enviou-os ao rei da Assíria como meio de apaziguamento político e cerrou as portas do templo (28.21,24). Seu filho, Ezequias, voltou a abrir, consertar e purificar o templo (29.1-19), mas esse foi profanado de novo pelo seu herdeiro, Manassés (33.1-7). O neto de Manassés, Josias, foi o último rei de Judá que fez reparos no templo (34.1,8-13). A idolatria continuou entre seus sucessores, e finalmente Deus permitiu que o rei Nabucodonosor de Babilônia destruísse totalmente o templo em 586 a.C. (2º Rs 25.13-17; 2º Cr 36.18,19).

(3) Cinqüenta anos mais tarde, o rei Ciro autorizou o regresso dos judeus de Babilônia para a Palestina e a reconstrução do templo (Ed 1.1-4). Zorobabel dirigiu as obras da reconstrução (Ed 3.8), mas sob a oposição dos habitantes daquela região (Ed 4.1-4). Depois de uma pausa de dez ou mais anos, o povo foi autorizado a reiniciar as obras (Ed 4.24-5.2), e em breve o templo foi completado e dedicado (Ed 6.14-18). No início da era do NT, o rei Herodes inves­tiu muito tempo e dinheiro na reconstrução e embelezamento de um segundo templo (Jo 2.20). Foi este o templo que Jesus purificou em duas ocasiões (ver Mt 21.12,13; Jo 2.13-21). Em 70 d.C., no entanto, depois de freqüentes rebeliões dos judeus contra as autoridades romanas, o templo e a cidade de Jerusalém, foram mais uma vez arrasados, ficando em ruínas.

II. O SIGNIFICADO DO TEMPLO PARA OS ISRAELITAS.
Sob muitos aspectos, o templo tinha o mesmo significado para os israelitas que a cidade de Jerusalém.

(1) Simbolizava a presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (cf. Êx 25.8; 29.43-46). Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (7.1,2; cf. Êx 40.34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (6.20,33). Por isso, quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em direção ao templo (6.24,26,29,32), e Deus o ouviria "desde o seu templo" (Sl 18.6).

(2) O templo tam­bém representava a redenção de Deus para com o seu povo. Dois atos importantes tinham lugar ali: os sacrifícios diários pelo pecado, no altar de bronze, (cf. Nm 28.1-8; 2º Cr 4.1) e o Dia da Expiação quando, então, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo a fim de asper­gir sangue no propiciatório sobre a arca para expiar os pecados do povo (cf. Lv 16; 1º Rs 6.19­28; 8.6-9; 1° Cr 28.11). Essas cerimônias do templo relembravam aos israelitas o alto preço da sua redenção e reconciliação com Deus.

(3) Em tempo algum da história do povo de Deus, houve mais de uma morada física ou habitação de Deus. Isso demonstrava que há um só Deus - o Senhor Jeová, o Deus dos israelitas, segundo o concerto.

(4) Todavia, o templo não oferecia nenhuma garantia absoluta da presença de Deus; simbolizava a presença de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse à santa lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os lideres do povo de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se seguros de que nenhum mal lhes sobre­viria enquanto possuíssem o símbolo da presença de Deus entre eles: o templo (Mq 3.9-12); profetizou que Deus os castigaria com a destruição de Jerusalém e do seu templo. Posterior­mente, Jeremias repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante repetição das palavras: "Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este" (Jr 7.2-4,8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo da sua pre­sença - o templo (Jr 7.14,15). Deus até mesmo disse a Jeremias que não adiantava ele orar por Judá, porque Ele não o atenderia (Jr 7.16). A única esperança deles era endireitar os seus caminhos (Jr 7.5-7).

III. O SIGNIFICADO DO TEMPLO PARA A IGREJA CRISTÃ.
A importância do templo no NT deve ser considerada no contexto daquilo que o templo simbolizava no AT.

(1) O próprio Jesus, assim como os profetas do AT, censurou o uso indevido do templo. Seu primeiro grande ato público (Jo 2.13-17) e o seu último (Mt 21.12,13) foram expulsar do templo aqueles que estavam pervertendo o seu verdadeiro propósito espiritual (ver Lc 19.45). Passou a predizer o dia em que o templo seria completamente destruído (Mt 24.1,2; Mc 13.1,2; Lc 21.5,6).

(2) A igreja primitiva em Jerusalém estava Freqüentemente no templo à hora da oração (At 2.46; 3.1; 5.21,42). Assim faziam segundo o costume, sabendo, contudo, que esse não era o único lugar onde os crentes podiam orar (ver At 4.23-31). Estêvão, e posteriormente Paulo, testemunharam que o Deus vivo não poderia ser confinado a um templo feito por mãos hu­manas (At 7.48-50; 17.24).

(3) A ênfase do culto, para os cristãos, transferiu-se do templo para o próprio Jesus Cristo. É Ele, e não o templo, quem agora representa a presença de Deus entre o seu povo. Ele é o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1.14), e nEle habita toda a plenitude de Deus (Cl 2.9). O próprio Jesus declara ser Ele o próprio templo (Jo 2.19-22). Mediante o seu sacrifício na cruz, Ele cumpriu todos os sacrifícios que eram oferecidos no templo (cf. Hb 9.1-10.18). Note também que na sua fala à mulher samaritana, Jesus declarou que a adoração dentro em breve seria realizada, não num prédio específico, mas "em espírito e em verdade", i.e., onde as pessoas verdadeiramente cressem na verdade da Palavra de Deus e recebessem o Espírito de Deus por meio de Cristo (ver Jo 4.23).

(4) Posto que Jesus Cristo personificou em si mesmo o significado do templo, e posto que a igreja é o seu corpo (Rm 12.5; 1ª Co 12.12-27; Ef 1.22,23; Cl 1.18), ela é denominada "o templo de Deus", onde habita Cristo e o seu Espírito (1ª Co 3.16; 2ª Co 6.16; cf. Ef 2.21,22). Mediante o seu Espírito, Cristo habita na sua igreja, e requer que o seu corpo seja santo. Assim como no AT, Deus não tolerava qualquer profanação do seu templo, assim também Ele promete que destruirá quem destruir a sua igreja (ver 1° Cr 3.16,17), para exemplos de corrupção e destruição da igreja por pessoas.

(5) O Espírito Santo não somente habita na igreja, mas também no crente individualmente como seu templo (1ª Co 6.19). Daí, a Bíblia advertir enfaticamente contra qualquer contami­nação do corpo humano por imoralidade ou impureza (ver 1ª Co 6.18,19).

(6) Finalmente, note que não há necessidade de um templo na nova Jerusalém (Ap 21.22). A razão disso é evidente. O templo era apenas um símbolo da presença de Deus entre o seu povo, e não a plena realidade. Portanto, o templo não será necessário quando Deus e o Cordeiro estiverem habitando entre o seu povo: "o seu templo é o Senhor, Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro" (Ap 21.22).


ESTUDO 4: A IDOLATRIA E SEUS MALES

"Não temais; vós tendes cometido todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao SENHOR, mas servi ao SENHOR com todo o vosso coração. E não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada apro­veitam e tampouco vos livrarão, porque vaidades são." (1° Sm 12.20,21)

A idolatria é um pecado que o povo de Deus, através da sua história no AT, cometia repetida­mente. O primeiro caso registrado ocorreu na família de Jacó (Israel). Pouco antes de chegar a Betel, Jacó ordenou a remoção de imagens de deuses estranhos (Gn 35.1-4). O primeiro caso registrado na Bíblia em que Israel, de modo global, envolveu-se com idolatria foi na adoração do bezerro de ouro, enquanto Moisés estava no monte Sinai (Êx 32.1-6). Durante o período dos juízes, o povo de Deus freqüentemente se voltava para os ídolos. Embora não haja evidência de idolatria nos tempos de Saul ou de Davi, o final do reinado de Salomão foi marcado por freqüente idolatria em Israel (1º Rs 11.1-10). Na história do reino dividido, todos os reis do Reino do Norte (Israel) foram idólatras, bem como muitos dos reis do Reino do Sul (Judá). Somente depois do exílio, é que cessou o culto idólatra entre os judeus.

I. O FASCÍNIO DA IDOLATRIA.
Por que a idolatria era tão fascinante aos israelitas? Há vá­rios fatores implícitos.

(1) As nações pagãs que circundavam Israel criam que a adoração a vários deuses era superior à adoração a um único Deus. Noutras palavras: quanto mais deuses, melhor. O povo de Deus sofria influência dessas nações e constantemente as imitava, ao invés de obedecer ao manda­mento de Deus, no sentido de se manter santo e separado delas.

(2) Os deuses pagãos das nações vizinhas de Israel não requeriam o tipo de obediência que o Deus de Israel requeria. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam imoralidade sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas cultuais. Essa prática, sem dúvida, atraía muitos em Israel. Deus, por sua vez, requeria que o seu povo obedecesse aos altos padrões morais da sua lei, sem o que, não haveria comunhão com Ele.

(3) Por causa do elemento demoníaco da idolatria, ela, às vezes, ofere­cia, em bases limitadas, benefícios materiais e físicos temporários. Os deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os deuses do tempo (sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para colheitas abundantes e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e vitória nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; daí, muitos se dispunham a servir aos ídolos.

II. A NATUREZA REAL DA IDOLATRIA.
Não se pode compreender a atração que exercia a idolatria sobre o povo, a menos que compreendamos sua verdadeira natureza.

(1) A Bíblia deixa claro que o ídolo em si, nada é (Jr 2.11; 16.20). O ídolo é meramente um pedaço de madeira ou de pedra, esculpido por mãos humanas, que nenhum poder tem em si mesmo. Samuel chama os ídolos de "vaidades" (12.21), e Paulo declara expressamente: "sa­bemos que o ídolo nada é no mundo" (1ª Co 8.4; cf. 10.19,20). Por essa razão, os salmistas (e.g., Sl 115.4-8; 135.15-18) e os profetas (e.g. 1º Rs 18.27; Is 44.9-20; 46.1-7; Jr 10.3-5) freqüentemente zombavam dos ídolos.

(2) Por trás de toda idolatria, há demônios, que são seres sobrenaturais controlados pelo dia­bo. Tanto Moisés (Dt 32.17) quanto o salmista (Sl 106.36,37) associam os falsos deuses com demônios. Note, também, o que Paulo diz na sua primeira carta aos coríntios a respeito de comer carne sacrificada aos ídolos: "as coisas que os gentios sacrificam, as sacri­ficam aos demônios e não a Deus" (1ª Co 10.20). Noutras palavras, o poder que age por detrás da idolatria é o dos demônios, os quais têm muito poder sobre o mundo e os que são deles. O cristão sabe com certeza que o poder de Jesus Cristo é maior do que o dos demônios. Satanás, como "o deus deste século" (2ª Co 4.4), exerce vasto poder nesta presente era iníqua (1ª Jo 5.19; cf. Lc 13.16; Gl 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14). Ele tem poder para produzir falsos milagres, sinais e maravilhas de mentira (2ª Ts 2.9; Ap 13.2-8,13; 16.13,14; 19.20) e de proporcionar às pessoas benefícios físicos e materiais. Sem dúvida, esse poder contribui, às vezes, para a prosperida­de dos ímpios (cf. Sl 10.2-6; 37.16,35; 49.6; 73.3-12).

(3) A correlação entre a idolatria e os demônios vê-se mais claramente quando percebemos a estreita vinculação entre as práticas religiosas pagãs e o espiritismo, a magia negra, a leitura da sorte, a feitiçaria, a bruxaria, a necromancia e coisas semelhantes (cf. 2º Rs 21.3-6; Is 8.19; Dt 18.9-11; Ap 9.21). Segundo as Escrituras, todas essas práticas ocultistas envolvem submissão e culto aos demônios. Quando, por exemplo, Saul pediu à feiticeira de Endor que fizesse subir Samuel dentre os mortos, o que ela viu ali foi um espírito subindo da terra, representando Samuel (28.8-14), i.e., ela viu um demônio subindo do inferno.

(4) O NT declara que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5). A conexão é óbvia: pois os demônios são capazes de proporcionar benefícios materiais. Uma pessoa insatisfeita com aquilo que tem e que sempre cobiça mais, não hesitará em obedecer aos princípios e vontade desses seres sobrenaturais que conseguem para tais pessoas aquilo que desejam. Embora tais pesso­as talvez não adorem ídolos de madeira e de pedra, entretanto adoram os demônios que estão por trás da cobiça e dos desejos maus; logo, tais pessoas são idólatras. Dessa maneira, a de­claração de Jesus: "Não podeis servir a Deus e a Mamom [as riquezas]" (Mt 6.24), é basica­mente a mesma que a admoestação de Paulo: "Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios" (1ª Co 10.21).

III. A AVERSÃO DE DEUS À IDOLATRIA.
Deus não tolerará nenhuma forma de idolatria.

(1) Ele advertia freqüentemente contra ela no AT.
(a) Nos dez mandamentos, os dois primei­ros mandamentos são contrários diretamente à adoração a qualquer deus que não seja o Se­nhor Deus de Israel (ver Êx 20.3,4).
(b) Esta ordem foi repetida por Deus noutras oca­siões (e.g., Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º Rs 17.35,37,38).
(c) Vinculada à proibição de servir outros deuses, havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar as imagens de nações pagãs na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3).

(2) A história dos israelitas foi, em grande parte, a história da idolatria. Deus muito se irou com o seu povo por não destruir todos os ídolos na Terra Prometida. Ao contrário, passou a adorar os falsos deuses. Daí, Deus castigar os israelitas, permitindo que seus inimigos tives­sem domínio sobre eles.
(a) O livro de Juízes apresenta um ciclo constantemente repetido, em que os israelitas começavam a adorar deuses-ídolos das nações que eles deixaram de con­quistar. Deus permitia que os inimigos os dominassem; o povo clamava ao Senhor; o Senhor atendia o povo e enviava um juiz para libertá-lo.
(b) A idolatria no Reino do Norte continuou sem dificuldade por quase dois séculos. Finalmente, a paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital de Israel e removeu dali as dez tribos (2º Rs 17.6-18).
(c) O Reino do Sul (Judá) teve vários reis que foram tementes a Deus, como Ezequias e Josias, mas por causa dos reis ímpios como Manassés, a idolatria se arraigou na nação de Judá (2º Rs 21.1-11). Como resultado, Deus disse, através dos profetas, que Ele deixaria Jeru­salém ser destruída (2º Rs 21.10-16). A despeito dessas advertências, a idolatria continuou (e.g., Is 48.4,5; Jr 2.4-30; 16.18-21; Ez 8), e, finalmente, Deus cumpriu a sua palavra profé­tica por meio do rei Nabucodonosor de Babilônia, que capturou Jerusalém, incendiou o tem­plo e saqueou a cidade (2º Rs 25).

(3) O NT também adverte todos os crentes contra a idolatria.
(a) A idolatria manifesta-se de várias formas hoje em dia. Aparece abertamente nas falsas religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e ao materialismo, ao invés de confiarem em Deus somente. Finalmente, ela ocorre dentro da igreja, quando seus membros acreditam que, a um só tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo.
(b) Daí, o NT nos admoestar a não sermos cobiçosos, avarentos, nem imorais (Cl 3.5; cf. Mt 6.19-24; Rm 7.7; Hb 13.5,6) e, sim, a fugirmos de todas as formas de idolatria (1ª Co 10.14; 1 Jo 5.21). Deus reforça suas advertências com a declaração de que aqueles que prati­cam qualquer forma de idolatria não herdarão o seu reino (1ª Co 6.9,10; Gl 5.20,21; Ap 22.15).


ESTUDO 5: A REGENERAÇÃO

"Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus." (Jo 3.3)

Em 3.1-8, Jesus trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento, ninguém poderá ver o reino de Deus, i.e., receber a vida eterna e a salvação mediante Jesus Cristo. Apresentamos a seguir, impor­tantes fatos a respeito do novo nascimento.

(1) A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24), efetuadas por Deus e o Espírito Santo (3.6; Tt 3.5). Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio Deus é outorgada ao crente (3.16; 2ª Pe 1.4; 1ª Jo 5.11), e este se torna um filho de Deus (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2ª Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo Deus "em verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).

(2) A regeneração é necessária porque, à parte de Cristo, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a Deus e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1ª Co 2.14).

(3) A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para Deus (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador (1. 12).

(4) A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obedi­ência a Jesus Cristo (2ª Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está Liberto da escravidão do pecado (8.36; Rm 6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a Deus e de seguir a direção do Espírito (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1ª Jo 2.29), ama aos demais crentes (1ª Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1ª Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo (1ª Jo 2.15,16).

(5) Quem é nascido de Deus não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua vida (1ª Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a Deus e de evitar o mal (1ª Jo 2.3-11, 15-17,24-29; 3.6-24; 4.7,8,20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com Cristo (15.4) e a dependência do Espírito Santo (Rm 8.2-14).

(6) Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1ª Jo 3.6,7).

(7) Assim como uma pessoa nasce do Espírito ao receber a vida de Deus, também pode extin­guir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniquidade. As Escrituras afirmam: "se viverdes segundo a carne, morrereis" (Rm 8.13). Ver também Gl 5.19-21, atentando para a expressão "como já antes vos disse" (v. 21).

(8) O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o relacionamento entre Deus e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6). Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o relacionamento de pai para filho, que Deus quer manter conosco, é voluntário e dissolúvel durante nosso período probatório na terra (Rm 8.13). Nosso relacionamento com Deus é condicionado pela nossa fé em Cristo durante nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor sin­ceros (Hb 5.9; 2ª Tm 2.12).


ESTUDO 6: A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE

"Pelo que saí do meio deles, e apartai­-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso". (2 Co 6.17,18)

O conceito de separação do mal é fundamental para o relacionamento entre Deus e o seu povo. Segundo a Bíblia, a separação abrange duas dimensões, sendo uma negativa e outra positiva:
(a) a separação moral e espiritual do pecado e de tudo quanto é contrário a Jesus Cristo, à justiça e à Palavra de Deus;
(b) acercar-se de Deus em estreita e íntima comunhão, mediante a dedicação, a adoração e o serviço a Ele.

(1) No AT, a separação era uma exigência contínua de Deus para o seu povo (Lv 11.44 nota; Dt 7.3; Ed 9.2. O povo de Deus deve ser santo, diferente e separado de todos os outros povos, a fim de pertencer exclusivamente a Deus. Uma principal razão por que Deus castigou o seu povo com o dester­ro na Assíria e Babilônia foi seu obstinado apego à idolatria e ao modo pecaminoso de vida dos povos vizinhos (ver 2º Rs 17.7,8; 24.3; 2º Cr 36.14; Is 2.5,13; Ez 23.2; Os 7.8).

(2) No NT, Deus ordenou a separação entre o crente e:
(a) o sistema mundial corrupto e a transigência ímpia (Jo 17.15,16; 2ª Tm 3.1-5; Tg 1.27; 4.4; ver abaixo, o estudo O RELACIONA­MENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO);
(b) aqueles que na igreja pecam e não se arrependem de seus pecados (Mt 18.15-17; 1ª Co 5.9-11; 2ª Ts 3.6-15); e
(c) os mestres, igrejas ou seitas falsas que aceitam erros teológicos e negam as verdades bíblicas (ver Mt 7.15; Rm 16.17; Gl 1.9; Tt 3.9-11; 2ª Pe 2.17-22; 1ª Jo 4.1; 2ª Jo 10,11; Jd 12,13).

(3) Nossa atitude nessa separação do mal, deve ser de:
(a) ódio ao pecado, à impiedade e à conduta de vida corrupta do mundo (Rm 12.9; Hb 1.9; 1ª Jo 2.15);
(b) oposição à falsa dou­trina (Gl 1.9);
(c) amor genuíno para com aqueles de quem devemos nos separar (Jo 3.16; 1ª Co 5.5; Gl 6.1; cf. Rm 9.1-3; 2ª Co 2.1-8; 11.28,29; Jd 22) e
(d) temor de Deus ao nos aperfeiçoarmos na santificação (7.1).

(4) Nosso propósito na separação do mal, é que nós, como o povo de Deus:
(a) persevere­mos na salvação (1ª Tm 4.16; Ap 2.14-17), na fé (1ª Tm 1.19; 6.10,20,21) e na santidade (Jo 17.14-21; 2ª Co 7.1);
(b) vivamos inteiramente para Deus como nosso Senhor e Pai (Mt 22.37; 2ª Co 6.16-18); e
(c) convençamos o mundo incrédulo da verdade e das bênçãos do evangelho (Jo 17.21; Fp 2.15).

(5) Quando corretamente nos separarmos do mal, o próprio Deus nos recompensará, acer­cando-se de nós com sua proteção, sua bênção e seu cuidado paternal. Ele promete ser tudo o que um bom Pai deve ser. Ele será nosso Conselheiro e Guia; Ele nos amará e de nós cuidará como seus próprios filhos (6.16-18).

(6) O crente que deixa de separar-se da prática do mal, do erro, da impureza, o resultado inevitável será a perda da sua comunhão com Deus (6.16), da sua aceitação pelo Pai (6.17), e de seus direitos de filho (6.18; cf. Rm 8.15,16).


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA

6.14 Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos.
Paulo percebe uma realidade espiritual mais profunda na proibição contra o jugo desigual encon­trado em Dt 22.10.
6.14 Com os incrédulos.
Os falsos apóstolos em Corinto afirmavam-se crentes, mas, na realidade, eram servos de Satanás (11.14-15). Aliar-se a eles seria distorcer toda a vida e o ministério da Igreja. A proibição contra ser posto em jugo desigual com os incrédulos deve ser considerada em situações em que um controle significativo so­bre as próprias ações seria entregue voluntariamente a um incrédulo, mediante uma associação ou sociedade. Nem Paulo e nem o resto do Novo Testamento nos dizem para não termos qualquer associação com os incrédulos (Mc 2.15-17; 1ª Co 5.9-10). Mas somos instruídos a não nos pormos em "jugo desigual" com eles de tal modo que eles possam influenciar significativamente a direção e o resultado de nossas decisões morais e de nossas atividades espirituais.
6.15 o Maligno.
Um dos nomes de Satanás.
6.16 nós somos santuário do Deus vivente.
No AT, o lugar de habitação de Deus com seu povo era o tabernáculo e, mais tarde, tornou-se o templo erigido por Salomão. Quando Cristo veio, ele era, em si mesmo, o verda­deiro templo ou lugar de habitação de Deus (Mt 1.23; Jo 2.21; Cl 2.9). Agora, Deus Espírito Santo veio residir em nós e, por essa razão, somos o novo santuário de Deus (1ª Co 6.19; 1ª Pe 2.5).
6.16 como ele próprio disse.
A promessa veterotestamentária de que Deus habi­taria entre o seu povo (citação paulina de Lv 26.11-12) transformou-se na pro­messa da nova aliança de que Deus viveria naqueles que confiassem em Cristo:
6.17 RETIRAI-VOS DO MEIO DELES...
Esta citação é, principalmente, de Is 52.11 e Ez 20.34, embora a ordem das palavras tenha sido alterada. Estas ordens, por serem distintas, têm tudo a ver com os incrédulos (cf. o v. 14; note que Is 52.11 ordena a Israel que saia da Babi­lônia incrédula). Estes versículos não encorajam a separação dos crentes que de­fendem pontos de vista diferentes quanto a certas questões.
6.18 SEREI VOSSO PAI...
Ver 2° Sm 7.14.27. Paulo combinou várias promessas do Antigo Testamento atinentes à presença e ao favor divinos, mas ele faz o cumprimento dessas pro­messas depender claramente dos crentes separarem-se da impureza moral. De­sistir da contaminação moral e obter a presença do Deus vivo, em lugar da contaminação, é uma escolha sábia e desejável.
7.1 Tendo... tais promessas.
As promessas do Antigo Testamento, citadas em 6.16-18.
7.1 purifiquemo-nos.
Devemos desempenhar um papel ativo e vigoroso na santifi­cação (Fp 2.12-13).
7.1 de toda impureza.
Paulo está pensando em toda espécie de pecados, sem im­portar como eles se expressavam na vida. A higiene física não está em pauta (Mt 7.15; 1ª Pe3.21).
7.8 CARTA.
A "carta severa" de Paulo (que não mais existe) foi escrita para repreender aos crentes de Corinto por causa da conduta deles durante a visita anterior do apóstolo (2.3,4). É provável que o problema fosse o fato de eles, como igreja, não defenderem Paulo contra a pessoa que o atacara. Este versículo mostra claramente que um pastor amoroso algumas vezes deve causar tristeza àqueles de quem ele cuida, se porventura caírem em pecado.
7.10 produz arrependimento.
É voltar-se do pecado, uma decisão sincera de abandonar um pecado (ou pecados) específico e começar a obedecer a Deus. Neste caso, o termo não se refere especificamente ao arrependimento inicial que deve acompanhar a verdadeira fé salvadora (Mc 1.15; At 3.19; 17.30; 26.20), mas ao abandono do pecado na vida cristã.
7.10 para a salvação.
"Salvação", neste caso, não indica a conversão inicial, mas o crescimento e o progresso na vida cristã. O crescimento cristão ordinário inclui tempos de profunda tristeza por causa de algum pecado remanescente.
7.10 a tristeza do mundo.
Lamentação e tristeza de diferentes tipos, mas que não busca o perdão que há em Cristo.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA VIDA NOVA

6.14 - 7.2.
Muitos eruditos modernos acham que este parágrafo está fora de lugar. Seria uma folha da carta perdida mencionada em 1ª Co 5.9? Todas as perguntas dos vv 14-16 exigem uma resposta negativa. Não deve haver nenhuma ligação permanente entre o crente e o mundo controlado pelo diabo que o comprometa na luta contra Deus. Na dinâmica da vida cristã, qualquer ligação com incrédulos que tende a diminuir o amor ou mudar a direção da peregrinação para Deus é um jugo desigual (1ª Jo 2.15; Dt 22.10).
6.15 Maligno.
Gr. Belial. “Sem nenhum valor”. Nome antigo de Satanás.
6.16 Santuário.
O templo cristão equivale ao corpo de Cristo.
7.1 Nota de Homilética.
Harmonia com Deus. 1) Seu incentivo: as promessas (6.16b-18). 2) Sua condição: separação de toda imundícia contaminadora. 3) Seu aumento: maior santidade no crescente reconhecimento da Sua grandeza.
6.8 Contristado com a carta.
Refere-se à chamada “carta severa” (2.3,4). Essa carta está perdida.
6.8 ARREPENDIDO.
Gr. metamelomai. Significa: “ter pesar” (10) ou arrepender-se duma ação na qual saiu-se mal.
6.9,10 Arrependimento
Gr. Metanoia. “Mudar de atitude ou caminho”. É necessário para a conversão (Lc 13.3,5).
6.10 Tristeza segundo Deus.
Trata-se da convicção de ter cometido pecado contra Deus. Quando for seguida de arrependimento e confissão, possibilita a salvação com pleno perdão (Mt 11.28s).
6.10 Tristeza do Mundo.
É o desânimo que provoca desarranjo mental. Decepção profunda que pode resultar no suicídio ou morte em contraste com a salvação (cf. 2.16).


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA DE JERUSALÉM

6. 14- 7.1
Esta seção acautela contra as infiltrações do paganismo, que cindiriam a Igreja e romperiam o lia­me desta com o seu fundador. Esta seção interrom­pe de certo modo o contexto.
6.16 ORA, NÓS É QUE SOMOS...
Variação: "vós é que sois" (cf. Rm 12.1ss; 1ª Cor 3.16ss).



SEÇÃO III

Nessa Seção, apresentamos alguns comentários bíblicos extraídos de Enciclopédias de Comentários Bíblicos e Livros especializados nas áreas de hermenêutica e exegese bíblica.
A leitura do conteúdo aqui apresentado proporcionará ao professor de EBD, a imersão na riqueza dos conhecimentos apresentados por seus autores, quando trata do contexto do texto, ou das especificidades de uma expressão ou palavra.



COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA

6.14 -7.1 Exortação à separação
Esta seção parece um tanto isolada, visto como o assunto pessoal volta a ser tratado em 7.2 e segs., que reatam o pen­samento de 6.13. O tema, aqui, é casamento com incrédulos, tópico que também foi discutido em 1ª Cor 7.10 e segs. O apóstolo exorta vigorosamente os crentes a que não se misturem com incrédulos no sentido de participarem do seu modo de vida. O casamento, naturalmente, é a maneira suprema de se partilhar da vida de outrem; mas o apóstolo parece am­pliar o escopo de sua exortação à medida que vai escrevendo.
6. 15 Belial.
O mesmo que Maligno, isto é, Satanás.
6.16 Vós sóis o templo do Deus vivente.
Esta é uma das grandes frases da Escritura, revelação maravilhosa em poucas palavras tão cheias de sentido. Deus habita nos co­rações e mora na vida dos crentes; Ele nenhuma comunhão tem com Satanás. Por conseguinte, os crentes não podem tolerar a companhia dos incrédulos, na­quelas atividades que os distinguem como tais.
6.17 Retirai-vos.
É citação de Is. 52.11, onde o profeta se dirigiu aos sa­cerdotes. Como os sacerdotes de Israel deviam ser rigorosamente «limpos», assim agora todos os cristãos devem sê-lo, visto como todos são «sacerdotes». O apóstolo amplia o pensamento da passagem de Isaías por meio de uma referência tam­bém a Ez. 37.27.
7.1 Carne e espírito.
O homem inteiro deve manter-se puro.
7.8 Não me arrependo, embora me tenha arrependido.
Transbordou de alegria quando soube, por meio de Tito, que eles haviam recebido a carta num es­pírito de vero arrependimento (ver os verso 4, 6, 9, 13).
7.10 Da qual ninguém se arrepende.
O arrependimento que conduz à salvação não é nunca para se la­mentar.
7.10 A tristeza do mundo produz morte.
Quando os prazeres do mun­do falham, como acontece inevitavelmen­te, o fim é desespero e morte.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA BÍBLIA EXPLICADA

6. 1-10 A abnegação de Paulo no seu ministério.
«Neste trecho vemos trinta maneiras pelas quais podemos recomendar-nos como servos de Deus. Devemos meditar em cada uma – se for possível, de joelhos. Se pregássemos como arcanjo, seria tudo em vão se não tivéssemos a vida divina e não manifestássemos Cristo em nosso caráter e conduta. É essa vida que dá poder e eficácia a tudo que dizemos.» (Scroggie)
6.1 Receber a graça de Deus em vão.
Significa aceitar as verdades do Evangelho de modo que não produzam na alma o efeito que era de se esperar. Devemos pensar em todo o serviço de evangelização como sendo «nós cooperando com Ele».
6.11-18 Um apelo para separação e pureza.
Este trecho termina em 7:l. Os três pensamentos principais aqui são «dilatação», «separação» e «purificação». Podemos examinar-nos para verificar se temos coração acanhado ou dilatado.
A separação ensinada aqui é afastamento do imundo, do incrédulo, das trevas deste mundo. A Escritura não ensina a separação de irmãos em Cristo.
6. 14 e 15.
Estudando com mais atenção esses versículos podemos considerar:
(1) Relações que são proibidas, e por que o são.
(2) Relações que não são proibidas, e por que o não são.
(1) Relações proibidas.
Entendemos que esta escritura proíbe absolutamente o matrimônio do crente com o descrente, porque:
(a) Seria um jugo desigual, tendo um dos dois o desejo de avançar no serviço de Deus, e o outro disposto a recuar.
(b) O matrimônio é uma figura da relação entre Cristo e Sua igreja, da qual o casamento entre crente e incrédulo seria uma caricatura.
(c) O prejuízo para os filhos seria enorme, não havendo acordo entre os pais para os criar «na admoestação do Senhor».
(d) A diferença de compreensão em tudo que é de mais importância resultaria em freqüentes desavenças.
(e) O crente seria embaraçado em evangelizar o descrente, por estar ele mesmo desobedecendo o ensino do N.T.
Esta proibição pode-se referir, não somente ao matrimônio, mas tam­bém à sociedade comercial e a outras associações voluntárias.
(2) Relações não proibidas.
São as de patrão e empregado, vizinho, compatriota e parente. As vantagens do contacto do crente com o descrente na vida social são tão evidentes quanto as desvantagens de um jugo «desigual». Assim:
(a) O servo crente, pelo seu bom procedimento, «adorna a doutrina» (Tit. 2:10), e aprende humildade, sujeição, paciência, longanimidade, tolerância.
(b) O vizinho crente nos seus contactos sociais tem oportunidades para evangelização.
(c) Reprova e limita o mal que há no mundo (1ª Ped. 2:12). Freqüentemente aparece a pergunta se o crente que se casa com descrente deve ser excomungado.
Na maioria dos casos, a resposta será que Não. Um crente que toma esse passo mostra ter muito pouca vida espiritual e muito pouca compreensão da verdade, e excluí-lo do único meio onde ele poderá encontrar auxilio espiritual pode resultar em maior prejuízo do que nunca.
Somente num caso extremo, quando a pessoa alega não querer de modo algum obedecer a Palavra de Deus, pode ser necessário desconfiar da sua crença e tratá-la como descrente.
6.15 Belial.
A palavra «Belial», como nome próprio no N.T., significa Satanás.
6.18 Sereis para mim filhos...
Em Mat. 5:44,45 o ensino é que se faça o bem... para que sejais filhos, e aqui nas vs.17,18 é apartar-se do mal... para que sejais filhos; porque, no sentido bíblico, um «filho» é quem apresenta as feições do pai.
7.1.
«No primeiro versículo o apóstolo fez uma distinção entre purificação e santidade. A primeira é uma operação instantânea; a segunda, progressiva; e seguem sempre nessa ordem. Pode haver purificação sem santidade, mas não pode haver santidade sem purificação» (Scroggie)
7.2-7.
Este trecho permite-nos ver o profundo empenho do apóstolo pelo bem espiritual dos coríntios. Se nós usássemos semelhante linguagem, acaso pare­ceria exagerada?
7.8.
Sobre o v. 8 diz F.W. Grant: «Se o apóstolo os contristou pela carta an­terior, não podia agora lastimá-lo, embora o tivesse lastimado no momento – um caso notável de quão pouco a inspiração do escritor inspirado era sem­pre consciente. Aqui temos uma carta que todos reconhecemos como ins­pirada, e contudo, num momento de fraqueza, ele lastima tê-la escrito. Isto demonstra como as nossas afeições podem, por um pouco, subjugar o nosso raciocínio e até o nosso juízo espiritual!»
7.9-16.
Aqui temos um estudo sobre O Arrependimento, e no v. 9 vemos uma distinção entre o arrependimento e a tristeza.
7.10.
Esse versículo faz uma diferença importante entre «tristeza segundo Deus» e a «tristeza do mundo». Quais os característicos de ambas?
7.11-16.
Vemos pelos últimos versículos do capitulo, como o apóstolo costumava falar bem dos coríntios, que ele tanto censurava na sua primeira carta. A sua plena confiança neles é bem afirmada no v. 16.


COMENTÁRIO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DO COMENTÁRIO BÍBLICO BROADMAN

6.14 Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos.
A recomendação é uma tentativa para colocar em português um verbo composto que tem a idéia de ser jungido com um animal incompatí­vel. Deuteronômio 22:10, em um con­texto que proíbe a semeadura de vinhas com espécies diferentes de semente, e a mistura de roupas de materiais diferen­tes, declara: "Não lavrarás com boi e jumento juntamente." Esta proibição foi, mais tarde, aplicada entre os judeus da Palestina, aos casamentos mistos, mas não somente a eles; foi também aplicada à associação de um mestre com um colega que tivesse pontos de vista diferentes. É provável que Paulo tivesse em mente uma aplicação genérica desta metáfora, ao invés de uma aplicação feita somente ao casamento. Por conseguinte, Moffatt traduz desta forma a sentença em epígrafe: "Afastem-se de todos os laços incongruentes com os incrédulos." A série de perguntas que se segue pode, desta forma, ser considerada como um reforço para a racionalidade, para não dizer da necessidade de se observar esta regra geral.
A ênfase das perguntas do verso 14 e ss. se exerce sobre a incompatibilidade fundamental daquilo que pertence a Deus com o que não se submete ao seu governo.
6.14 Que sociedade tem a justiça com a injustiça?
A palavra sociedade é digna de nota, pois sugere relações pes­soais. Na verdade, a justiça que interessa a Paulo é a que se origina de Deus, em Cristo (5:21), enquanto a injustiça ou iniqüidade procede do homem que está em rebelião contra Deus.
6.14 Que comunhão tem a luz com as trevas?
Tem conotação semelhante. Pois luz flui da palavra cria­dora e redentora de Deus (4:6), enquanto trevas são característica do paganismo, em sua alienação de Deus (cf. Rom. 13:12; Ef. 5:7).
6.15 Que harmonia há entre Cristo e Belial?
Mantém a mesma idéia de incompatibilidade entre os opostos morais e espirituais; pois a obra de Deus, libertando os homens de sua iniqüidade e trevas, para ganhar justiça e luz, tem lugar através de Cristo, enquanto Belial (= o Diabo, considerado como o "indig­no") inspira iniqüidade, lança os homens nas trevas e se opõe a Cristo, no mundo.
6.15 Que parte tem o crente com o incré­dulo?
Pois o primeiro pertence a Cristo, e o último, às trevas, que estão sob a influ­ência do Diabo.
6.16 Que consenso tem o santuário de Deus com ídolos?
É explica­do pelo comentário que se segue imedia­tamente. 
6.16 Pois nós somos santuários do Deus vivo.
A idéia da Igreja como um templo é estabelecida nas cartas de Paulo (1ª Cor. 3:16 e s., referindo-se à congre­gação local; Ef. 2:20 e ss., à igreja uni­versal); e esta figura é também aplicada ao crente (1ª Cor. 6:19 e s.). Nesta pas­sagem, porém, é a congregação local que se tem em mente.
Para qualquer pessoa familiarizada com o Velho Testamento, o Templo era o lugar em que o Senhor revelava a sua glória (1° Reis 8:10; cf. Is. 6:1 e ss.), onde expiação era feita pelos pecados do povo e onde uma comunhão santa e jubilosa era experimentada nas épocas festivas. Não que qualquer judeu comum tivesse permissão para entrar no Templo pro­priamente dito (o v. 16 emprega o termo naos, "santuário", o Templo propria­mente dito, como coisa diferente de hie­ron, termo que abrange toda a área do Templo); mas as barreiras que impediam o povo de Deus de entrar no lugar santíssimo são removidas para o povo da nova aliança (cf.Mar. 15:38; Heb. 9:6 e ss.; 10:19 e ss.).
Nesta nova era, portanto, o Templo significa a comunhão entre um Deus que é todo santo e o seu povo, em contraste com a "comunhão" que os pagãos tinham em seus templos, fre­qüentemente sórdida e imoral, e com que Paulo não hesitava em associar a presen­ça de demônios (1ª Cor. 10:19 e ss.). Mesmo sob a antiga aliança, levar obje­tos e práticas idolátricas para dentro do Templo era considerado como sacrilégio (cf. Ez. 8:3-18, e especialmente a profa­nação do Templo por Antíoco Epifânio, que se tornou para sempre um símbolo do anticristo; veja 1° Macabeus 1:41 e ss.; Dan. 8:10 e ss.; 9:26 e s.; 11:31 e ss.). Até o fim dos tempos não pode haver qualquer transigência entre o templo de Deus e os ídolos.
A promessa de que o Senhor habitará entre o seu povo, como no templo, cita Levítico 26:11 e s. e Ezequiel 37:27. Este último versículo é especialmente perti­nente em relação a este contexto, pois é tirado do clímax da visão de Ezequiel acerca do vale de ossos secos, em que Deus promete levantar o seu povo, de sua morte viva no exílio, para uma vida semelhante à ressurreição, sob o reinado do novo Davi. Nessa época eles "nem se contaminarão mais com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com qualquer uma das suas transgressões ... farei com eles um pacto de paz ... e porei o meu santuário no meio deles para sempre" (Ez. 37:23 e ss.) Na época quan­do essa graciosa promessa for cumprida, a saber, a era da Igreja, é inimaginável que o povo do Senhor se contamine outra vez com "os seus ídolos" e "com as suas abominações".
6.17 Pelo que, sai vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor.
O brado emi­tido pelo profeta do Exílio (Is. 52:11) exigia que o povo de Deus saísse da Babilônia e de suas coisas impuras, e se dirigisse para a terra de seus pais, e assim recebesse a salvação que Deus havia-lhe preparado em seu reino. As outras passagens do Velho Testamento, repetidas por Paulo neste ponto, também se relacionam com a redenção no reino de Deus (2º Sam. 7:8, 14; Is. 43:6; ler. 31:9); elas enfatizam o mesmo pensa­mento básico de abandonar as associa­ções impuras com o paganismo, preferin­do a peregrinação para o reino eterno de Deus.
7.1 Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifi­quemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito.
Semelhantemente, as citações são con­cluídas com um apelo: As promessas de vida com Deus e seu povo, no reino eterno, são tão grandes, que é inimaginável pensar em adiantar-se nelas, continuando a manter ligações que contaminem o homem e lhes roubem a sua herança.
7.1 Aperfeiçoar a santidade no temor de Deus.
O crente é chamado não apenas para livrar-se das coisas que contaminam, mas também tomar provi­dências para que ligações santas tomem o seu lugar, em consonância com o temor de Deus, isto é, com reverência pelo seu nome e pela sua vontade. Somente medi­ante uma ação positiva em favor do bem, e um afastamento negativo do mal, o homem se tornará apto para Deus na carne e no espírito.
7.1 Da carne e do espírito.
O significado desta última frase pode ser menosprezado se considerarmos a tradução das palavras de Paulo na versão inglesa, que diz "corpo e espírito", pois, na verdade, Paulo falou de purificar a contaminação "da carne e do espírito". Os tradutores da RSV possivelmente pre­feriram o termo corpo, a carne, aqui, porque eles sabiam que, nas obras de Paulo, carne geralmente denota a perso­nalidade humana em sua fraqueza de criatura e escravidão ao pecado, em con­traste com espírito, que é o princípio divino recriador da nova ordem e que faz do crente um homem espiritual.
O apelo de Paulo para que sejamos purificados de toda contaminação da carne e do espírito mostra claramente que ele repudiava a doutrina gnóstica de que o homem, como "carne", é incuravelmente maligno; pelo contrário, Paulo dá a entender que o homem pode ser purificado de toda a contaminação da existência neste mun­do, e tornar-se aceitável a Deus através do Espírito.
De fato, é quando a vida, em sua totalidade, carne e espírito, é sujeita à vontade de Deus que a santidade é aperfeiçoada no temor de Deus. Se tiver­mos em mente esta maneira de perceber o que Paulo está a dizer, evitaremos apli­cações não escriturísticas de 6:14-7:1.
Esse final feliz dos acontecimentos não apenas propiciou alegria a Paulo no pre­sente; deu fim à atormentadora incerteza que ele suportava a respeito do acerto em ter enviado aquela severa carta a Corin­to, depois de sua desastrosa visita àquela igreja. Não fazia parte da natureza de Paulo ferir os seus amigos, e nem ele se alegrava em causar tristeza a uma igreja; quanto menos a uma igreja que ele ama­va tanto como a de Corinto. Ele fora chamado para ser ministro da reconci­liação. Devia ter ele escrito em termos tão graves de repreensão, como usara, ao escrever aos coríntios?
7.8 Embora antes me tivesse arrependido.
A certa altura ele vacilou e achou que cometera um erro: Mas o resultado da carta demonstrou que, o arrependimento era desnecessário, pois a tristeza que causara aos coríntios fora por pouco tempo, e a sua tristeza se havia transformado em bem, e não em prejuízo para eles.
7.9 Folgo... porque fostes... contristados para o arrependimento.
Arrependimen­to, na Bíblia, indica não uma tristeza pelos pecados, mas o ato de dar as costas ao pecado, voltando-se para o Deus que perdoa o pecado e dá graça para a justi­ça. É o que geralmente designamos com a palavra "conversão". O fato de homens e mulheres se voltarem para Deus é motivo de alegria da parte daqueles que os chamam, e, nesta passagem, Paulo faz distinção constantemente entre a tris­teza dos coríntios e o seu arrependimen­to. Os homens e mulheres de Corinto certamente haviam experimentado tris­teza por causa da maneira como haviam tratado o seu apóstolo, e haviam reco­nhecido diante de Deus o seu erro a esse respeito.
7.9 tristeza segundo Deus
Isto é, uma tristeza do tipo que Deus desejava que houvesse, uma tristeza possibilitada pela obra da graça, em seus corações.
Naturalmente, a graça de Deus usa instrumentos para a consecução do seu objetivo. A carta de Paulo fazia parte dos meios para se alcançar esse fim desejável, e o ministério de Tito contribuiu para o mesmo fim, mas foi o Espírito Santo que aplicou a palavra às mentes dos coríntios e quebrantou os seus corações, capaci­tando-os a perceber de novo o amor de Cristo no apóstolo, através de quem eles haviam sido conduzidos ao novo nasci­mento. Portanto, eles não sofreram dano em coisa alguma, mas experimentaram um arrependimento para a salvação.
7.10 A tristeza segundo Deus
É muito dife­rente da tristeza do mundo; a primeira leva à salvação; a segunda, à morte. A tristeza segundo Deus, deve-se lembrar, é a tristeza que Deus inspira e deseja. A tristeza do mundo é, semelhantemen­te, uma tristeza causada pelo mundo. Essa tristeza é produzida menos através dos choques sofridos na vida – por exemplo, através de homens de má von­tade, em seu egoísmo, inveja, amargura, frieza, dureza, e até ódio. Muitas são as almas dignas de piedade, que chegaram à conclusão de que esta tristeza do mun­do é demais para ser suportada, e, em sua tristeza, deram fim a vida por suas próprias mãos, ou languesceram em uma vida que não valia a pena ser vivida.
7.10 arrependimento... que não traz pesar
Esta é a antítese da tristeza que vem de Deus; pois inspira e conduz à vida (salvação), porém, diferentemente da tristeza do mundo, que não dura apenas por uma hora, mas por toda a eternidade.



SEÇÃO IV

Essa Seção é reservada as pesquisas em dicionários e enciclopédias, de palavras, termos ou expressões que estejam inseridos de forma direta ou indireta na lição, mais que ao conhecê-las, funcionarão como subsídio teológico.
Conhecer a biografia de uma pessoa ou as particularidades de uma região, cidade, rio, montanha etc, ou até mesmo, ler algo sobre termos aparentemente isolados no texto, como: fogo, anjo, olhos, língua, mão, pé etc, permite ao professor contextualizar melhor esses elementos no desenvolvimento de sua aula, tornando-os, muitas vezes, o tema central do ensino.



TEXTO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA – TEOLOGIA E FILOSOFIA

A CIDADE DE CORINTO
Era outra das importantes cidades gregas, a qual, nos dias de Paulo, havia superado Atenas quanto à importância política e comercial. Agia como ponte terrestre entre o fluxo do comércio marítimo do Oriente com o Ocidente. Já no século VII a.C., adquirira grande poder e prosperidade, e já implanta­ra, então, certo número de colônias. Em 146 a.C. resistiu à intrusão romana, mas foi destruída nesse processo. Durante cerca de um século ficou em ruínas. Júlio César fez de Corinto uma colônia romana e a reconstruiu (46 a.C.). Essa cidade se tornou conhecida por seus cultos pagãos, que consistiam em centenas de lupanares, – que promoviam a concupiscência. Este último pecado, tão generalizado em Corinto, deu origem a expressões como “corintianizar” que tem o sentido de iniciar-se em práticas imorais; também a “donzela coríntia”, que simbolizava essa iniciação; e ainda “enfermidade coríntia”, que indicava os resultados venéreos desses pecados de imoralidade.
Muitos edifícios e monumentos antigos têm sido escavados em Corinto, incluindo o “agorá”, o centro da vida da cidade, além de muitas lojas e edifícios das proximidades, e também o templo de Apolo (datado do século VI a.C.).
A população coríntia era extremamente cosmopoli­ta. Realmente, era a menos grega de todas as cidades da Grécia. Sua vida religiosa refletia a grande mistura de povos e costumes, exibindo aspectos altamente sincretistas. Contava com diversos cultos misteriosos, dentre os quais se destacava o do santuário vizinho, em Eleusis, além da adoração imoral a Afrodite. Este último culto se caracterizava sobretudo pela imoralidade e pela prostituição religiosa. Estrabão revela que havia em Corinto, dedicadas a esse culto, cerca de mil prostitutas religiosas. Ora, isso atraia um avantajado número de peregrinos, vindos do exterior, com o propósito declarado de se dedicarem à adoração religiosa. E assim, viver como um coríntio passou a significar uma vida entregue ao deboche.
É em razão do exposto acima que os trechos de 1ª Tes. 4:3-7 e Rom. 1:18-25, ambos escritos de Corinto, acima de todas as demais escritas pelo apóstolo Paulo excetuando as suas duas epistolas aos Coríntios, atacam a imoralidade pagã, especialmente suas paixões infames. Embora a cidade de Corinto não fosse um centro intelectual como Atenas, Alexandria ou mesmo Tarso, mesmo assim contava com seus filósofos andarilhos em grande abundância, e a própria cidade se ufanava de sua herança intelectual.
“Na estrada que conduzia ao porto de Cencréia, aos turistas se mostrava, com veneração, o túmulo de Diógenes, o famoso cínico, contíguo ao sepulcro da famosa cortesã, Laís, talvez mostrando o gênio daquela cidade!” (G.H.C. Macgregor, Atos 18:1).
Eram os dois portos que serviam a Corinto que lhe emprestavam a sua importância comercial e o seu caráter cosmopolita. Cencréia, um desses portos, ficava cerca de pouco menos de catorze quilômetros de distância, no golfo de Sarona. Laqueum distava apenas dois quilômetros e meio a oeste do golfo de Corinto.
A principal indústria de Corinto era a cerâmica, embora houvesse vários outros produtos importantes que ali eram produzidos. O comércio e os negócios proliferavam, como já dissemos.
A característica topográfica dominante de Corinto era o Acrocorinto, uma rocha íngreme e de cume chato, com os seus 566 m de altura. No alto havia a Acrópole, a qual, nos tempos antigos, havia contido a inter alia, um templo de Afrodite, a deusa do amor, cujas atividades deram origem à imoralidade tradi­cional de Corinto.
Nos tempos passados, antes do século VII a.C., Corinto já era um centro importante de população. Contava com as suas próprias colônias; e à semelhança de outras localidades da Grécia, era uma cidade-estado. Do século IV a.C., até 196 a.C., Corinto foi dominada principalmente pelos macedô­nios; porém, foi nesse ano que a cidade foi libertada, juntamente com o resto da Grécia, por T. Quinctius Flaminius, tendo-se reunido à Liga Acaense. Corinto resistiu aos assédios romanos; mas, em 146 a.C. foi destruída pelas tropas do cônsul L. Mummius, e boa parte de seus habitantes foi vendida como escravos. Foi em 46 a.C. que Júlio César reedificou a cidade e muito se esforçou por restituir-lhe a sua primitiva glória. Augusto tornou Corinto a capital da recém-for­mada província da Acaia, que fora separada da Macedônia, passando a ser governada por um governador proconsular em separado.
Além das descobertas arqueológicas acima descri­tas, que dizem respeito a Corinto, foi encontrada uma inscrição próxima ao teatro, – que menciona o nome de Erasto, que, mui provavelmente, foi o tesoureiro de Corinto, mencionado como um dos convertidos sob os labores de Paulo, em Rom. 16:23. Essa inscrição diz: “Erasto preparou este pavimento de seu próprio bolso, em apreciação por sua nomeação como sedile”. (Um sedile era um oficial que cuidava das estradas, das condições sanitárias, dos jogos públicos e de outros interesses de uma cidade antiga).

TEXTO, EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA, DA ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA – TEOLOGIA E FILOSOFIA

TITO

Este nome vem do latim e tem um significado incerto. Foi um nome comum entre os Romanos.
No grego a forma é, Títos. Seu nome ocorre por 11 vezes nas páginas do Novo Testamento: 2ª Cor. 2:13; 7:6,13,14; 8:6,16,23; 12:18; Gal. 2:1,3; 2ª Tim. 4:10 e Tito 1:4.

Carta Pastoral
Uma das três epistolas pastorais foi endereçada a Tito. Na ocasião, Tito estava trabalhando na ilha de Creta. Essa epistola contém algumas exortações a Tito, embora nenhuma delas reflita mal o seu caráter ou as suas habilidades como líder cristão. É evidente que Tito estava procurando cuidar de uma congregação cristã difícil e um tanto desobediente, em Creta. E o apóstolo Paulo deixou entendido (ver Tito 1:5) que as qualificações pastorais de Tito levaram-no a escolher aquele pastor para a tarefa.
Que havia afetuosas relações entre Paulo e Tito, da mesma maneira que havia entre Paulo e Timóteo, temos a prova na maneira do apóstolo tratá-lo. Tito é descrito por Paulo como “...verdadeiro filho, segundo a fé comum ...” (Tito 1:4). Isso nos faz lembrar de uma descrição semelhante de Timóteo (ver 1ª Tim. 1:2). Em seguida, Tito foi instruído a vir a Nicópolis, na costa ocidental da Grécia (Tito 3:12), a fim de ali passar o inverno, em companhia de Paulo. E, por ocasião da escrita da primeira epistola a Timóteo, Tito havia partido para a Dalmácia, aparentemente de Roma (2ª Tim. 4:10). Essa é mesmo a última referência a Tito, no Novo Testamento.

Pastor Ideal
Quanto a muitos aspectos, Tito aparece no Novo Testamento como um pastor ideal. Paulo deixou transparecer, em outros seus escritos, a devoção genuína e a preocupação pastoral de Tito (2ª Cor. 8:16,17). Sua intensidade de propósitos é mencionada como um desafio aos crentes de Corinto. A alegria cristã e a dedicação de Tito serviam de inspiração para Paulo; em sua reconciliação com os crentes de Corinto, isso fora mesmo um fator preponderante (2ª Cor. 7:13-15). Paulo chegou a consubstanciar sua devoção e amizade aos crentes de Corinto argumentando que ele tinha a mesma atitude mental de Tito (2ª Cor. 12:18). Ora, todas essas alusões espalhadas nas epistolas de Paulo, sobre o caráter de Tito, indicam seu intimo relacionamento com Paulo, e suas excelentes qualidades de pastor.
A epístola de Paulo a Tito, nas páginas do Novo Testamento, entre outras coisas, tem servido de grande inspiração para todos os ministros do evangelho, por toda a longa história da Igreja, de quase; dois mil anos. Embora os informes acerca de Tito, no Novo Testamento, não sejam tão abundantes como gostaríamos que fossem, ainda assim muita coisa pode ser aprendida com base em suas atividades pastorais e com base na epístola que o apóstolo Paulo lhe dirigiu. Essa epístola é mesmo um modelo e um manual do pastor.
2ª Cor. 2: 13: “não tive descanso no meu espírito, porque não achei ali meu irmão Tito; mas, despedindo-me deles, parti para a Macedônia.”
Nesta epístola há nove referências a Tito, a saber. 2ª Cor. 2:13; 7:6,13,14; 8:6,16,23 e 12:18. Na assinatura desta epistola Tito é mencionado, juntamente com Lucas, como o amanuense e portador da mesma. Tito também é mencionado em Gál. 2:1,3; 2ª Tim. 4:10 e Tito 1:4; e, na assinatura dessa última epístola, como bispo de Creta.
Embora Tito fosse um dos companheiros de viagem, em quem Paulo depunha considerável confiança, ele nem é mencionado na narrativa do livro de Atos. W.M. Ramsay, em sua obra “St. Paul the Traveller and Roman Citizen”, 1920, pág. 390, sugere que a razão disso é que Tito seria irmão de Lucas. Talvez por causa de alguma modéstia própria de família é que Tito não teria sido mencionado. Porém, isso representaria uma modéstia exagerada; e a idéia inteira de Ramsay não passa de pura conjectura. A resposta dessa ausência, bem pelo contrário, pode ser encontrada no fato, facilmente observável mediante a comparação entre as epístolas paulinas, em muitos pontos, com a narrativa de Lucas, que mostra que essa narrativa lucana segue apenas um esboço geral, deixando de lado grande riqueza de material informativo, que poderia ter sido incluído, mas que aumentaria o volume do livro. Não obstante, a utilidade do livro de Atos nem por isso deixa de ser grande, ajudando-nos a compreender aqueles primeiros anos de vida da igreja cristã primitiva, embora tal compreensão permaneça neces­sariamente limitada.

Tito
Dentro da ordem cronológica da escrita das epístolas paulinas foi mencionado pela primeira vez no trecho de Gál. 2:1, em conexão com a controvérsia em torno do legalismo. Na qualidade de crente gentio, Tito não fora compelido a se deixar circuncidar; e bem provavelmente atuou como um caso naquela questão (ver Gál. 2:3). Quanto a “controvérsia legalista” na igreja cristã primitiva, ver Atos 10:9. Quanto ao “partido da circuncisão”, que provocou toda a dificuldade, ver Atos 11:2. Quanto à natureza judaica da igreja primitiva, ver Atos 2:46 e 3:1.
Acerca das atividades de Tito, antes de ter chegado a Corinto, não temos a mínima informação. No entanto, em Corinto ele se tornou uma figura importante, evidentemente tendo representado a Paulo ali, no período entre a escrita da primeira e da segunda epístola aos Coríntios. E isso porque fora capaz de acalmar as perturbações que havia na comunidade cristã de Corinto, o que Timóteo não pudera fazer. (Ver 1ª Cor. 16:19; 2ª Cor. 7:15; 8:16 e ss). Evidentemente Tito também superintendeu a coleta em Corinto para os santos pobres de Jerusalém. (Ver 2ª Cor. 8:6).
Mediante a comparação entre os capítulos segundo e sétimo desta segunda epístola aos Coríntios, parece que Tito foi o portador de uma epístola de Paulo aos crentes coríntios, isto é, a chamada “epístola severa” (composta dos capítulos décimo a décimo terceiro de nossa atual segunda epístola aos Coríntios, uma porção separada e enviada antes dos atuais capítulos primeiro a nono desta epístola), a qual muito contribuiu para solucionar os problemas difíceis da igreja dali.
Depois de sua missão em Corinto, Tito tornou a se unir a Paulo na Macedônia, trazendo-lhe boas novas de seu sucesso (ver 2ª Cor. 7:6). E com base na epístola que o apóstolo dos gentios lhe escreveu, pode-se supor que ele acompanhou Paulo até Creta, tendo sido deixado ali a fim de consolidar o trabalho, depois do aprisionamento daquele. Mais tarde, entretanto, Tito foi convocado por Paulo a Nicópolis, quando foi substituído em seu trabalho em Creta por Artemas ou Tíquico (ver Tito 3:12). E mais tarde parece que Tito ainda trabalhou na Dalmácia (ver 2ª Tim. 4:10). A tradição nos diz que Tito se tornou bispo de Creta ao envelhecer. (Ver Eusébio, História Eclesiástica iii.4,6).
Quão humano Paulo se mostra aqui. Poderíamos ter, naturalmente, esperado que o apóstolo dos gentios se lançasse ao trabalho com seu usual fervor evangelístico intensíssimo, tendo-se aproveitado da oportunidade que lhe fora dada pela “porta aberta” (ver o décimo segundo versículo) ao máximo de suas possibilidades. Isso teria sido típico de Paulo. Sem dúvida, ele fez alguma coisa, porquanto é provável que alguns dos crentes mencionados no trecho de Atos 20:7-12 se tenham convertido nessa ocasião. Contudo, a sua preocupação por ver a Tito e ouvir dele como estava a situação em Corinto, para saber se ele obtivera ou não êxito em sua missão coríntia, procurando reconciliar aquela congregação cristã com Paulo e procurando solucionar alguns dos seus problemas mais difíceis, parece ter sido tão profunda que seu espírito ficou conturbado. E assim, quando não pôde encontrar a Tito, ficou quase paralisado. Em vez de permanecer na localidade e tirar proveito da oportunidade, Paulo não demorou a partir para a Macedônia, sem dúvida deixando instruções com os crentes dali, sobre como poderia ser localizado naquela província, quando Tito finalmente chegasse, se viesse a fazê-lo.

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